Patchworking: muito mais do que só juntar retalhos

Técnica demanda dedicação, mas vem ganhando espaço e conquistando adeptos no Município nos últimos anos

É juntando os pedaços de tecido, costurando pontinho por pontinho, que as belas imagens vão se formando. Aos poucos, todos os cálculos e as medidas feitas no papel vão dando forma a colchas, bolsas e outras peças – tudo acolchoado e feito em três diferentes camadas: a manta, o forro e o topo. Assim é o patchworking, uma técnica de costura antiga e que vem somando apaixonados país afora. Em Montenegro, tem até ateliê que ensina a prática e muita gente conquistada, que usa os itens feitos como forma de incrementar a renda.

Fabiana Lauer conheceu a técnica há cerca de onze anos. Ela conta que estava em casa, cuidando dos filhos, e buscava algo com o que ocupar seus dias. Por meio de uma revista, conheceu o patchworking, se interessou e foi buscar conhecimento. Conheceu adeptos pelo estado e, já somando alguma experiência, foi solicitada por uma amiga para que também a ensinasse.

A “ocupação”, então, acabou virando paixão; e o boca a boca estimulou que “Fabi” abrisse um ateliê próprio para ministrar cursos da técnica. Há seis anos, é isso o que ela faz, no Centro da cidade. “É um trabalho com muito carinho, dedicação e paciência”, define a artesã. “Não é só emendar retalinhos, como muitos pensam. É algo que tu tem que sentir, botar no papel e projetar. Aí depois que se vai escolher o tecido e começar o trabalho.”

Fabi conduz cursos de segunda a sexta-feira, em sessões de três horas nos turnos da manhã e da tarde. Em seu ateliê, recebe um variado perfil de clientes, desde senhoras de idade que usam a técnica como forma de arejar a cabeça; até mais jovens, dedicadas a aprender e construir diferentes projetos usando o “patch”.

A vendedora Maiara Pereira, por exemplo, fez uma primeira aula há dois anos e se apaixonou logo de cara. “É algo diferente do que o pessoal está acostumado. Tem toda uma técnica e o resultado é mais sofisticado e atraente”, conta, já usando as redes sociais para vender diferentes itens de sua confecção, como bolsas, mochilas, estojos e artigos para bebês.

“Tu já faz pensando naquele cliente que encomendou, então, para cada um é um produto diferente”, destaca. Para ela, o patchworking é uma importante fonte de renda extra no final do mês.

A palavra-chave é dedicação, destaca a artesã Fabi Lauer
Fabiana conta que a técnica nasceu há muitos séculos, quando maridos iam para a guerra e as esposas ficavam em casa, usando retalhos de diferentes peças de roupas para construir acolchoados. Hoje, o “patch” é muito mais que isso, evoluindo para diferentes métodos e possibilidades. “Se soma, divide, calcula, pensa. A maioria do trabalho é de geometria e de medida. Tem que colocar muita dedicação”, salienta.

Ela mesma, mesmo ministrando cursos, não abre mão de sempre buscar se aprofundar nas possibilidades oferecidas pela técnica. “Foi isso que me conquistou. Eu não sei nem um terço do que eu gostaria de saber e isso me incentiva a ir sempre mais longe. Estou sempre aprendendo e sempre investindo”, destaca.

Tudo começa no papel, com um projeto, muitos cálculos e medidas feitos cuidadosamente do que vai ser formado com os “retalhos” de tecido

No mês que vem, Fabi se prepara para passar quatro dias em um ateliê catarinense se atualizando em novidades. Sempre que pode, também, ela comparece a diferentes feiras do segmento, em locais como Gramado, São Paulo e Rio de Janeiro.

Embora não exista restrições de tecido a serem utilizados, a artesã costuma usar o tricoline, que é 100% algodão e não oferece perdas no uso ou na lavagem. O acolchoamento costuma ser feito com fibras. Quem faz suas aulas só leva o tecido – que, atualmente, tem boa oferta no mercado local – e pode construir o item que quiser, a partir das orientações.

O desenvolvimento vai da dedicação e do gosto que a aluna adquirir pela técnica. Algumas alunas já viraram fixas, indo todas as semanas há mais de cinco anos.

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