Passeio da Esperança atrai centenas de pilotos

Solidariedade. Inscrições renderam R$ 42.060,00 — dinheiro que foi doado para vítimas do vendaval do dia 8

A sabedoria popular já diz: “Depois da tempestade vem a calmaria.” Após o temporal que destruiu diversas casas nas localidades de Boa Esperança e Esperança, no interior de Maratá, na primeira quinta-feira deste mês, as famílias vitimadas já começam a encontrar a calmaria, que vem em forma de solidariedade. Ontem, foi a vez de centenas de trilheiros se reunirem para fazer o bem. As 701 inscrições do Passeio da Esperança, do qual participaram pilotos de moto e quadiciclos de todo o Estado, resultaram na doação de R$ 42.060,00, que já foram depositados na conta da Associação Cultural de Maratá. O dinheiro será usado na compra de materiais para a reconstrução das casas destruídas pelo vendaval. A trilha foi organizada pelo grupo Trilheiros Sem Noção, de Maratá, e pelo Doguinhos Jeep Motoclube, de Brochier, com o apoio da Prefeitura.

OS Trimaníacos, de São José do Sul, se fizeram presentes no evento para ajudar a cidade vizinha

Logo nos trechos iniciais — no total foram 65 quilômetros —, os trilheiros puderam conhecer as casas que ajudariam a reconstruir, com a trilha passando por entre as residências que foram completamente devastadas pelo vento. Pai e filho de Nova Petrópolis, Doni Ferraz, 42 anos, e Wellington Ferraz, 16, ficaram impressionados com a paisagem que encontraram.

Durante O trajeto, Wellington e Doni Ferraz, de Nova Petrópolis,
pararam para conversar com vítimas que perderam casas no vendaval

Eles destacam que viram as fotos, mas ver a situação in loco foi diferente. “Isso aqui eu nunca vi na vida”, revelou Doni. “Também conversamos com alguns moradores para ver como foi. Deus colocou a mão sobre eles”, comentou o piloto. Além deles, outros oito trilheiros saíram de Nova Petrópolis por volta das 5h para participar do Passeio da Esperança. A principal motivação deles era a solidariedade.
Quem também acordou cedo foi um grupo de 17 pilotos de Carlos Barbosa. Segundo Lodono Aliardi, 46 anos, eles deixaram a Serra por volta das 5h30min e foram motivados a participar do evento pelo seu cunho solidário. “É muito bom. Estamos cuidando das pessoas que perderam tudo. Estamos dando uma mão para eles”, disse.
Moradores de São José do Sul, cidade também atingida pelo vendaval, 16 pilotos do grupo

Vindo de Carlos Barbosa, Lodono destacou lado social da trilha

Trimaníacos se fizeram presentes. “Nosso grupo foi fundado pela amizade e companheirismo. hHoje estamos aqui pela solidariedade”, afirmou Rafael Klein, 28 anos, o Gigante. Já Jeferson Rodrigues, 32, destacou a presença de todos os membros do grupo e a parceria entre as duas comunidades. “Uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto”, disse Xiru.

Ontem, Maria Pinto (D), 66 anos, retornou para sua casa ao lado da cunhada Claira Vogt, 63, para acompanhar a passagem dos trilheiros. Após perder a residência em função do vendaval, ela se disse feliz pela ajuda que está recebendo e enfatiza que o principal é que ninguém morreu durante o temporal
Passagem por antigo bueiro também foi uma das atrações da trilha

Sete dias para organizar e ótimo resultado
Um dos responsáveis pela organização do evento e presidente do Doguinhos Jeep Motoclube, Matheus Neis disse que a participação de trilheiros superou a expectativas. Lembrando que a organização da Trilha do Carvão feita pelo seu grupo leva em torno de um ano, ele destacou que o Passeio da Esperança, desde a definição do trajeto, limpeza, café da manhã, almoço e todo o apoio necessário para um evento deste porte, foi organizado em apenas sete dias. “Largamos até mesmo compromissos profissionais para que a coisa acontecesse”, revelou. Matheus disse ainda estar com o sentimento de dever cumprido. “Vou deitar a cabeça no travesseiro e estar com o coração bem mais leve”, garantiu.
Também organizador e representante do Trilheiros Sem Noção, Dirceu Schossler recordou que logo após o vendaval já pensou em fazer um evento nesse sentido e encontrou no Doguinhos Jeep Motoclube um parceiro. “Foi uma ação com cerca de 80 pessoas ajudando na construção da trilha”, destacou. Dirceu salientou ainda o apoio da Prefeitura, da Sociedade Cultural e Esportiva de Esperança e da Padaria Modelo, de Brochier. Ele recordou que muitas vezes os pilotos de moto de trilha são vistos, erroneamente, com maus olhos, mas o evento serviu para mostrar o lado solidário desses aventureiros.

 

Brechó foi realizado no sábado e no domingo, na sociedade de Esperança

Brechó também ajudou a arrecadar fundos para famílias
Organizado pela Secretaria Municipal de Habitação e Assistência Social, um brechó nas dependências da Sociedade Cultural e Esportiva de Esperança também ajudou a arrecadar fundos para as vítimas do vendaval. As vendas aconteceram no sábado e no domingo. O valor arrecadado ainda não foi divulgado.

Largada dos participantes foi acompanhada por um bom público

A secretária de Habitação e Assistência Social, Gládis Teresinha Stein, disse estar feliz com o resultado do brechó. “Foi além do esperado. Estou impressionada com a solidariedade. É o 10º dia direto que estou aqui e não para de chegar coisas”, destacou na manhã de ontem. Segundo ela, a ideia do brechó surgiu justamente em razão da grande doação de roupas e também da necessidade de se angariar fundos para a compra de material de construção. Gládis fez questão de agradecer ainda aos voluntários e às cidades que auxiliam os cidadãos marataenses neste momento de reconstrução de suas vidas.

 

Trajeto passou por diversos pontos da cidade, como a Trilha Turística, no Centro

como ajudar
No momento, a principal necessidade é de materiais de construção para as casas serem reerguidas. É possível fazer doação em dinheiro através das contas:

Banco do Sicredi
Agência: 0119
Conta: 27541-7

Banco do Banrisul
Agência: 1089-28
Conta: 06124903.0-2

Caixa Econômica Federal
Agência: 0530
Operação: 013
Conta: 107866-0
Veja as fotos da trilha 

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