ESTUDO da CNT abrangeu vias importantes do Vale do Caí
Realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias demonstrou que as principais vias que passam pelo Vale do Caí estão em estado geral regular. Os dados foram divulgados na quarta-feira, dia 29, e incluem a BR-470, a BR-386, a RSC-287, a ERS-240 e a ERS-122.
Conforme o estudo, apenas o trecho da ERS-122 foi considerado ótimo. O pior trecho, com avaliação de ruim, é o da RSC-287 entre a ERS-124 e a BR-386. Inclusive, esse traçado recebeu recentemente melhorias por parte da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG).
A BR-386, entre Montenegro e a BR-448, foi avaliada como regular, mesma avaliação do traçado da BR-470 entre Montenegro e Carlos Barbosa. A ERS-240, entre Capela de Santana e Montenegro, também foi ranqueada como regular.
Apesar de importantes para a região, as rodovias ERS-124 e ERS-411 – que visivelmente não mostram bom estado de conservação – não entraram no estudo. Conforme a CNT, a pesquisa avalia toda a malha pavimentada das rodovias federais e dos principais trechos estaduais. Em 2023, foram analisados 8.798 quilômetros no Rio Grande do Sul.
No geral, de acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias, em todo o Rio Grande do Sul, 72,2% da malha rodoviária pavimentada apresentava algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. Apenas 27,8% da malha foi considerada ótima ou boa. No Brasil, 67,5% das rodovias avaliadas foram consideradas regulares, ruins ou péssimas enquanto que 32,5% da malha foi ranqueada como ótima ou boa. Os dados nacionais são similares aos colhidos na pesquisa do ano passado.
O presidente da CNT, Vander Costa, destaca que a infraestrutura brasileira é fator determinante para o crescimento do País. “Nesse cenário, o setor de transporte ocupa posição de destaque, dado o impacto direto que exerce sobre o desenvolvimento socioeconômico nacional. São as rodovias brasileiras, sobretudo, que possibilitam o acesso a bens de toda natureza, além da expansão de mercados e da movimentação de cargas e de passageiros”, avalia.
Nesse sentido, Vander diz que o transporte rodoviário vive o constante desafio de manter o Brasil em movimento mesmo com uma malha rodoviária de baixa qualidade. “Tal cenário é reflexo da falta de investimentos na infraestrutura de transporte ao longo das últimas décadas”, afirma. Segundo o presidente da CNT, o estudo reforça o que a entidade defende há anos: a necessidade de investimentos perenes que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias.
Avaliação das rodovias da região
Traçado Estado geral Pavimento Sinalização Geometria da via
BR-386, entre Montenegro e a BR-448 Regular Ruim Ruim Regular
BR-470, entre Montenegro e Carlos Barbosa Regular Ruim Ruim Ruim
ERS-122 Ótimo Bom Bom Ótimo
RSC-287, entre a ERS-124 e a BR-386 Ruim Ruim Ruim Péssimo
ERS-240, entre Capela de Santana e Montenegro Regular Bom Bom Regular
Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias
Metodologia da pesquisa
Com o objetivo de realizar um diagnóstico das condições das rodovias pavimentadas, a CNT utiliza uma metodologia própria de avaliação das três principais características da malha rodoviária: Pavimento, Sinalização e Geometria da Via. Levam-se em conta na avaliação variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes. Esses aspectos são analisados segundo a percepção do usuário quanto à conservação e à segurança das vias.
O resultado da avaliação é divulgado de forma qualitativa, categorizado por meio do Modelo CNT de Classificação de Rodovias como Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo. Em 2023, os dados foram coletados por 20 equipes de pesquisa, que avaliaram 111.502 quilômetros em 32 dias.
“O problema das rodovias é um problema histórico”
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) Montenegro/Pareci Novo, João Batista Garcia Dias, o Tita, a má conservação da malha rodoviária acarreta em diversas situações. Uma delas, exemplifica, é o atraso de entregas, que geram prejuízos à indústria e ao comércio. Outra é o prejuízo ao próprio veículo usado no transporte, acarretando em frete mais caro.
“As transportadoras acabam perdendo tempo na entrega ou tendo problemas de manutenção em seus caminhões e esse custo é jogado no frete. Então, nós temos um prejuízo em cadeia porque o frete mais caro acaba tornando o produto final mais caro”, aponta Tita. Tudo isso acarreta em maior custo para o cliente e até mesmo em perda para o empresário, que pode deixar de fazer vendas pelo custo elevado do produto. “O problema das rodovias é um problema histórico”, reforça.
Segundo o presidente da ACI, outro agravante é a questão dos pedágios. Tita avalia que a concessão de rodovias oferece uma melhor malha viária, mas, em compensação, tem um custo elevado para os usuários. “Como o Estado não consegue manter suas rodovias, o pedágio acaba sendo necessário. O problema é que as concessões não são feitas de forma adequada, com isso nós pagamos uma penalidade aqui: ou temos uma rodovia muito ruim ou temos uma rodovia muito cara”, critica.
Tita salienta que uma malha rodoviária em mau estado de conservação pode, também, afetar o desenvolvimento da região. Segundo ele, pesa na decisão do investidor o processo logístico da área que receberá um empreendimento. “Isso é um fator decisivo para novos investimentos. Ter uma situação dessas (má estrutura rodoviária) pode fazer com que a gente perca investimentos na região”, alerta.