Pai de vítima de acidente esperava que pior pudesse acontecer

DESGASTE do veículo e problemas de saúde do filho deixavam família aflita a cada saída do jovem.

Um grave acidente na manhã do último sábado, 8, levou a óbito Felipe de Vargas da Silva, 19 anos, e Sérgio de Lima Franco dos Santos, 17, e deixou ferido Adair Vianna Filho, 21. O condutor do automóvel GM Chevette e o passageiro do banco de trás perderam a vida ainda no local do acidente. O pai de Felipe, motorista e dono do carro, relata que o Chevette estava com os pneus gastos, além disso, o jovem costumava andar acima da velocidade permitida e apresentava problemas de saúde, o que para a família sempre foram considerados fatores que, cedo ou tarde, resultariam no que seu Delibio Antônio da Silva, 68, chama de “explosão de uma bomba”.

O fato ocorreu por volta das 7h de sábado, 8, no quilômetro 281 da BR-470, em São José do Sul. O Chevette, com placas de Encantado, invadiu a pista contrária e atingiu um caminhão Ford Cargo 2428, de uma empresa de São Pedro da Serra.

A colisão ocorreu em uma curva bastante acentuada. O carro seguia em direção à Serra e o caminhão, para Montenegro. O Chevette atingiu o canto do motorista e, na sequência a lateral do veículo, rodopiou e caiu em um barranco do outro lado da pista. O caminhão também saiu da estrada, mas no mesmo sentido que seguia.

O motorista do Ford não sofreu ferimentos, apenas uma batida no braço esquerdo. “Eles vinham em alta velocidade. Tentei tirar para o lado, mas não tive muito o que fazer. Se não tivesse feito isso, teria me batido de frente”, revela. Ele pediu para não ser identificado.

O proprietário de um posto de combustíveis próximo do local, Alexandre Jorge Götz, atesta a alegação do condutor do caminhão. Ele estava na frente do estabelecimento quando o carro dos homens passou. “Estavam a uns 150 quilômetros por hora. Cinco minutos depois, passaram aqui e perguntaram qual era o número do Samu, porque tinha dado um acidente na curva. Fui lá só para ver se era com o mesmo carro e era”, conta.

Felipe de Vargas da Silva era apaixonado por carros antigos e havia comprado o Chevette há menos de dois meses

Não havia marcas frenagem do Chevette na pista, mas isso necessariamente não tem a ver com excesso do limite de velocidade. Em casos assim, pode ter havido, por exemplo, falha do freio ou o motorista ter dormido ao volante. “A velocidade se apura pelo estrago que se faz no veículo. Mas, só um estudo no local, análise da via podem atestar as razões do evento”, comenta o gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Renato Campestrini. O carro virou um amontoado de ferro retorcido.

“Eu não queria que ele usasse aquele carro. Sempre que ele saía, eu e a mãe dele ficávamos com o coração na mão”, relata o pai de Felipe. Seu Delibio revela que o jovem adquiriu o Chevette há pouco menos de dois meses e que, desde então, as “dores de cabeça” só aumentaram para ele e a esposa Maria Helena da Silva. “Ele era um menino doente. Tinha problemas de coração e na cabeça, fazia tratamento para os dois problemas. Com quatro anos ele foi operado pra colocar uma ponte de safena. A gente tinha medo que alguma coisa pudesse acontecer, mas não gostava de ser controlado. Ele andava em alta velocidade”, desabafa. “Esse acidente não me pegou de surpresa. Eu tava preparado pra encarar esse pepino”, afirma Delibio.

O aposentado diz que Felipe mantinha uma bela relação de amizade com os outros dois rapazes envolvidos no acidente. Todos cresceram juntos e moravam na mesma rua do bairro Santa Rita. “Caiu uma bomba na minha casa e na dos vizinhos”, acrescenta Delibio. Felipe fazia parte do Anônimos Club Montenegro. Membros do grupo fizeram uma homenagem ao jovem durante o funeral, realizado nesse domingo.

Felipe costumava omitir seus passeios aos pais, para evitar as recomendações e preocupações do casal. “Um dia desses ele disse que ia aqui perto e foi lá para Pareci, onde um amigo está fazendo uma obra”, conta. Segundo o pai, no sábado, Felipe iria até uma lavagem na localidade de Despique, interior de Pareci Novo. O jovem costumava fazer “bicos” no local.

A reportagem tentou contato com a família dos outros dois acidentados, mas não conseguiu. A irmã de Sérgio informou que estava no hospital cuidando de seu marido, Adair Vianna Filho, a terceira vítima.

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