Professor não descarta hipótese. Rochas da região têm potencial para abrigar registros de mais de 65 milhões de anos
Antes de existir um Montenegro e antes até de existir o homem, o mundo era habitado por dinossauros. Há mais de 65 milhões de anos, os répteis dominavam a terra e já existem diversos registros de muitos que viviam no que hoje é o Rio Grande do Sul. Fósseis de “dinossauros gaúchos” já foram encontrados em “rochas triássicas” nos municípios de Candelária, Agudo, Faxinal do Soturno, Rosário do Sul e Santa Maria. Mesmo longe de Montenegro, não é descartada a possibilidade de haver alguns por aqui.
Professor e pesquisador do Departamento de Paleontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cesar Leandro Schultz explica que, apesar de difícil, é possível o aparecimento de fósseis em Montenegro e região. “Para isso, porém, é necessário que existam bons afloramentos de rochas – no nosso caso, a vegetação é uma ‘inimiga’ que cobre tudo – e que alguém examine e dê a sorte de encontrar alguma coisa”, coloca.
A possibilidade, a exemplo do que ocorreu nos municípios citados, estaria nas “rochas do período triássico” – período geológico da Era Mesozoica, onde viveram os dinossauros – que, de acordo com o mapa geológico da região, existem na localidade de Vendinha e arredores.
Além delas, há registro de rochas da formação “botacatu” – de onde saem as lajes de cor rosa que são utilizadas em calçadas – que existem aqui e que, no Estado de São Paulo, já mostraram ter preservado pegadas de algumas espécies de dinossauros.
Apesar da chance, não há, no momento, nenhuma iniciativa de busca ou pesquisa, neste sentido, na região. O último fóssil encontrado no RS foi apresentado no dia 9 de maio, em um trabalho de pesquisa da Ufrgs, em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A descoberta – um réptil que viveu há 237 milhões de anos – ocorreu em Vale do Rio Pardo, com participação do professor Cesar Leandro Schultz.
Conheça alguns dos dinossauros descobertos no Rio Grande do Sul:
Staurikosaurus Pricei – foi a primeira espécie encontrada no Brasil. O fóssil foi localizado em Santa Maria, no ano de 1936. O dinossauro era um carnívoro que viveu há 225 milhões de anos. Ele tinha cerca de 2m25 de comprimento. Seu nome “Staurikosaurus” significa “lagarto do Cruzeiro do Sul”. O “Pricei” é uma homenagem ao seu descobridor, o paleontólogo Llewellyn Ivor Pricei.
Pampadromeus Barberenai – encontrado em Agudo, no ano de 2004, ele era um onívoro (que comia matéria animal e vegetal) de 1m20 de comprimento, que viveu há 230 milhões de anos. O nome dado “Pampadromeus” significa “corredor dos Pampas”. O “Barberenai” homenageia o paleontólogo que o descobriu, Mário Barberena.
Saturnalia Tupiniquim – dinossauro que viveu há 225 milhões de anos, ele era onívoro e tinha 2 m de comprimento. O réptil foi nomeado em uma composição da palavra “Saturnalia”, que, em latim, equivale a Carnaval; e “Tupiniquim”, um dos principais grupos indígenas do Brasil. Ele foi descoberto em Santo Maria, em 1998.
Guaibasaurus Candelariensis – o primeiro nome significa “lagarto do Guaíba”. O segundo é uma referência ao município de Candelária, local onde ele foi descoberto no ano de 1990. O dinossauro viveu há 225 milhões de anos, era carnívoro e tinha 1m80 de comprimento.
Unaysaurus Tolentinoi – descoberto em São Martinho da Serra no ano de 1998, o dinossauro recebeu o nome de Unaysaurus , que quer dizer “lagarto da água negra”, e “Tolentinoi”, em homenagem à um senhor, aposentado, que o avistou pela primeiro vez: Tolentino Flores Marafiga . Ele era herbívoro, viveu há 225 milhões de anos e tinha 2m50 de comprimento.