Já há alguns anos, a Prefeitura de Montenegro vem promovendo a iniciativa Dia do Descarte Correto. Cada vez em um ponto da cidade, servidores ficam com um container recebendo materiais que a comunidade não tem onde descartar. Até lá, podem ser levados eletroeletrônicos, lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, vidros e até óleo de cozinha. E como o nome do projeto já indica, a ação garante que todos estes materiais serão descartados corretamente, sem prejudicar o meio ambiente.
Mas o grande problema envolvendo o lixo gerado pela humanidade é que ele não simplesmente deixa de existir. Muito dele leva séculos para se decompor e até mesmo este processo precisa ser muito bem controlado. Alguns itens, afinal, contêm elementos tóxicos que, de forma alguma, podem ser “jogados” na natureza. O Descarte Correto demanda muita responsabilidade.
Para este ano, a Administração Municipal tratou de dobrar os dias do projeto em cada mês, dado o volume com que todo esse material vinha sendo entregue. Há uma parceria com a empresa de reciclagem Telemonte, então, que recebe os containers cheios e é responsável pela tal destinação. E como mostra o proprietário, Jandir Giaretta, há todo um processo de desmonte e divisão de elementos. Cada coisa vai para um lado e muito é reaproveitado.
Conheça o caminho até a destinação final
PILHAS E BATERIAS
Conhecido por seu risco em potencial ao meio ambiente, esse tipo de material pouco fica na Telemonte. Logo, é buscado por uma empresa especializada na destinação do item. Sem nova aplicação a ser dada, tudo vai para um aterro, onde é enterrado em um local controlado e “forrado”, para que nenhum elemento tóxico vaze para o solo. Jandir explica que esse local é coberto e, quando cheio, é fechado e soldado, ficando apenas com uma saída, encanada, para a liberação de gases.
OS VIDROS
Bastante descartados nas edições do Dia do Descarte Correto, os vidros são destinados pela Telemonte para uma empresa multinacional que trabalha com o item. Tudo é quebrado, em cacos, ainda antes de ser levado. Nessa instituição, então, há um reprocessamento que dá origem a novos itens feitos de vidro.
OS ELETROELETRÔNICOS
No ano passado, o fim do sinal analógico refletiu no recorde de televisores antigos entregues nos postos do Dia do Descarte Correto. Mesmo hoje, porém, não são poucos os itens do tipo que são entregues pela comunidade e são eles os usados por Jandir para exemplificar o procedimento feito com os eletroeletrônicos recebidos na Telemonte.
“Primeiro a gente busca saber o que ela (a TV) tem e o que dá para comercializar”, explica o empresário. Para isso, tudo é desmontado e vira novos “produtos”.
Começa no plástico (a caixa da TV), que vai para uma empresa de Tupandi. Lá, ele é “moído” e derretido para virar outro produto de plástico. Quem sabe um pote que você usa em casa, hoje, ontem pode ter sido a sua televisão antiga.
Toda a fiação, por sua vez, é cortada e separada para o aproveitamento do cobre. Quando sai o cobre “puro”, ele pode ser vendido por cerca de R$ 18,00 o quilo; quando ele ainda está encapado, aí o quilo sai por R$ 5,00. Normalmente, assim como no caso do plástico, o cobre volta a ser aplicado como cobre. Jandir tem compradores de São Paulo e de Caxias do Sul para o item.
O vidro da TV, segundo Jandir, não é reaproveitado em nada. Ele tem parceria com uma empresa especializada que o coleta e o leva para a destinação final. O vidro é enterrado de forma controlada.
Já as placas do televisor – com os diferentes componentes – podem ser compradas por profissionais que trabalhem no ramo de programação. “Para quem conhece, até usa isso para fazer upgrade de computadores”, conta o empresário. Jandir também tem parceria com uma empresa que exporta essas placas para fora do país e, delas, promove a extração de elementos como o cobre e o ouro.
O que vier de ferro – pode não ter em todos os televisores, mas, em alguns eletroeletrônicos, sim – vira sucata. Desse material, o principal comprador é a empresa Gerdau, que faz reprocessamento e transformação em novos itens.
O que ainda sobrar da TV, então, fica pela Telemonte. Vai compor o longo estoque de “pecinhas” da empresa. “Sempre acaba sendo útil para alguma coisa”, diz o empresário, contando que seguido é visitado por pessoas que precisam “daquilo ou daquilo outro” para sanar alguma necessidade.
LÂMPADAS FLUORESCENTES
Essas são buscadas por outra empresa parceira da Telemonte – essa do município de Canoas. Tudo ali acaba sendo reaproveitado. Jandir conta que o pó de fósforo de dentro das lâmpadas é retirado e usado, depois, para a fabricação de tintas. O vidro é derretido para formar outros itens, como lajotas. E o mercúrio – também parte das fluorescentes – é reprocessado para compor novas lâmpadas depois.
O ÓLEO DE COZINHA
Todo o óleo recebido é colocado em bombonas da Telemonte, onde fica por um tempo. Ali, um processo químico separa o óleo já frito do produto mais puro. Essa parte “suja” vai ser usada para fazer ração de porcos ou em processos de compostagem. A “mais limpa” é reprocessada e usada como matéria prima por indústrias de cosméticos.
Faça você mesmo!
A comunidade pode descartar todos os materiais recebidos pela Telemonte direto na empresa, que fica na estrada Maurício Cardoso, 8351. O funcionamento é de segundas a quintas-feiras, das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min. Caso haja dúvida quanto ao tipo de rejeito que a empresa recebe, basta entrar em contato pelo número (51) 3649-2048. Para as pessoas físicas, é de graça. Já as empresas pagam pelo serviço.