Para custear formatura, turma arrecada dinheiro com a venda de lixo

Sustentabilidade.Iniciativa partiu da turma 334 do 3º ano do Polivalente e está mobilizando a comunidade montenegrina

O debate sobre práticas sustentáveis tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade, e não é por acaso. Com a produção desenfreada de resíduos plásticos, a população se vê diante de um grande desafio ao ter que tomar medidas para reverter o processo de poluição do planeta. Foi pensando nisso que a turma 334 do 3º ano do Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos (Polivalente) teve a ideia de juntar o útil ao ecologicamente correto: arrecadar, vender e transformar o lixo reciclável em dinheiro para pagar a formatura.

A ideia partiu da professora de química, Cristiane Gehrke, que vendo os alunos buscando alternativas para custear as despesas da festa, estimulou a turma a pensar em diferentes ações. “Surgiram algumas opções como, rifas, venda de merenda, entre outras”, conta a professora. “Foi nesse momento que os provoquei a pensarem ‘fora da caixa’ e sugeri que vendessem o material reciclável das suas próprias casas, uma vez que a escola já estava trabalhando em cima do tema sustentabilidade.”

À frente da campanha estão os alunos Eduardo Oliveira, Marília Souza, Amanda Lara e Ana Paula Silva que, com o restante da turma, estão desde o início do ano letivo arrecadando os materiais recicláveis. “Nosso objetivo vai além de levantar verba para custear as despesas da nossa formatura. Também queremos incentivar que outras turmas do 3º anos tenham iniciativas como essas”, destaca Marina. “Começamos entre nós e, aos poucos, conseguimos mobilizar familiares e amigos”, completa a estudante.

A necessidade de iniciativas como essas fica evidente quando os números são apresentados e mostram que, anualmente, são produzidos cerca de 1,4 bilhão de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no mundo — uma média de 1,2 kg por dia per capita. Em relação às projeções para os próximos anos, o cenário é ainda mais sombrio, como aponta um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial: daqui a dez anos, serão 2,2 bilhões de toneladas anuais. Na metade deste século, se o ritmo atual for mantido, serão 4 bilhões de toneladas de lixo urbano por ano.

São as pequenas ações que, somadas, geram impactos positivos na sociedade e impulsionam a população a repensar antigos hábitos, como revela a estudante. “Depois dessa iniciativa, todos nós passamos a nos preocupar mais com a separação do lixo e com o destino que ele deve ter”, disse Marília. “Por conta da campanha, até no almoço em família pedimos para que as pessoas separem o lixo seco do orgânico”.

Atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia, o país ainda é um dos que menos recicla esse tipo de lixo. (imagem pixabay)

4º produtor de plástico do mundo
De acordo com um estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês), o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Ainda, conforme o levantamento, o País também é um dos que menos recicla este tipo de lixo – apenas 1,2% é reciclado, ou seja, 145.043 toneladas.

Para a estudante Ana Paula Silva, é urgente que a população adote novos comportamentos para lidar com essa realidade também presente no município. “A falta de consciência das pessoas é algo absurdo, basta ver que muitas não se importam de jogar lixo no chão”, dispara a aluna. “Quase ninguém separa o lixo e nem se preocupa com o destino que esses resíduos precisam ter e as sérias consequências dessas ações”, completa a aluna.

Para levantar a verba necessária para cobrir parte dos gastos da formatura, depois de arrecadado, o material reciclável é vendido para a empresa Montepel, que separa e processa todo o resíduo para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos.

Sustentabilidade na “Polifeira”
Para aprofundar os estudos sobre sustentabilidade, esse ano o Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos irá debater o tema na feira de ciência da instituição, a “Polifeira”. “Nós discutimos o básico sobre os possíveis processos de reaproveitamento do lixo em sala de aula, e agora a turma terá um trabalho referente ao reaproveitamento desses materiais”, explica a professora Cristiane, acrescentando que sempre tenta levar os assuntos da química para sustentabilidade.

Como ajudar?
A coleta dos materiais será feita até final deste ano, e qualquer pessoa pode ajudar levando os recicláveis na Montepel, localizada na rua Hortêncio Rodrigues Machado, 40, bairro Municipal. Além da empresa, as doações também podem ser feitas no posto de coleta da Ecopila, na Praça Rui Barbosa, durante as quintas-feiras.
Em ambos os locais, é preciso especificar que o material é para a turma 334 do Polivalnete. Todo o valor será computado para o caixa da turma.

O que doar?
Para contribuir com a iniciativa da turma, a população pode doar materiais nas seguintes categorias: plástico, papel, metais e materiais eletrônicos. Na categoria dos plásticos, produtos como tampas, potes de alimentos, frascos, embalagens de refrigerante, garrafas de água mineral, recipientes para produtos de higiene e limpeza e sacos plásticos em geral serão recebidos. Quanto mais separados por cor estiverem, mais valor será agregado.

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