A Administração Municipal tem cometido erros e acertos durante a pandemia do coronavírus. De um lado, demonstra preocupação com a saúde dos montenegrinos, ao não ceder à pressão do setor produtivo pela reabertura do comércio. Por outro, parece ignorar que, logo ali, esta parada vai impactar a arrecadação de impostos e, ao invés de reduzir despesas, concede aumento real ao funcionalismo. Óbvio que os servidores merecem, mas é justo esperar que, quando a maioria dos trabalhadores está com seus empregos em perigo, os funcionários públicos participem do esforço para minimizar os efeitos da crise. Semana passada, contrariando esta lógica, o prefeito Kadu sancionou a lei que dá reajuste de 5,5% ao quadro geral e aos inativos e 12,84% aos professores. Vai faltar dinheiro para a folha, a menos que a opção do governo seja parar tudo a partir de agora. E, ainda assim, se a despesa com pessoal ultrapassar os limites legais, há grandes riscos de os ordenadores serem responsabilizados.
Coragem – No que diz respeito ao comércio, a decisão do prefeito demonstra coragem. Para quem não lembra, Kadu ingressou na Prefeitura de Montenegro como o “nome da ACI” para a secretaria de Indústria e Comércio, no governo Paulo Azeredo, lá em 2013. Logo, contrariar os empresários – ou pelo menos uma parte deles – não foi uma decisão fácil. Mas certamente seria pior, mais tarde, ter de justificar um grande número de mortes.
Irresponsáveis – A decisão acompanha não apenas as orientações dos médicos, mas também da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Na região, porém, algumas cidades resolveram flexibilizar as regras de isolamento de maneira irresponsável e egoísta. Afinal, muitos de seus doentes são atendidos em Montenegro, que terá de arcar com o peso dos contágios.
Seca – No aspecto financeiro, a concessão dos reajustes é ainda mais temerária diante da seca que castiga a agricultura. As colheitas serão pequenas e, se não chover logo, muita gente não conseguirá manter os rebanhos. O reflexo será a queda no consumo e, também aí, na geração de impostos.
Gratidão – Apesar de todas as dificuldades vividas pelos agricultores em função da seca, vários deles atenderam a um apelo da Prefeitura neste fim de semana. Usaram seus equipamentos (tanques e pulverizadores) para ajudar a Administração Municipal numa operação de sanitização dos locais de maior movimento na cidade. A cooperação rendeu muitos elogios. A ex-primeira dama Ionise Schüler, viúva do ex-prefeito Adolpho Schüler Netto, fez questão de telefonar para a redação do Ibiá, no sábado, para registrar sua gratidão ao governo e aos produtores rurais.
__________________________________
Um ano!
Em meio à pandemia do coronavírus, sexta-feira completou um ano a transferência do prontoatendimento do Hospital Montenegro para a sede da secretaria municipal da Saúde. Desde então, foram realizados cerca de 110 mil atendimentos, numa média de 9.120 por mês, ou 12 pessoas por hora. São números expressivos, que demonstram a pressão que havia sobre o HM. Nem dá para imaginar a tragédia que seria, neste momento, se a troca não tivesse ocorrido.
Desafio – Muita gente duvidou da eficácia da mudança, pois não acreditava que a Prefeitura tinha condições de assumir o desafio. A secretária Cristina Reinheimer, porém, aceitou o encargo e hoje, salvo queixas pontuais, a avaliação do serviço tem sido positiva. Aliás, diversos gestores de diferentes partidos passaram pelo Palácio Rio Branco e se eximiram dessa obrigação porque temiam “não dar conta”.
_____________________________________
RAPIDINHAS
O presidente da Câmara, Neri de Mello Pena, o Cabelo, deve permanecer no PTB. Ele chegou a cogitar a possibilidade de ir para o PSL, a legenda que abrigou Jair Bolsonaro, mas diante da pandemia de coronavírus, seria difícil organizar a sigla a tempo de participar das eleições de outubro.
A janela em que os vereadores podem trocar de partido sem risco de perderem o mandato termina sexta, dia 3. Por enquanto, apenas dois aproveitaram a chance. Talis Ferreira pulou do PL para o Progressistas e Valdeci Alves de Castro deixou o PSB e foi para o Republicanos.
Uma das mais entusiasmadas fundadoras do PSL em Montenegro, a técnica em Enfermagem Camila Carolina de Oliveira filiou-se ao MDB. O partido conta com ela para a disputa por uma cadeira na Câmara.
Filiado ao PTB, mas aliado informal do ex-prefeito Percival de Oliveira (agora no Republicanos), o ex-vereador Renato Kranz não concorrerá novamente à Câmara. O filho, Felipe Kranz, empresário do ramo agropecuário, assinou ficha com o PSB.