Paixão pelo Carnaval faz festa popular resistir na cidade

Folia. Blocos realizaram muamba antes do evento de sábado, dia 9, na Estação da Cultura, e mostraram o clima carnavalesco

O batuque, a alegria e a folia que tomaram conta da Associação Comunitária do Bairro Industrial no último sábado, dia 2, foi uma demonstração de que o Carnaval resiste na Cidade das Artes. A muamba, que contou com a presença da Escola de Samba Unidos do Bairro Industrial (Esubi) e dos blocos Caldeirão da Folia e Unidos do Bairro Senai, precedeu o Carnaval Estação da Folia, evento organizado pela Prefeitura que acontece no sábado, dia 9, na Estação da Cultura. O evento promovido pelo Executivo marca o retorno da festa popular com o apoio da Administração Municipal na cidade. A última programação carnavalesca montenegrina que contou com o apoio do Município foi em 2013, durante a gestão de Paulo Azeredo, com o Bloco 56 – A alegria do povo.

Silvana mostra samba no pé e diz que o Carnaval é a alegria do povo e que ele não pode ter fim em Montenegro

Na Associação Comunitária do Bairro Industrial, amantes da festa popular de maior destaque no país lotaram o espaço e pularam Carnaval com a alegria de quem sabe que a tradição em Montenegro não morrerá tão cedo. Exemplo disso foi Silvana Rosário de Almeida, que aos 52 anos esbanjava felicidade e samba no pé. Vestida à caráter, ela contou que já fez parte das antigas escolas de samba montenegrinas Tradição e Leões de Ouro. Hoje, ela participa de atividades da Esubi e do Caldeirão da Folia. “O Carnaval é a alegria do povo, não podemos ficar sem”, afirmou. Ela reforçou que não se pode deixar o Carnaval morrer em Montenegro. “É importante que ele continue, temos que ir à luta para ele ter continuação”, afirmou.

O presidente da Esubi, Alexandro Vargas, o popular Chico, planeja uma retomada do Carnaval na cidade. Para ele, a festa é algo necessário e também um momento de se encontrar com os amigos e extravasar. “É cultura, a oitava maravilha do mundo”, garantiu. Apesar de lamentar que nem todo mundo tenha o apreço que ele tem pelo Carnaval, Chico destaca que a festa já venceu muito do preconceito existente contra ela. “(O Carnaval) É uma cultura de várias raças. É preto, é branco, é todo mundo junto”, salientou.

Muamba atraiu bom público na noite do último sábado, dia 2

Responsável por abrir os trabalhos na muamba do último sábado, o bloco Caldeirão da Folia, que existe desde 2014, fará neste ano sua primeira apresentação num evento carnavalesco da Prefeitura, justamente no Carnaval Estação da Folia. A informação foi dada por Gerson Santos Conceição, vice-presidente do grupo. “O Carnaval é vida. Ele teve percalços (em Montenegro), mas a tendência é não deixar ele cair”, comentou. Gerson destacou que o grupo costuma participar de eventos em outras cidades, como Salvador do Sul e São Sebastião do Caí.

Com um mês, Unidos do Bairro Senai já faz a festa
O bloco Unidos do Bairro Senai (UBS) completou um mês de existência no dia da muamba promovida pela Esubi e blocos parceiros na Associação Comunitária do Bairro Industrial. Formado por moradores das diversas comunidades que compõem o bairro, o grupo conta com uma bateria de 12 integrantes, outros cinco na harmonia e três responsáveis pela organização. O presidente do UBS, Toni Anderson de Souza, o Tony, revelou que o bloco foi criado com instrumentos emprestados pela Esubi e por uma escola municipal, além de instrumentos dos próprios músicos.

“A nossa região já teve uma escola de samba, a Unidos da Vila Esperança, que, devido às paradas na celebração do Carnaval em Montenegro, deu um tempo. Nos adaptando, optamos por criar um bloco”, explicou Tony. Segundo o presidente, o bloco levou o nome de Unidos do Bairro Senai justamente por reunir pessoas de todo o complexo do bairro, mas segue tendo como principais cores o verde e branco da antiga Unidos da Vila Esperança.

Tony destacou que vê na população montenegrina um gosto pelo Carnaval, mas que as dificuldades, principalmente financeira, em manter a festa popular para toda a comunidade acabaram afetando a folia. Ele observou que a Esubi era a única mantendo o clima carnavalesco, o que está mudando com a criação de novos blocos, com o Unidos do Bairro Senai. Sobre a muamba do dia 2, o presidente do UBS disse tratar-se do verdadeiro Carnaval. “Carnaval é alegria e confraternização. É folia e integração”, afirmou.

Sábado tem festa na Estação da Cultura
O Carnaval seguirá no dia 9, sábado, em Montenegro. Nessa data, os três grupos que participaram da muamba na Associação Comunitária do Bairro Industrial voltarão a dar as caras, desta vez na Estação da Cultura. O evento, que tem entrada gratuita, é uma promoção da Prefeitura e contará ainda com Carnaval Infantil e com o bloco Multicultural Ybiraiaras. A folia inicia às 17h.

Som dos tambores afro em releituras que dão samba
Na folia de 2019 em Montenegro surge outra manifestação cultural para garantir que o Carnaval não morra na cidade. O Bloco Multicultural Ybiraiaras completa um ano de existência em julho e estreia ao público na festa carnavalesca do dia 9 de março, no complexo da Estação da Cultura. Surgido a partir da observação do artista Mimmo Ferreira a respeito das necessidades culturais e humanas da cidade, o repertório traz releituras de músicas nacionais e internacionais com base na percussão.

A personalidade do Bloco já parte do nome ser uma homenagem aos primeiros habitantes destas terras antes da chegada dos imigrantes, os Índios Ybiraiaras. O percussionista explica que o Ybiraiaras não é um bloco de cortejo que puxa “cordão” de Carnaval pelas ruas. Ele é diferente, pois é multicultural, com uma sonoridade mais ampla. Seus sete músicos visitam várias linguagens musicais, dialogando com diversas culturas.

Unidos do Bairro Senai conta com instrumentos emprestados para fazer a alegria no Carnaval

No futuro o Ybiraiaras quer se tornar um “cordão” e ganhar as ruas das cidades. Mas no momento o foco é na parte musical desenvolvida por artistas profissionais. A percussão vem baseada nos tradicionais tambores afros, unidos a elementos pouco usuais na música. O Surdo, a Tarol, os Agogôs e Gonguês retumbam com latas e bandejas; acompanhados pela guitarra do Jorge Veloso e vozes divididas entre Mimmo, Carolinne Caramão e Naia Banto.

No repertório desfilam músicas de Gilberto Gil, Jorge Bem Jor, Lulu Santos, Ultramen, Vanessa da Mata, Tim Maia; mas ainda a ousadia de sambar Beatles a Michael Jackson. Enfim, sucessos nos últimos trinta anos e que ainda fazem parte do inconsciente coletivo. “Nossa ideia é despertá-las (as pessoas) utilizando a música como ferramenta de transformação social”, defende.

Os arranjos criados por Mimmo têm foco na percussão com ritmos como Ijexá, Maracatu, Frevo, Samba Reggae, Samba e outros. Logo, a folia de Carnaval está sempre presente nas performances do Ybiraiaras. Mimmo recorda que o Carnaval é um festejo mundial e não só brasileiro, inclusive tendo vindo da Europa. “O Carnaval tem muitas faces. Na real, ele tem a cara de cada povo que o celebra”, define Mimmo.

Artista de renome escolheu Montenegro
O artista Mimmo Ferreira (Dilnei Ferreira) é conhecido no Brasil pelo seu trabalho de pesquisa das raízes populares brasileiras e de outras nações Sul-americanas; como o Uruguai com o Candombe e a Argentina com Chacareras. Com o grupo de percussão e vozes Alabê Ôni, rodou o Brasil levado pelos tambores negros através do Pr

mimmo rodou a América e “bebeu” de várias fontes

ojeto Sonora Brasil do Sesc. “Posso afirmar que minha grande motivação é ter estado bem próximo de pessoas e grupos que tem a cultura popular e seus ritmos como filosofia de vida”, revela.

Nesta jornada, conversou e tocou com pessoas muito diferentes umas das outras, o que ajudou a criar uma concepção cultural que há quatro anos trouxe para o Vale do Caí. A música do Ybiraiaras quer oportunizar a vivência do público com a cultura popular brasileira de forma diferenciada. “Juntar as pessoas num processo de re-conexão com a alegria de viver, dançar e celebrar a vida, quebrando velhos paradigmas sociais que nos afastam mais e mais a cada dia”, descreveu.

Inserido na comunidade, desde agosto passado o artista iniciou o braço social do Bloco em parceria com a Associação Cultural e Beneficente Floresta Montenegrina. Na sede, todas as segundas-feiras – das 18h às 22h – acontecem os ensaios e oficinas de percussão dos ritmos, cantos e danças abordamos no bloco.

Informações sobre as oficinas
E-mail: [email protected]

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