Paralisação dos motoristas reflete no abastecimento

Manifestação. Com caminhões parados, mercados e postos de combustíveis correm risco de ficar sem produtos

 

A paralisação dos motoristas de caminhões em razão dos altos preços do diesel e da gasolina começou na segunda-feira e segue ocorrendo em estradas de todo o Brasil. Hoje, as manifestações continuam. Os protestos iniciam cedo pela manhã e retém o trânsito de veículos de cargas até o final da tarde. Com isto, entregas previstas acabam atrasando ou até mesmo não ocorrendo, gerando reflexo no abastecimento de empreendimentos como mercados e postos de combustíveis.

Postos não receberam mais entregas e ficam sem produto

A gerente da rede de postos Barcarollo, Elisiane Santos disse que o último abastecimento dos reservatórios dos diversos pontos da rede aconteceu na tarde de terça-feira. Ontem, não foi possível sequer fazer o pedido junto à distribuidora. “Fomos informados que as bases estão interditadas por manifestantes. Não há previsão de quando vamos receber (combustível)”, explicou. A falta de abastecimento dos tanques e o grande fluxo de clientes – que Elisiane diz ter aumentado pelo medo da falta de combustível – fez com que a gerente estimasse que alguns postos da rede, que tem empreendimentos em Montenegro, São José do Sul e Pareci Novo, entrassem nesta quinta-feira sem a mercadoria ou com estoque muito baixo.

Gerente do posto Weber, localizado no Centro, Diego Weber, relatou que na manhã de quarta-feira percebeu que seus reservatórios de gasolina, etanol e diesel corriam o risco de ficarem secos. A previsão era de que as bombas ficassem vazias ainda ontem. “Tem carga por vir, mas não deve chegar”, comentou na tarde de ontem. Segundo ele, a última entrega que o posto recebeu foi na terça-feira.

O aposentado Remi Rival Somer, 78 anos, embora tenha sido obrigado a encarar uma longa fila para abastecer sua Saveiro na tarde de ontem, no posto na Rede Sim, na Via II, apoia as manifestações por todo o Brasil. “O preço da gasolina é um absurdo. A população está pagando por toda a corrupção no país. Os caminhoneiros precisam se manifestar mesmo”, afirmou.

Entrega de produtos perecíveis é afetada
A diretora da rede de supermercados Mombach, Marili Mombach Friedrich, diz que a empresa não mudou sua rotina para receber entregas fora do horário normal. Porém, algumas que estavam previstas para os últimos dias não ocorreram.

Um dos setores afetados foi o de hortifrutigranjeiros. “60% das nossas entregas vieram, mas, por exemplo, o que era para vir da Ceasa não chegou”, comentou. Segundo ela, a maior preocupação é justamente em cima dos produtos perecíveis, como frutas e hortaliças que são entregues até três vezes por semana.

Silvana Rambor, proprietária da rede de supermercados Via II, relatou que algumas entregas à sua empresa não ocorreram em razão da greve dos motoristas de caminhão. Ela cita como exemplo a entrega prevista da cooperativa Ouro do Sul. De acordo com ela, a situação ainda não preocupa, mas se ela se estender, o cenário muda.

Coleta de lixo também sofre com protestos
Os protestos dos caminhoneiros impactam também a coleta de lixo doméstico. A Komac, empresa responsável pelo serviço, confirmou que não está conseguindo levar os detritos para o aterro sanitário de Minas de Leão, na região Carbonífera, devido aos bloqueios provocados nas estradas. Por essa razão, o lixo recolhido na segunda, terça e quarta-feira permanece na estação de transbordo, na localidade de Fortaleza.

Conforme a gerência da empresa, o volume já chega a cerca de 100 toneladas e o espaço está se esgotando. Na quarta-feira a coleta foi mantida, mas, na tarde de ontem, a empresa ainda não sabia se poderia manter o serviço nesta quinta-feira, por falta de lugar para levar a carga. A Prefeitura foi procurada para se manifestar sobre o assunto, mas, até o fechamento desta matéria, ainda não havia se manifestado.

Manifestações seguem nesta quinta-feira
Nesta quinta-feira, Montenegro e região voltarão a ter pontos de paralisação. Ao menos esta é a promessa dos manifestantes. Ontem, a manifestação pacífica seguiu sem problemas. Um único momento de tensão ocorreu pela manhã, no protesto que ocorria na rótula do Shell – que liga a RSC-287 à BR-470.

Na RSC-287, junto à Loja Taqi, produtores rurais aderiram ao movimento e distribuíram bergamotas

Os caminhoneiros estavam com os veículos parados no acostamento da rodovia federal quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) solicitou que eles fossem removidos da pista de rolamento. O remanejamento estava sendo realizado quando um oficial de justiça chegou ao local com uma ordem para que os manifestantes desbloqueassem o acesso à JBS, o que esquentou os ânimos. Segundo os caminhoneiros, não havia bloqueia junto à indústria alimentícia e os veículos parados chegavam apenas até as proximidades da CBC.

Na quarta-feira, houve pontos de paralisação em Montenegro na RSC-287 – junto à intersecção da BR-470 e em frente à Loja Taqi –, na ERS-240, junto à rótula com a ERS-124, na BR-470, no Posto Charrua, e na BR-386, em Vendinha e outros pontos. Em São Sebastião do Caí, o movimento voltou a ocorrer na ERS-122. Também ocorrem manifestações em outros pontos do Estado e do País.

Grupo Vibra suspende totalmente atividades
O Grupo Vibra informou no final da tarde de ontem que, em consequência da permanência da greve dos caminhoneiros, não restou outra alternativa à empresa a não ser a suspensão total de suas atividades, até que a situação se normalize. As unidades, localizadas nos estados do Paraná e Minas Gerais, são responsáveis pela produção de 1 milhão de quilos de carne processada ao dia e absorvem a grande maioria dos 4.500 funcionários da empresa.

Em comunicado, a empresa ressaltou que os bloqueios das rodovias não afetam apenas as indústrias e consumidores, mas toda cadeia produtiva. “Impactam também fornecedores, clientes e mais de mil famílias de criadores rurais, que estão impedidos de cumprir com seus compromissos. Além disso, os produtores integrados sequer têm a garantia de que conseguirão propiciar alimentação completa aos seus frangos, uma vez que o movimento grevista segue insensível aos apelos para liberação dos insumos”, diz a nota.

O Grupo Vibra apelou às autoridades e ao movimento grevista por uma solução imediata, antes que os impactos e os prejuízos se tornem irreversíveis.

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