exigência da comprovação foi discutida no programa Estúdio Ibiá
Desde essa segunda-feira, 18, já está valendo – em todo o Rio Grande do Sul – a obrigatoriedade da apresentação de comprovante de vacinação em atividades de alto risco para Covid-19. A exigência do passaporte vacinal atinge cinco grupos de atividades: competições esportivas; eventos infantis, sociais e de entretenimento; cinemas, teatros, shows e demais ambientes de espetáculo; feiras, exposições e congressos corporativos; e parques de diversão, temáticos, aquáticos e de aventura, jardins botânicos, zoológicos e outros atrativos turísticos.
Para falar sobre a exigência do passaporte no Estado e todas as normas dispostas pelo governo do Rio Grande do Sul, o Estúdio Ibiá dessa quarta-feira, 20, recebeu o coordenador do Gabinete de Crise de combate à Covid de Montenegro, Fabrício Coitinho; a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Patrícia Barros, e a secretária da Saúde de Maratá, Cláudia Röder. O bate-papo ressaltou a importância da obrigatoriedade para aumentar o engajamento da população na busca pelo esquema vacinal completo.
“É importante frisar que a vacina mostrou uma redução significativa nos atendimentos e nas internações, então a gente precisa que as pessoas realizem as segundas doses. Eu acho que o passaporte vai ajudar também nisso: fazer com que as pessoas busquem a segunda dose que já está liberada para todas as idades a partir dos 12 anos, então é importante essa ação da comunidade”, destaca a enfermeira Patrícia.
Segundo o coordenador do Gabinete de Crise, Fabrício Coitinho, o decreto do governo do Estado já estava sendo discutido entre os municípios da região 08 antes mesmo da exigência, para um alinhamento entre todos. Ele explica que fica a cargo de cada organizador de evento o cumprimento da norma, e que compete ao município a fiscalização, indo até os locais para verificação. “Nós já fizemos isso em alguns momentos, no Município, mesmo antes do decreto. Estavam acontecendo alguns eventos e eles anunciaram que seria cobrado essa carteira de vacinação. A vigilância foi até o local para verificar se realmente estava sendo cobrado, estava, então foi tudo tranquilo dentro dessas abordagens”, fala.
Fabrício acredita que não haverá problemas com a fiscalização em Montenegro, mas caso ocorra, poderá haver sanções aos estabelecimentos. “É uma medida sanitária e não cobrando ele passa a correr o risco das sanções sanitárias como já vinha acontecendo até agora”, diz. De acordo com o governo Estadual, entre as sanções aplicáveis em casos de descumprimento de normas sanitárias estão advertência, interdição e multa, podendo chegar, nos casos mais graves, a R$ 1,5 milhão.
O que é o passaporte vacinal?
O governo do RS não criou um documento ou passaporte de vacinação. Isso, pois são apenas algumas atividades e eventos específicos que terão a exigência de comprovação da vacina. A comprovação poderá ocorrer por meio do Comprovante de Vacinação Oficial, expedido pela plataforma do Sistema Único de Saúde – aplicativo Conecte SUS, ou por outro meio comprobatório, como caderneta ou cartão de vacinação.
Também não haverá necessidade imediata de todas as pessoas estarem com as duas doses ou dose única aplicadas. Foi criado um cronograma que determina as datas em que é permitido ingressar nos locais que exigem vacinação com uma dose ou com o esquema vacinal completo.
Coitinho explica que em Montenegro é aceito a carteira de vacinação emitida pela Secretaria da Saúde ou o aplicativo Conecte SUS. “Mas é importante destacar também que algumas cidades estão exigindo o Conecte SUS, então se vai viajar já tenta buscar lá, ter ele impresso ou pronto”, expõe. Em Maratá também está sendo aceito as duas maneiras de comprovação.
Primeira experiência com o passaporte na região
A 16ª Oktoberfest Maratá foi o primeiro evento de grande porte da região a exigir a apresentação do passaporte vacinal. Ocorrendo já pela terceira semana seguida, o evento é considerado um sucesso sob a perspectiva de casos de Covid-19. Com apenas quatro casos ativos registrados nessa quarta-feira, 20, a cidade havia ficado todo o mês de setembro sem nenhum caso ativo, além disso, o último óbito do município ocorreu no dia 13 de julho.
Segundo a secretária da Saúde, Cláudia Röder, assim que os eventos começaram a ser liberados foi notável uma procura maior da população pela vacina, e isso acabou influenciando nos bons resultados que a cidade está tendo. “(Acredito no) enjamento muito grande de toda a equipe que trabalha na parte da vacinação e também da população que está sendo bem receptiva, bem consciente, as pessoas querem viver e elas já perceberam que para poder viver na atual situação que a gente vive, tem que estar vacinado”, reflete. A secretária relata que a decisão de exigir o passaporte vacinal mesmo antes da obrigatoriedade foi embasada no decreto do Estado, que diz que pode ser exigido algo a mais, desde que não flexibilizado.
Maratá é um dos municípios com maior índice de vacinação na região. Segundo o painel da Secretaria Estadual da saúde (SES), 87.4% da população já recebeu pelo menos a primeira dose e 75.2% já está com o seu esquema vacinal completo.
Cronograma para exigência do esquema vacinal completo:
• 40 anos ou mais: esquema vacinal completo desde 1º de outubro.
• 30 a 39 anos: primeira dose ou dose única de 1º a 31 de outubro e esquema vacinal completo a partir de 1º de novembro.
• 18 a 29 anos: primeira dose ou dose única de 1º de outubro a 30 de novembro e esquema vacinal completo a partir de 1º de dezembro.
• Menores de 18 anos: ainda não é preciso apresentar carteira vacinal.
Internações recuaram em Montenegro
Com a vacinação avançando na região as internações também recuaram nos hospitais de Montenegro. Referência para 14 municípios, o Hospital Montenegro 100% SUS já registrou superlotação nos seus leitos de UTI e enfermaria. No dia 23 de fevereiro, por exemplo, todos os 16 leitos de UTI estavam ocupados com casos graves da doença. Nessa quinta-feira, 21, de 20 vagas em UTI, 13 estavam ocupadas, sendo apenas dois pacientes confirmados com Covid-19. Nos leitos de enfermaria, nenhum paciente internado.
No Hospital Unimed Vale do Caí não é diferente. A casa de saúde também registrou superlotação entre os meses de dezembro e março, porém nessa quinta-feira, 21, registrava quatro leitos ocupados de 10 disponíveis na UTI, sendo dois confirmados com Covid-19. Já nos leitos fora de UTI, de 32 vagas, somente uma estava ocupada.
“Eu acredito muito na vacina”
Com 74.8% da população vacinada com a primeira dose e 47.2% já com o esquema vacinal completo, Montenegro tem mostrado uma tendência de melhora em relação aos casos de Covid-19. A cidade chegou a registrar, por exemplo, 1.888 casos ativos da doença no mês de março de 2021, mas atualmente está com 213 casos ativos. Se tratando de óbitos a tendência também é positiva. Desde o dia 13 de setembro o Município não registra nenhuma morte em decorrência da doença.
Para a enfermeira Patrícia Barros, isso se dá graças à vacinação e seguimento dos protocolos. “Eu acredito muito na vacina, eu acho que a vacina mostra pra nós que quando entrou a vacinação os casos automaticamente diminuíram. Claro que a gente tem muitos casos ativos ainda, mas com pessoas com baixos sintomas”, fala.
O número de casos registrados por mês também estão em queda. Em março, Montenegro confirmou o maior número de casos desde o início da pandemia. Ao todo, foram 2.285 casos, e a média de casos por dia foi de 73,7. Desde então esse número tem diminuído. Em abril, foram 1.059 casos, e uma média/dia de 35,3; em maio ocorreram 840 confirmações e uma média de 27 casos/dia; e após três meses, em agosto, a média caiu para 5 casos/dia, se repetindo em setembro. “E eu acredito muito no reflexo da vacina e também de toda a população que manteve os cuidados”, completa Patrícia.
Continue se protegendo
Mesmo com o avanço da vacinação e a diminuição dos casos e óbitos por Covid-19, as profissionais de saúde reforçam a necessidade da população continuar com os protocolos de prevenção. Lavar as mãos, usar álcool gel e máscara, e evitar aglomerações são algumas medidas necessárias para o controle do vírus na sociedade.