Plano de Mobilidade Urbana pode reorganizar o trânsito e evitar mais acidentes

Vereadores cobram ações e Prefeitura informa que estudo está em processo de revisão

O número de acidentes aumentou consideravelmente em Montenegro. Diariamente são registradas colisões que, além dos danos materiais, têm deixado vítimas com lesões e até provocado óbitos.

Os acidentes mais graves, que antes só ocorriam nas rodovias, agora também acontecem nas ruas do perímetro urbano. Prova disso foi o que ocorreu na Avenida Júlio Renner (Via II) em 1º de abril, um sábado à noite, quando no cruzamento com as ruas Amauri Daudt Lampert (rua do Fórum) e Barcelona, aconteceu uma colisão entre automóveis Citroen Aircross e Volkswagen Polo, que resultou na morte de um casal de idosos, além de duas pessoas feridas. Ainda em abril, no dia 22 um jovem de 20 anos morreu na colisão de sua moto contra um poste, na Rua Coronel Álvaro de Moraes, da beira do rio.

De acordo com a Brigada Militar, o número de acidentes fatais aumentou 600% na região no primeiro quadrimestre deste ano, comparando com o mesmo período de janeiro a abril do ano passado. E a grande maioria foi em Montenegro. Em abril do ano passado ocorreu apenas um óbito no trânsito da cidade. Neste ano foram três. Também chama à atenção que dos doze acidentes fatais de 2023 no Vale do Caí, em oito, as vítimas estavam em motocicletas.

A elevação da frota de veículos é apontada como uma das causas do crescimento dos acidentes. São mais de 50 mil veículos cadastrados no município, além dos motoristas de fora que buscam o comércio e serviços de Montenegro. Além da falta de estrutura para receber tantos veículos, a imprudência dos motoristas colabora para o aumento nas colisões.

Preocupação na Câmara

Na mesma sessão da Câmara Municipal de quinta-feira, 18, em que os vereadores aprovaram a inclusão do “Maio Amarelo” no Calendário Oficial do Município, visando ações preventivas de conscientização para a redução de acidentes, os vereadores também alertaram sobre a situação do trânsito de Montenegro. Aliás, os problemas no trânsito são dos assuntos mais discutidos nas sessões do legislativo montenegrino. Diversos pedidos de providências e informações já foram encaminhados para a Prefeitura. “Nosso trânsito está um caos”, declarou o vereador Ari Müller (PP), primeiro a falar na tribuna. “Algo tem que ser feito”, emendou. E aproveitou para cobrar o resultado do estudo do Plano de Mobilidade Urbana (PMU).

Na edição de ontem do jornal Ibiá foi lembrado que em 3 de junho do ano passado a Câmara aprovou a abertura de crédito especial de R$ 90.500 para a contratação de uma empresa para fazer o PMU. A empresa contratada foi a Líder Engenharia e Gestão de Cidades, com prazo para concluir o trabalho até o final deste mês de maio. Enquanto o levantamento não é concluído e apresentado, não são tomadas providências no sentido de organizar o trânsito e prevenir os acidentes.

O vereador Gustavo Oliveira (PP), que propôs a inclusão do Maio Amarelo no calendário do município, também falou da necessidade do plano de mobilidade urbana. “Em conjunto, temos que ver o quê será feito de efetivo para melhorar o trânsito da nossa cidade. Estão morrendo pessoas dentro do perímetro urbano. Precisam ações urgentes”, frisou. Além de sinalização e vias adequadas, lembrou que é preciso a responsabilidade dos condutores. “O principal culpado são os motoristas”, entende.
Já o vereador Talis Ferreira (PP) reclamou da falta de pintura nas faixas de segurança. Ele também cobrou o estudo do plano de mobilidade urbana. Também o vereador Sérgio Souza (PSB) lembrou que fez vários pedidos de providências para intervenções no trânsito. “Só na Avenida Júlio Renner morreram 23 pessoas até 2009. De lá para cá parei de contar. É uma via muito perigosa. Tem que acelerar o estudo”, pediu.

Demais vereadores, como Ana Paula Machado e Juarez Vieira da Silva, ambos do PTB, assim como Valdeci de Castro (Republicanos) e Paulo Azeredo (PDT), também ressaltaram a necessidade de intervenções e melhor educação no trânsito, devido ao aumento na circulação de veículos. “É lamentável que ainda não teve uma solução”, queixou-se Azeredo, sobre a situação da Via II.

Plano vai propor alterações
No início do ano, em janeiro, foram disponibilizados questionários para a população opinar, de forma on-line, sobre possíveis alterações no trânsito. E também ocorreram encontros presenciais em quatro localidades do interior.

Conforme a arquiteta e urbanista Valéria Wolmann, diretora de Acompanhamento de Ações de Governo, as manifestações serão utilizadas para contribuir com o novo plano de mobilidade urbana, que é um instrumento da política de desenvolvimento urbano cujo objetivo principal é integrar os diferentes modos de transporte e propor melhorias na acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas dentro do território. “A empresa já realizou os estudos e o material está em fase de revisão. Acreditamos que até final do mês que vem já esteja em tramitação no Conselho de trânsito e do plano diretor. Após, será encaminhado para audiência pública e aprovação da Câmara de Vereadores”, explica, sobre os próximos passos.

Segundo Valéria, o plano irá propor alterações a curto, médio e longo prazo. Com isso, ela cita que o município poderá estudar formas de minimizar os impactos causados pelas mudanças no trânsito. “Irá definir hierarquia e sentido viário, além de propor soluções pra alguns conflitos em cruzamentos e transporte público. Propõe também espaços que favorecem os pedestres, com medidas para redução da velocidade de veículos”, explica.

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