Polícia fecha fábrica milionária de cigarros ilegais

Montenegro. Estabelecimento clandestino na localidade de Calafate movimentava pelo menos R$ 1,3 milhão por mês

A Polícia Civil, com o apoio da Brigada Militar, encontrou e fechou na localidade de Calafate, interior de Montenegro, uma fábrica clandestina de cigarros. Todo o material apreendido, entre eles cerca de 10 toneladas do produto e maquinário utilizado, é avaliado em mais de R$ 50 milhões. Além disso, a quadrilha movimentava entre R$ 1,3 e R$ 1,5 milhão por mês.

Também foram localizados matéria-prima e inúmeros selos e documentos de origem paraguaia – os quais seriam utilizados na tentativa de fazer com que o cigarro fabricado ali se passasse por um de marca original. Havia até uma empilhadeira e um galpão lotado de embalagens de papelão para armazenar os maços.

Falsificação, sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e organização criminosa estão entre os crimes apurados. Os líderes do grupo seriam gaúchos, que utilizavam mão de obra paraguaia, mantidos em regime análogo à escravidão. Inclusive, para não saberem onde funcionava o estabelecimento e nem conseguirem fugir, eram levados até lá usando capuzes.

empilhadeira está entre o material apreendido no local dos crimes

Segundo as investigações, a fábrica pode estar em funcionamento desde 2013, pois um caderno com anotações que remontam à data foi encontrado pelos agentes. O mesmo também contém o planejamento de negócios para todo o ano que vem. De acordo com os documentos, o trabalho era realizado também durante a noite.

“Alguma Pessoa Física ali recebia R$ 80 mil por mês”, comenta o titular da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro, delegado Paulo Ricardo Costa. Provavelmente, este indivíduo era o responsável por administrar toda a logística.

Durante a operação foram detidos dois dos estrangeiros, que foram apresentados na Polícia Federal por estarem ilegalmente no Brasil. Também um brasileiro foi detido. “Estamos ouvindo os envolvidos para identificar e, talvez, tem alguns dados que colhemos na casa que vão apontar a identificação desses trabalhadores que estavam aqui”, explica.

A casa em questão é uma residência de luxo localizada poucos metros da fábrica clandestina, com uma grande piscina, duas lareiras e ampla área para a realização de churrasco. No terreno, também há um galpão e o alojamento onde ficavam os trabalhadores, mantidos em condições precárias. A propriedade toda contava, ainda, com sistema de videomonitoramento.

Um galpão estava lotado de embalagens de papelão

“Creio que a Polícia tenha dado um duro golpe no esquema de comercialização ilegal de cigarros”, destaca o delegado. Costa entende que essa pode ser a maior apreensão efetuada no Estado. “Outro ponto que anoto como importante é o apoio da Brigada Militar”, afirma.

Na manhã de quinta-feira, dia 20, integrantes da Receita Federal chegaram ao local para recolher todo o material apreendido. Como a quantidade era muita, foram usados três caminhões, além de uma carreta que levou o maquinário. Os cigarros serão destruídos. Além do apoio da Brigada, o Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil foi acionado para ajudar a cuidar da segurança do local.

Agentes estavam atrás de trator furtado
A equipe da Polícia Civil descobriu a fábrica clandestina por acaso. Eles tinham ido ao local para cumprir um mandado de busca e apreensão de um trator com equipamentos agrícolas, alvo de um golpe de estelionato avaliado em R$ 170 mil. Quando se aproximaram da propriedade, os cinco policiais civis, com apoio de dois brigadianos, estranharam a movimentação suspeita na propriedade e realizaram a abordagem.

Neste momento, havia 12 pessoas ali, mas nove trabalhadores conseguiram escapar por uma mata fechada. O brasileiro foi preso pela receptação de arma, do trator e pelo envolvimento na fábrica. Os dois paraguaios foram apresentado na Delegacia de Polícia.

Produção de cigarros também ocorria durante a noite

O trator havia sido comprado em uma empresa de Montenegro, mas os pagamentos não foram realizados. A quadrilha é suspeita de aplicar esse golpe de estelionato diversas vezes, inclusive, na Expointer.

Cigarros contrabandeados geram prejuízos
De acordo com levantamento do Ibope, cerca de 53% de todos os cigarros que circulam no Rio Grande do Sul são contrabandeados, vindos do Paraguai. Esse volume equivale a cerca de R$ 359 milhões que os cofres públicos do Estado deixaram de arrecadar em ICMS – valor que deveria ser dividido com os municípios e revertido em melhorias e serviços à população.

Em Montenegro, pelo menos três casos envolvendo contrabando em grande escala foram registrados recentemente. Em março, R$ 150 mil em cigarros foram apreendidos pela Polícia Civil em um depósito clandestino que funcionava na localidade de Alfama.

Local contava com máquinas industriais modernas e continha cerca de 10 toneladas de cigarros ilegais fabricados

Em menor escala, uma ação da Brigada Militar em junho também foi destaque quando, no bairro Estação, um Fiat foi abordado e, dentro dele, 2.480 maços de cigarros do Paraguai foram localizados. O condutor, de 64 anos de idade, já tinha várias passagens pela polícia por crimes do tipo. O material foi todo apreendido. Em agosto, mais um Fiat Uno carregado do item ilegal foi localizado pela Brigada. Eram 770 maços. Não houve confirmação de ter sido o mesmo veículo.

Últimas Notícias

Destaques