Penitenciária Modulada ganhará scanner corporal

Sistema de raio-X. Equipamento vai inibir, entre outras ações, a entrada de celulares e entorpecentes na cadeia

A Penitenciária Modulada de Montenegro está entre as dez da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) que ganharão scanners corporais para serem aplicados nas visitas. O órgão está finalizando a contratação dos dispositivos. O valor mensal total da locação dos scanners é de R$162.500,00. Quatro cadeias já contam com o serviço.

Agentes penitenciários apreenderam com detentos da Modulada 177 aparelhos celulares de janeiro a julho de 2018. Além disso, foram tirados de circulação 122 chips. Somente em julho, foram localizados 67 aparelhos na cadeia. O mês com maior número de registros é seguido de março (58) e janeiro (32). O sistema também vai dificultar a entrada de drogas no local.

Na comparação, chama a atenção o fato de terem sido localizados com visitantes apenas dois celulares e dois chips, todos ocorridos em janeiro. Isso evidencia a dificuldade de se barrar a entrada dos equipamentos, principalmente pelo fato de os agentes serem proibidos de realizar revistas pessoais.

“Essa é uma das coisas mais difíceis de se combater dentro de um estabelecimento penal. A localização da Penitenciária de Montenegro tem muito campo e mato, entra via arremesso, por cima dos muros, e também nas visitas. A gente não pode fazer uma revista minuciosa, (vedada pela portaria 160/2014 da Susepe). Então, acaba entrando pelo visitante. A gente faz revistas periódicas dentro da Penitenciária para tentar proibir o uso, mas não está sendo suficiente”, comenta o diretor da Modulada, Loivo Machado.

Embora aprove a instalação do mecanismo, o diretor acredita que o ideal seria a instalação de bloqueadores do sinal de celulares. “A gente faz um trabalho preventivo, às vezes, vem denúncia e a gente consegue apreender alguma coisa, mas a grande maioria vem através de arremessos”, finaliza.

O titular da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro, Paulo Ricardo Costa, ressalta que o fato de o número de apreensões dão uma visão parcial do cenário. “É a realidade de apreensões, mas o que está por de trás é a intensa comunicação, o acesso a celulares e, de uma certa forma, (existe) o controle externo do presídio, mas o descontrole das galerias, das celas, das partes internas. O que não é novidade para o sistema prisional brasileiro.

O delegado lamenta o fato de não haver no País uma política na qual a ressocialização dos presidiários seja regra, não exceção. “Lá dentro do sistema prisional não há o bloqueio da atividade criminosa. Talvez, até com a proteção do Estado, o indivíduo passa a cometer crime com mais qualidade e consiga pensar melhor nas artimanhas utilizadas pelas organizações criminosas”. Integram a lista de crimes orquestrados de trás das grades o tráfico de drogas, de roubos, de receptação de veículos e golpes de estelionato como o do falso sequestro ou do “parente com carro estragado”.

Especialista defende bloqueadores
O especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello salienta que a entrada de celulares nas penitenciárias é uma realidade em praticamente todo o Brasil. Assim como Machado, ele lembra como fundamental o uso de bloqueadores de sinal de celulares, com algumas experiências exitosas em São Paulo, no Estado dele, sem afetar as comunidades vizinhas. “Temos duas estratégias. Impedir a entrada por meio de revistas, revista eletrônica, raio-x e uma série de equipamentos e também essa questão de equipamentos sofisticados que conseguem inibir o sinal para que o marginal não consiga completar uma ligação.

Lordello também defende que, no Brasil, seja adotado o mesmo sistema utilizado para visitas nos presídios dos Estados Unidos, com monitoramento e sem contato físico. “A pessoa está visitando alguém através de uma parede com um vidro blindado e um interfone. Em alguns casos, nos Estados Unidos, as pessoas ficam no mesmo local sendo monitoradas, mas precisam manter uma distância.Aqui no Brasil, não há nenhum monitoramento durante as visitas”, explica.

O especialista é bacharel em Direito e tem uma carreira de 21 anos como delegado de Polícia no Estado de São Paulo. Autor de diversos livros publicados no Brasil e no exterior, Lordello também é apresentador do programa “Operação de Risco”, na Rede TV e comentarista de segurança.

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