Pesca, uma prática frequente e antiga no Caí

Apesar da poluição, pescadores garantem que ainda se pega muito peixe no Caí, inclusive junto ao Cais do Porto

João Adanilo colocou 2.000 filhotes de peixes no Rio Caí há três anos

Diferentemente do que muitos montenegrinos imaginam, o Rio Caí ainda “está para peixe”. Um dos principais pontos turísticos da cidade, o rio recebe dezenas de pescadores todos os dias, seja no verão ou no inverno, no início da manhã ou no entardecer. Nas margens, praticantes usam a pesca como passatempo e também para garantir sua refeição.

Aos 63 anos, João Adanilo Gonçalves pesca por diversão. Contrário à pesca com rede no Rio Caí, o montenegrino aposentado diz que os agrotóxicos colocados nas lavouras têm prejudicado o aparecimento de peixes próximo à beira do rio. “Pesco por esporte, desde que nasci. Aqui só pesco com caniço. Esses dias, pegaram uns 150kg de carpa com rede. O pessoal não respeita. Nosso rio já não está muito bom por causa das lavouras, é muito agrotóxico”, salienta.

Sem preferência de horário para pescar, João Adanilo relembra como era “mais fácil” pegar peixe no Caí há quatro décadas, lamenta o fato de ter muita sujeira no rio e revela que despejou filhotes de peixes em 2014. “Peixe não tem horário, pegamos quando eles estão com fome. Há uns 40 anos, você vinha e num instante pegava dois, três peixes. Hoje em dia, é difícil para eu levar peixe, pego só lambari, e quando tem. Há três anos, botei uns 2.000 filhotes de carpa e tilápia aqui”, diz.

O pescador Paulo Roberto Vargas da Silva, 56 anos, também pesca no Rio Caí há bastante tempo. Ele concorda que antigamente saíam mais peixes, mas conta que ainda pesca muitos e das mais variadas espécies. “Sempre venho, desde pequeno. Já teve mais peixe aqui, mas sempre pego alguma coisa, principalmente piava. Também conseguimos pescar pintado, lambari, voga, carpa, bagre e até tainha, que normalmente dá no mar”, ressalta.

Para Paulo Roberto, a vinda de pescadores de outros lugares comprova que ainda há muitos peixes no Rio Caí. “Normalmente venho bem cedo, principalmente no final de semana, que é lotado. Vêm pescadores de Farroupilha, Caxias do Sul, Canoas e Novo Hamburgo. Se não tivesse peixe, o pessoal não vinha. O que nós pescadores gostaríamos é de ter alguns bancos e uma cabana aqui. Isso é um ponto turístico”, afirma.

Roger Fernando da Silva passa o dia na beira do Rio Caí fazendo o que gosta

Pescador madruga e passa várias horas na beira do rio diariamente
Considerado especialista em pesca pelos praticantes que frequentam a beira do Rio Caí, Roger Fernando da Silva, 25 anos, acorda cedo para pescar todos os dias e revela as iscas que usa para fisgar os peixes. “Pesco desde os 12 anos. Moro aqui na frente do Cais. Sempre venho às 4, 5 horas da manhã e passo o dia pescando. Trago algo para comer e fico aqui, é o que tem de interessante para fazer. Costumo usar milho, sagu, massa e caramujo como isca. E pesco somente com caniço e molinete”, enfatiza.

Anderson costuma pescar quando sobra um tempinho

Roger conta que tem pescado bastante carpa e relembra objetos inusitados que já fisgou com garateia. “Já deu mais peixes, sim. Mas, para mim, está bom. Faz três ou quatro anos que tem dado muita carpa. Inclusive, uma carpa de uns 15kg foi o maior peixe que peguei aqui. Por outro lado, também já pesquei pneu de carro, quadro de moto e muito lixo no Rio Caí”.

O servente de obras Anderson Diego da Silva Pereira, 26 anos, não costuma pescar com tanta frequência como o amigo Roger, mas frisa que sempre que tem um tempinho, aparece no Rio Caí. “Venho aqui desde pequeno, mas só de vez em quando. Estou acompanhando o nosso pescador (Roger). Ele que conhece. Alguma coisa sempre conseguimos pegar. Mas pesco só por diversão, quando tenho um tempo”, completa.

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