Pai de jovem encontrado morto quase teve o filho sepultado como indigente

FALHA NA COMUNICAÇÃO. Família de Vinícius dos Santos teve de lutar para ter o direito de enterrá-lo

Renato dos Santos da Roza, pai do jovem Vinícius dos Santos da Roza, de 17 anos, assassinado de forma violenta e enterrado por criminosos em Triunfo, foi pego de surpresa ao saber que o filho seria sepultado como indigente na cidade onde o seu corpo foi encontrado. Durante dois dias Renato procurou ajuda para tentar impedir que o corpo fosse levado para Triunfo como um desconhecido. O Instituto Geral de Perícias (IGP) reconhece que errou ao não notificar a família sobre a previsão do sepultamento. Já em relação à falta do nome na certidão de óbito, a família terá de traçar uma nova batalha para conseguir alterar o documento e colocar a identificação.

A dor da família de Vinícius continua latente. Desde que o jovem desapareceu, no dia 27 de setembro deste ano, seus pais não tiveram mais paz. Primeiro a angústia pelo desaparecimento do filho, depois a espera pela localização do corpo, já que evidências apontavam sua morte. E, por fim, após a achado o cadáver, um novo período de aflição: a espera para sepultar Vinícius.

Desde que o corpo foi encaminhado para o IGP, no dia 12 de novembro, os familiares acompanharam ansiosos pela confirmação da identificação. Segundo Renato, no dia 27 do mês passado a família foi informada que os exames necessários já haviam sido realizados, mas para liberar o corpo seria preciso aguardar a assinatura de uma médica perita, que estaria de plantão nessa terça feira-feira, dia 3.

“Na terça pela manhã ligamos cedo para saber que horas poderíamos buscá-lo, mas nos informaram que provavelmente só na parte da tarde aconteceria a liberação. À tarde ligamos novamente, e uma pessoa nos falou que não sabia de nada e que demoraria mais um mês ainda para liberar”, conta Renato. “Então decidimos ir para Porto Alegre para tentar resolver. Chegando lá tivemos uma surpresa. O óbito de Vinícius já estava registrado e seu corpo seria sepultado na manhã de ontem, 04, como se não tivesse família”, detalha o pai da vítima.

Através da assessoria de comunicação, o IGP admite que houve falha no processo. A família deveria ter sido informada sobre a previsão do enterro para providenciar o funeral, caso desejasse. Como os familiares não foram contatados, o trâmite foi seguido como em casos de pessoas que não são reconhecidas.

Sem saber como proceder para ter direito a liberar o corpo, Renato entrou em contato com a reportagem do Jornal Ibiá. Logo que foi informada sobre a situação, a assessoria do órgão tomou providências para que a direção cancelasse o enterro previsto para ontem, e para que seu Renato pudesse levar o corpo do filho para Novo Hamburgo, local onde será sepultado junto a familiares. “Só queremos fazer um velório e enterro dignos para nosso filho, e tanta falta de consideração e de comunicação entre os órgãos resultou nisso”, afirma o pai.

Contudo, o final dessa história ainda está longe. Renato pode alterar o local do sepultamento, na certidão de óbito, mas o nome de Vinícius não constará no documento. Conforme o IGP, o teste de DNA realizado com material de pai e filho não é suficiente para provar que o cadáver é de Vinícius. A explicação dada pela assessoria é de que “O DNA diz que esse pode ser um descendente desta pessoa, este pode ser um dos filhos do seu Renato, mas não diz se é o Vinícius ou um outro. Então a gente não pode afirmar que aquele ali é o Vinícius”.

A família pode tentar mudar o registro. Mas, para isso, terá de apresentar elementos como exames de raio X dos seios da face ou arcada dentária, feitos em Vinícius ainda vivo. “Eu tenho só quatro filhos. Está registrado o Vinícius como desaparecido na Polícia, como é que eles não têm certeza? Eu não consigo entender”, desabafa Renato.

Devido ao horário de expediente do cartório de registros de óbito, a liberação do corpo não ocorreu na tarde de ontem. A previsão é que ainda na manhã desta quinta-feira, 5, seu Renato possa retornar para Montenegro para velar Vinícius junto aos amigos. O sepultamento deve ocorrer na sexta-feira, 6, em Novo Hamburgo. O dindo do rapaz, que é proprietário de uma funerária em Estância Velha, se prontificou a cuidar de todo o translado do corpo. Além disso, a empresa providenciará o enterro do garoto junto a um tio, que está sepultado no Cemitério de Novo Hamburgo.

Detalhes sobre os horários de velório e enterro podem ser acompanhados ao longo do dia de hoje no portal do Jornal Ibiá e nas redes sociais.

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