Poupança. Tanac é responsável pelo sucesso deste cultivo que pode ser manuseado em paralelo com outras culturas
Agricultores que reservam um lote de terra para plantar Acácia Negra paralelo a sua produção base costumam chamá-la de “poupança”. Uma alternativa econômica que melhora significativamente, diante do crescimento que se observa no Rio Grande do Sul, em consonância com uma valorização comercial. O número final será conhecido em janeiro, mas a expectativa do setor é fechar 2019 com aumento aproximado de 50% na área de plantio anual (mudas colocadas no solo no período), em relação a 2018, que ficou próximo aos 10.000 hectares (ha) plantados. Assim, 2019 fecharia com 15.000 ha plantados.
Destes, 10.000 mil pertencem ou são fomentados pela empresa montenegrina Tanac S.A., maior plantadora individual de Acácia Negra e maior produtora de extratos vegetais do mundo. E com esta liderança, é uma das responsáveis pelo crescimento da Acacicultura gaúcha, especialmente através do Programa de Fomento Florestal Tanac. A empresa planta e colhe florestas próprias em suas áreas, abastecendo em torno de 50% da sua necessidade de matéria-prima. O restante provém do fomento/compra do minifúndio, que varia um pouco a cada ano, conforme oferta de mercado.
O gerente de Compra de Matéria-Prima, Decionir Oliveira da Luz, define a ferramenta como um incentivo que visa ampliar – e assim garantir – a produção de madeira e casca fornecida à empresa. O principal benefício ao produtor é a doação das mudas e adubos. “Isso representa economia de até metade do seu custo”, garante Decionir. Mas o programa fornece ainda, assistência técnica e tecnologia florestal de alta qualidade ao longo do ciclo de cultivo, que pode chegar aos sete anos.
O contrato garante preferência de compra por parte da Tanac para toda a produção do Acacicultor parceiro, que pode ainda vendê-la por intermédio de um dos tradicionais fornecedores da empresa. Caso, por preço de mercado, opte em vender à outra empresa, terá a obrigação legal de ressarcir apenas o valor das mudas e adubos – ou outros – fomentados pela Tanac, já convertido em volume de madeira expresso no contrato pelo preço do dia contratado, e sem juros.
Números da Acacicultura RS
2018 encerrou com um total aproximadamente de 70.000 hectares com cultivo de Acácia Negra no Rio Grande do Sul ao longo dos anos. Este total representa a ocupação do ciclo de cultivo, com florestas com idades diversas, entre um e sete anos – idade ideal para corte – ou até 10 anos ou mais, podendo ser colhida a partir do 5º ano.
Garantias diante do mercado
As altas e baixas do mercado são a variável mais preocupante ao setor, e a Tanac trabalha de forma cooperativa para evitar uma queda na oferta de casca e de madeira para sua produção, especialmente pela influência do fator preço. A boa notícia é que em menos de dois anos os preços aumentaram em 30% para casca (pago por tonelada) e 50% para madeira de Acácia Negra (pago por metro).
“Tudo depende do mercado externo. Somos reféns do mercado”, comentou o gerente de Compra de Matéria-Prima, acrescentando que a melhora no cenário pediu aumento no plantio. Pelo programa de Fomento, a Tanac cria relações com olhar para a sustentabilidade do meio ambiente e da família rural; além de exigir rigoroso cumprimento de leis trabalhistas e de conservação do solo e da mata.
Um bom exemplo é a relação com agricultores de Brochier, dos quais a empresa compra somente a casca da Acácia, deixando a madeira para produção de carvão vegetal, outro carro chefe daquela economia. Neste município existe ainda parceria com a Prefeitura, estratégia que se repete em outros municípios do Estado.
Na busca pela excelência de seus produtos, a Tanac desenvolve ainda o Programa Qualificar, voltado aos viveiristas. Sempre em março acontece o Encontro de Viveiristas, que tem intuito de atualizar e qualificar aqueles mesmos processos de formação e melhoria na produção das mudas que são fomentadas e plantadas pela Tanac. Tudo segue padrões de exigência internacionais, com selos de certificação de qualidade, ambiental e florestal (ISO, FSC®) entre outros.
Inclusive, seis produtores associados também, tendo a Tanac como Mantenedora, já puderam ser recomendados à Certificação Florestal por este organismo internacional, sendo pioneiros no Estado nesse sistema SLIMF (Manejo Florestal em Pequena Escala e Baixa Intensidade). Entre outros pontos, ele busca confirmar que a origem da madeira é de replantio, e não de corte de mata nativa. Em janeiro inicia cadastro de novos agricultores.
Montenegrino criou empresa especializada no plantioContra números não há argumentos, e a Acacicultura gaúcha se justifica através das mais de 30 mil famílias envolvidas em uma cadeia produtiva verificada em mais de 200 municípios. Através do Programa de Fomento Florestal, a Tanac, em 2019, fomentou mais de 130 produtores diretos e centenas de outros indiretos, que somam 4.000 hectares plantados. Dentro deste universo de empreendedores está Armando Rambor da Silva, 55 anos, herdeiro de uma linhagem de acacicultores.
Seu avô foi o primeiro a trabalhar com a árvore na propriedade localizada entre Montenegro e Triunfo, região das comunidades de Vendinha e Lajeadinho. O destino da madeira era a produção de lenha e carvão; mas a casca já era inteiramente vendida à Tanac, que foi fundada em 1948. “Mas naquela época se plantava pouco. Depois meu pai que começou a plantar mais”, recorda.
Hoje, a família de Armando vive apenas da Acácia Negra, plantando e colhendo na Vendinha, em área com cerca de 12 hectares, uma produção aproximada de 2.000 metros de madeira branca e 250 toneladas de casca; assim como cultivando em parceria com outros proprietários rurais. Ao lado do filho Wagner, 33 anos, abriu uma empresa rural especializada na colheita, retirada da casca, transporte, compra do ‘mato em pé’ e venda dos produtos, na qual gera nove empregos. Já através da parceria com outros donos de terras, soma 200 hectares plantados.
Acácia permite cultivo consorciado com alimentos
Rambor observa que o trabalho maior é entre o primeiro e segundo ano. “Depois, é só cuidar das formigas e do cascudo; e esperar a hora de colher”, resume. O sistema é prático, sendo que cada lote tem uma data de plantio, de forma que sempre há um pronto para o corte.
E neste momento a Acácia mostra outra vantagem, pois permite a cultura consorciada com alimentos. Rambor recorda especialmente da melancia, muito forte no Vale, que cresce entre os corredores de mudas da árvore. A partir de dois anos, quando os pés estão mais fortes, o espaço é passível de ser ocupado por gado de corte (Agrosilvopastoril).
Ele é um dos parceiros fomentados pela Tanac, sendo que definiu o sistema de apoio como alicerce que amplia a vantagem de trabalhar com lenha. “Ajuda, por que na hora de plantar tu não precisa desembolsar aquele dinheiro”, explicou, ao referir que o fomento representa até 40% de seu custo inicial. Ele destacou ainda a tranquilidade que a parceria traz, pois o contrato dá certeza de compra para a casca e de toda madeira.
Sucesso da Tanac
Na região de Montenegro e Triunfo, a Tanac estima hoje aproximadamente 10.000 hectares plantados com Acácia Negra, com florestas de idades variadas. Se considerar a região da Serra e arredores (Brochier, Salvador do Sul, Poço das Antas, Feliz, Dois Irmãos, Sapiranga, Gramado e outros) esse total se aproxima dos 20.000 ha. As regiões de maiores plantios de acácia e para a Tanac são na metade sul: Butiá, São Jerônimo, Camaquã, Canguçu, Candiota, Jaguarão, Amaral Ferrador, Arroio Grande, Pinheiro Machado, Dom Feliciano, Bagé, destacando-se Encruzilhada do Sul e Piratini.
Força da região
Na região de Montenegro e Triunfo, a Tanac estima hoje aproximadamente 10.000 hectares cultivados com Acácia Negra, com florestas de idades variadas. Se considerar a região da Serra e arredores (Brochier, Salvador do Sul, Poço das Antas, Feliz, Dois Irmãos, Sapiranga, Gramado e outros) esse total se aproxima dos 20.000 há. As regiões de maiores plantios de acácia e para a Tanac são na metade sul: Butiá, São Jerônimo, Camaquã, Canguçu, Candiota, Jaguarão, Amaral Ferrador, Arroio Grande, Pinheiro Machado, Dom Feliciano, Bagé, destacando-se Encruzilhada do Sul e Piratini.