SUSPEITO pelo assassinato dos empresários Joel e Anderson continua foragido
Os corpos dos empresários Nelson Joel de Oliveira Ferreira, de 61 anos, e do filho dele, Anderson Guedes Ferreira, 36, foram sepultados no Cemitério de Montenegro na manhã dessa quinta-feira, dia 30. Enquanto familiares e amigos se despediam das vítimas do duplo homicídio, – ocorrido no final da tarde dessa terça-feira, 28 –, a polícia traçava novas estratégias para tentar localizar o suspeito pelo crime. O homem teve sua prisão preventiva deferida pela justiça na madrugada de quarta-feira, 29, mas seu paradeiro ainda é desconhecido.
Segundo a Brigada Militar de Montenegro, as buscas no local onde o suspeito desapareceu foram interrompidas. Contudo, diligências ostensivas e de inteligência estão sendo realizadas com foco na captura.
A relação de proximidade entre o suspeito e Joel teve início quando ambos cumpriam pena no regime fechado. O homem havia sido condenado por crime sexual, enquanto Joel cumpria pena pelo homicídio de Paulo Ariseu de Ávila, o “Dez”, ex-funcionário de sua locadora de veículos.
Durante a condenação, o suspeito e Joel trabalharam juntos na cozinha da Penitenciária Modulada de Montenegro. O vínculo se manteve quando o empresário foi liberto. Já o colega progrediu ao regime semiaberto há cerca de três anos, quando passou a trabalhar como cozinheiro na empresa de Joel. À noite e aos finais de semana, ele retornava para o Instituto Penal de Montenegro (Albergue).
Em 2020, o funcionário recebeu o benefício da tornozeleira eletrônica e passou a cumprir pena domiciliar. Foi neste período que a família foi morar na propriedade que fica junto à empresa onde ocorreu o crime dessa terça-feira na estrada TF 10, em Triunfo.
A motivação para o crime
Em depoimento prestado à Polícia Civil no começo da madrugada de quarta-feira, 29, a esposa do suspeito relatou que o motivo do desentendimento e consequente crime estaria relacionado à tarefa de ordenhar uma vaca criada na propriedade. Joel teria sido ríspido com ela. O esposo tomou conhecimento e foi tirar satisfação do patrão. “A origem de tudo teria sido a ordenha da vaca, a pedido da esposa da vítima”, reitera a delegada Sandra Guaglianoni Neto, responsável pela investigação do caso.
A mulher estava com a filha pequena dentro de casa quando ouviu os tiros e saiu para ver o que estava acontecendo. O homem chegou correndo e disse para tirar a menina do local. Conforme a mulher, neste momento ele já estava sem tornozeleira. Ela não soube informar como ele conseguiu tirar o equipamento de rastreamento, mas acredita que possa ter sido quebrado com um tiro. Logo após, o suspeito fugiu.
A Brigada Militar realizou buscas nas proximidades e, durante a noite, foi levantada a hipótese de que o suspeito pudesse ter tirado a própria vida no meio do matagal. Contudo, sem localizar nenhum corpo e com relatos de que um indivíduo teria sido visto atravessando a rodovia, a suspeita acabou sendo descartada.
A Polícia Civil esteve analisando imagens das câmeras de segurança da empresa, mas não informou o teor das cenas. O número de disparos que atingiram as vítimas e os locais dos ferimentos também não foram confirmados pela PC. “Precisamos fazer o levantamento dos fatos, saber onde está a arma…”, explica a delegada.
A reportagem esteve no local do crime, mas não foi possível realizar entrevistas. Um funcionário informou apenas que não estavam autorizados a falar sobre o caso. A família não respondeu aos contatos feitos via telefone.
Semelhanças dos crimes
Joel e Anderson foram assassinados por um funcionário de sua empresa 27 anos após o empresário ter matado um ex-funcionário da mesma locadora. Paulo Ariseu de Ávila, conhecido pelo apelido de “Dez”, foi morto na madrugada de 27 de fevereiro de 1995. Ele foi abordado em via pública e alvejado com cinco disparos de revolver Taurus38 de propriedade de Joel. O empresário e o filho também foram assassinados com arma calibre38.
“Dez” foi morto aos 36 anos, idade que Anderson tinha.
Joel, que na época tinha 33 anos, teria presenciado o ex-funcionário fazer ameaças a seu cunhado durante baile de carnaval em um clube da cidade. Horas mais tarde, encontrou “Dez” na rua e, ao se aproximar do carro onde estava o indivíduo, teria sido recebido de forma violenta. A vítima teria aberto a porta do veículo contra ele e lhe dado um pontapé no peito. A reação de Joel foi de atirar em Paulo. “Foi uma coisa inconsciente. Eu achei que ele ia sacar o revolver e atirei nele”, disse Joel em depoimento dado na época. O taxista que transportava “Dez” acabou sendo ferido por um tiro.
Depois do crime, Joel fugiu do local para a casa da sua mãe, na rua Osvaldo Aranha, e posteriormente para chácara em Triunfo. Dois dias após o assassinato do ex-funcionário, Joel se apresentou à Polícia Civil, acompanhado por seu advogado, alegando legítima defesa e arrependimento. Contudo, o processo lhe rendeu condenação por homicídio doloso.