Poços inacabados estão fazendo falta nesta estiagem

Água. Três comunidades veem os projetos parados há um ano enquanto falta água

Durante uma das mais rigorosas estiagens dos últimos sete anos no Rio Grande do Sul, seria um alívio para as comunidades de Faxinal, Bom Jardim e Muda Boi se os novos poços artesianos tivessem sido concluídos dentro do prazo. Já faz mais de um ano que iniciou a ampliação das redes de abastecimentos através de extração de água do solo. Todavia, desde a reportagem a respeito, publicada pelo Ibiá em 28 de março de 2019, praticamente nada avançou.

As obras de perfuração e os testes de potabilidade (pureza) e de vazão já realizados fazem parte de uma parceria entre Corsan e Prefeitura, que retomou projetos abandonados, ao menos, desde 2010. A situação mais crítica é dos moradores do Faxinal, mais exatamente cerca de 100 famílias das vilas João XXIII e Morro do Barreto que dependem de captação particular em poços cavados ou artesianos. “Ainda há pessoas sem água e o caminhão-tanque da Prefeitura está estragado”, comentou o vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Faxinal, Everton Cesar Baum, o “Alemão”.

Ele tem socorrido os vizinhos, abastecendo suas casas com uso de uma caixa de 1.000 litros que coloca na caçamba de sua camionete. Em reunião, os moradores viram diante de si duas opções: tentar furar outro poço ou tentar perfurar mais aquele iniciado em 2017. Todavia, ambas significam um retorno à estaca zero após 10 anos de luta por uma rede d’água; além de esta nova jornada ser sem previsão de término.

Uma terceira via é a Corsan assumir o abastecimento, mas isso dependeria do Município construir a rede de canos. “É um problema sério de saúde pública”, declarou Alemão. Ele revela que três casas não têm nenhuma forma de abastecimento, enquanto outras dezenas têm poços sem condições de consumo; seja devido à qualidade do líquido, seja pela incapacidade de puxar devido ao nível baixo em decorrência da seca.

O governo municipal informou que o poço da localidade de Faxinal, no topo do Morro dos Barreto, não apresentou vazão suficiente. Agora, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR) e Corsan estudam um projeto para instalação de rede da autarquia na localidade.

Redes existentes são fracas

Ao menos as comunidades de Muda Boi e de Bom Jardim têm rede comunitária d’água a partir de poços. Em relação a estas obras, o Município recebeu os laudos de vazão e de pureza. Estes foram encaminhados para a Corsan definir o tipo certo de bomba necessário em cada poço. As secretarias de Agricultura e de Obras Públicas (Smop) também iniciaram estudo de projeto dos pilares de sustentação para que cada ponto de captação receba caixas de 20 mil litros.

Lideranças das comunidades apontam que o projeto previa perfuração, instalação de moto-bomba em casamata adequada e instalação da rede de canos. Logo, consideram que a promessa não foi cumprida, ainda que o diálogo com o Município esteja aberto. Para o Muda Boi está previsto mais 600 metros de canos. Segundo o presidente da associação de moradores, João Paulo Orth, a combinação entre estiagem e rede insuficiente tem deixado famílias sem água em parte do dia.

Teste de vazão e pureza
O teste de vazão verifica quantos litros de água podem ser extraídos por hora e por quanto tempo ao dia, pois ela deve ser moderada para não comprometer as vertentes. Ou seja, o nível não pode ficar abaixo do olho da vertente, sob risco de contaminar e obstruir a vazão. Já o exame de pureza verifica se aquela água está dentro dos padrões, conforme normas legais vigentes.

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