Esposo e seu amante planejaram e executaram a morte da pastora

Passional. A Polícia Civil aponta homicídio premeditado e por motivos torpes

A Polícia Civil de Montenegro acredita já ter elucidado o caso da morte da pastora Marta Kunzler. Em coletiva de imprensa, realizada na manhã de ontem, no auditório da DPPA Vale do Caí, o delegado da 1ª DP, Eduardo Azeredo, afirmou ter elementos suficientes para pedir a prisão preventiva do marido da religiosa, Adair Bento da Silva, e do suposto amante do homem, pai de uma menina que a pastora pretendia adotar. Ainda serão acusados dois amigos da dupla como co-autores.

Os nomes dos envolvidos não serão divulgados enquanto a preventiva não for efetivada. Adair, que já havia sido identificado em outras reportagens, teve seu nome confirmado pelo próprio advogado de defesa, Isaac Matos da Silva. A pastora era casada com o autor do homicídio há 18 anos, porém havia histórico de violência física e verbal do esposo. O delegado revelou que há testemunhas que confirmam as brigas e até mesmo uma tentativa de estrangulamento.

Pois foi justamente essa a causa da morte: estrangulamento com emprego de uma gravata masculina (deixada no corpo, mas cujo dono ainda não foi identificado). “A ponto do globo ocular ser projetado para fora da cabeça”, ilustrou o delegado. Também houve golpes de faca no pescoço. Após a morte, Adair chamou a Brigada e tentou simular um assalto para encobrir o assassinato. Todavia, os relatos do esposo eram pouco plausíveis.

Seria inusitado alguém entrar desarmado para roubar, trancar isolado em um quarto apenas um refém (o marido) e depois, ainda que houve reação da pastora, matar com requintes de ódio. “Foi crime passional. Eles tiraram um blusão do marido sujo de sangue e a faca de dentro de casa. Mas deixaram no carro dela, que encontramos abandonado em uma estrada”, recorda Azeredo. Há indícios ainda de que o pai da criança e o marido da pastora eram amantes, segundo a investigação.

O pai da menina de dois anos teria confessado o crime e apontou o amante como autor intelectual e também executor do homicídio. Mas Adair segue negando. Imagens de câmeras de segurança mostram que, por volta das 20h45min do dia 14 de junho, os dois comparsas dos amantes passam na rua e depois ficam parados em frente à casa. A vítima é vista passando às 22h21min em direção à residência. Apenas 20 minutos depois, os homens aparecem novamente, desta vez no carro da mulher.

O amante do marido disse que ficou escondido na garagem. Para abafar os gritos da pastora, o esposo teria se encarregado de ligar o aparelho de som com um rock tocando em alto volume. E ele mesmo teria estrangulado a mulher. “O marido dela teria feito também trabalhos em religiões de matrizes africanas, contra a saúde da vítima. O objetivo do crime seria subtrair os bens da vítima que era a única mantenedora da casa”, afirma Azeredo.

Com a esposa morta, Adair poderia viver com seu amante, adotar a filha dele, ganharia uma pensão da falecida e ficaria com a casa e o carro. “E como ele não tinha renda alguma, é um desocupado, ficaria com o patrimônio dela”. Os dois acusados e um comparsa já estão presos temporariamente. Um quarto indivíduo está foragido. Agora a Polícia vai encaminhar o pedido de prisão preventiva dos quatro.

Advogado Isaac conseguiu Habeas alegando ilegalidade na prisão

Suspeito foi solto ontem
No final da tarde de ontem, a Justiça concedeu o alvará de soltura a Adair Bento da Silva, que estava na Penitenciária Modulada de Pesqueiro. Na quarta-feira, os desembargadores da 5ª Câmara do Tribunal de Justiça decidiram por maioria pelo Habeas Corpus, segundo o advogado Issac Matos da Silva. “A prisão temporária foi considerada ilegal por falta de pressupostos legais”, aponta. O advogado ainda afirma que ocorreu uma oitiva com Adair sem a presença do defensor. De acordo com a lei 13.245/2016, a situação pode gerar a nulidade do interrogatório. “Meu cliente ainda se queixou de agressões verbais e físicas no dia da oitiva e fiz um termo explicando esse caso para o Ministério Público, que fiscaliza as ações da Polícia”, afirma Isaac.

A soltura de Adair não impede o andamento do caso. Se a Justiça decretar a prisão preventiva, ele pode voltar para a cadeia, e deverá haver novo pedido de Habeas Corpus, explica Isaac.

Pastora Marta morreu no dia de seu aniversário, emboscada em casa, foi estrangulada com gravata

Entenda o caso
Na noite de 14 de junho de 2017, a pastora Marta chegou em casa de carro, por volta das 22h, após comemorar o aniversário com amigos. Cerca de 30 minutos depois, o marido saiu às ruas do bairro São Paulo pedindo por socorro, dizendo que bandidos teriam invadido a casa e esfaqueado a esposa, além de roubar o carro da pastora. Para a Brigada, o marido da vítima disse que foi colocado em um quarto com a menina de dois anos de idade que eles pretendiam adotar. “Suspeitamos dessa versão porque normalmente criminosos não deixam as vítimas sozinhas, elas podem usar o celular para pedir socorro”, aponta o chefe de Investigação, Alisson Castilhos.

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