Comunidade católica celebrará com festa no domingo, dia 12
Há exatos 100 anos, em 8 de março de 1923, foi criada oficialmente a Paróquia São Miguel, de Maratá. A ata de criação foi assinada pelo então Arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker. Durante esse século de história, a paróquia composta pela Igreja Matriz e outras seis capelas espalhadas pelo interior de Maratá e Salvador do Sul contou com nove párocos, realizou mais de 10 mil batizados e foi palco de 2.868 cerimônias de casamento.
Pároco da comunidade desde 2020, o padre Diogo Werner entende que a paróquia São Miguel é uma das mais tradicionais da Diocese de Montenegro. “Os costumes ainda são bem tradicionais, que vêm de antigamente. É um povo muito religioso, muito católico”, destaca. Além da religiosidade, o padre também destaca outra característica da comunidade local: a sua grande participação.
“Nas missas há sempre um bom público. Quando tem festas ou promoções, alguma ação, logo tem bastante gente ajudando – e não só na igreja”, comenta Diogo. Assim como a comunidade se fez presente e ajudou no crescimento da paróquia, o pároco entende que a Paróquia São Miguel também ajudou no desenvolvimento da comunidade. “Sem sobra de dúvidas, a organização paroquial é um dos fatores que alavancam, desde antigamente, os povoados”, aponta. “Elas já goram estrategicamente colocadas junto aos assentamentos para organizar”, complementa.
Inclusive, aponta o padre Diogo, a sede da Paróquia São Miguel e a Igreja Matriz foram construídas no que hoje é o Centro de Maratá especialmente para ajudar na organização da comunidade que passou a assentar-se e desenvolver-se, uma vez que a primeira organização em povoado era onde hoje é a comunidade de São Pedro do Maratá. Assim, os dois prédios – a casa paroquial e a Igreja Matriz – também são centenárias.
No entanto, com o passar dos anos, elas passaram por reformas. Segundo o sacerdote, a igreja matriz mantém sua estrutura de paredes original com apenas algumas mudanças na fachada. “As janelas eram mais angulares, fizeram em ângulo reto”, comenta. Outra mudança ocorreu no piso interno do templo.
Para celebrar seus 100 anos de história, a Paróquia São Miguel está realizando uma novena. As celebrações religiosas iniciaram no último sábado, dia 4. Nesta quarta-feira, dia 8, a missa será na Igreja Matriz, às 19h30min, tendo como pregador o bispo diocesano Dom Carlos Romulo. As celebrações seguem até domingo, dia 12, quando haverá missa festiva na Igreja Matriz. Após haverá almoço na Sociedade Cultural e Esportiva Maratá ao custo de R$ 45,00. Cartões podem ser adquiridos com membros da comunidade. À tarde, a partir das 14h, haverá baile com animação da Super Banda Choppão.
Padre Cláudio fez história na paróquia
Por 40 dos 100 anos de existência da Paróquia São Miguel o padre Cláudio Finkler foi o responsável pela comunidade. Hoje, ele atua como vigário na paróquia que o abraçou desde o começo, segundo ele mesmo relata. A afinidade com o religioso era tanta que após ele ser transferido no começo de 1985 para outra paróquia, a comunidade se mobilizou para vê-lo de volta em Maratá, o que se concretizou em 1986.
“A gente deve trabalhar em qualquer lugar, em qualquer paróquia. Se é nessa aqui ou em alguma outra, pra mim, é algo normal. Por outro lado, também, é um orgulho pessoal de a gente ficar numa localidade e ter aceitação popular”, comenta Cláudio. O padre lembra que desde quando chegou foi bem aceito pela comunidade e que, junto com líderes locais, conseguiu ajudar no crescimento da paróquia e também de Maratá.
Foi com o trabalho em conjunto do padre Cláudio com a comunidade que a casa paroquial e a Igreja Matriz passaram por importantes reformas. Além disso, o religioso também atuou junto de lideranças do movimento emancipacionista que, em 1992, transformou Maratá em município e, ainda, participou de encontros que culminaram na vinda de uma empresa de calçados para a cidade. “Um padre nomeado para uma paróquia deve se dedicar à paróquia. O sucesso é na medida em que você se doa, se dedica, se interessa e produz movimento na paróquia e na religião”, comenta.
A novena
Dia 8, quarta-feira
19h30min, na Igreja Matriz. Pregador: Dom Carlos Romulo. Após, haverá confraternização com entreveiro
Dia 9, quinta-feira
19h30min, na Capela São João Maria Wianney. Pregador: padre Marcos Hartmann. Após, haverá confraternização com carreteiro
Dia 10, sexta-feira
19h30min, na Capela São Felipe. Pregador: padre Emílio Lunkes. Após, haverá confraternização com cachorro-quente
Dia 11, sábado
19h30min, na Capela Santo André. Pregador: padre Rogério Schlindwein. Após, haverá confraternização com salsichão com pão.
Dia 12, domingo
10h, na Igreja Matriz. Pregador: padre Diogo Werner. Após, haverá almoço e baile na Sociedade Cultural e Esportiva Maratá.
Quem já foi pároco na Paróquia São Miguel
Padre Jacob Bremm | (1923-1924) |
Cônego Nicolau Knob | (1924-1929) |
Padre Jorge Peter | (1930-1933) |
Padre Santino Adams | (1934-1937) |
Padre Julio Hartmann | (1938) |
Cônego Bernardo Rech | (1939-1977) |
Padre Cláudio Finkler | (1978-1984) |
Cônego João Aloisio Wagner | (1985) |
Padre Cláudio Finkler | (1986-2020 e atual vigário) |
Padre Diogo José Werner | (2020-atualmente) |
Um exemplo da participação da comunidade
Aos 77 anos, Iedo Kirsten guarda diversas lembranças sobre o passado da Paróquia São Miguel e é um exemplo da participação da comunidade no crescimento e desenvolvimento paroquial. Morando próximo da igreja na década de 1960, ele e seu pai costumavam tocar o sino para indicar o horário do meio-dia e da noite – ação importante para avisar os trabalhadores rurais antigamente. “Quando tinha uma coisa na igreja, no tempo do cônego Rech ainda, era chamado eu”, recorda.
Iedo não só participou na organização de festas da paróquia e outros eventos, como também foi um dos pedreiros que trabalhou na grande reforma da igreja no final da década de 1970 e começo da década de 1980. “As aberturas (das janelas) eram arredondadas pra cima aí foi cortado mais para cima, cortado reto. Era pedra, duro, duro…e nós lá ‘pic, pic, pic’”, comenta fazendo o gesto de alguém batendo com um cinzel e martelo.
Por meio do trabalho na obra, o fiel pode perceber que o primeiro chão da Igreja Matriz era feito de pedra. Depois, foi colocado assoalho no templo. “O assoalho eu ajudei a tirar, foi passada uma camada de piso de concreto e daí foi colocado o parque que tem até hoje”, recorda.
Dono de uma pick-up, Iedo desempenhava papel importante nas antigas festas realizadas pela paróquia. Era dele a missão de carregar blocos de gelo para manter as bebidas geladas. “Houve vezes que deu mais de mil almoços aqui na sede. Foram construídos pavilhões na rua com madeira e pau e foi tampado com caeté”, conta.
Ainda hoje Iedo, junto com a esposa Nelci – com quem ele se casou na Igreja Matriz da Paróquia São Miguel em 1978 –, participa das missas. Até mesmo da tradicional procissão de Nossa Senhora de Lurdes ele segue fazendo parte. “Só não fui junto a pé porque não consigo mais caminhar tanto. Daí eu fui de carro”, afirma.