Viagem aconteceu em janeiro
Um esporte ainda pouco conhecido, o trekking, conquistou o padre João Vitor Freitas, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, do bairro Timbaúva. Na prática, é uma caminhada realizada através de trilhas naturais, no qual o ‘trekkero’ estabelece uma relação mais saudável com a natureza. Diferente da trilha, que geralmente é mais leve e não há pernoite na natureza, o trekking é uma caminhada mais longa, que pressupõe pernoite no meio natural, na maioria das vezes, acampamento. É necessário levar na mochila itens como o local de dormir, alimentos e remédios.
O padre conta que o interesse pelo esporte surgiu através de um grupo de amigos. “Nosso primeiro trekking foi caminhando entre Guaporé e Muçum (RS) pela ferrovia do trigo, sendo uma fantástica experiência de três dias. Depois, subimos o Pico Paraná (PR), a montanha mais alta do Sul do Brasil, a Lagoinha do Leste, em Florianópolis (SC), e o gosto pelo esporte só aumentava”, destaca.
Após as primeiras aventuras no esporte, surgiu a vontade de caminhar na Patagônia, que é considerada o paraíso do trekking na América do Sul. “São inúmeras opções de trilhas e imersões na natureza exuberante daquela região. Pessoas do mundo todo procuram a Patagônia para realizar o esporte”, afirma o padre João Vitor.
A viagem foi concretizada no início de janeiro, junto com um amigo da época de seminário. A aventura iniciou no conhecido Circuito W, em Torres del Paine, na Antártida chilena, onde a dupla encarou 6 dias de caminhada em meio a montanhas, glaciares, florestas, lagoas azuis e muitas pedras. “Caminhamos muito todos os dias e estávamos sem internet ou qualquer tipo de comunicação. Foi uma caminhada incrível”, conta o padre.
A segunda parada foi na cidade de El Calafate, na Argentina. Lá o padre realizou a subida do Glacial Perito Moreno, com 250 quilômetros quadrados de gelo. “Caminhar sobre este deserto branco foi uma experiência desafiadora e com certeza a mais incomum da minha vida”, diz. A viagem teve, ainda, um trekking em trilhas na cidade de El Chaltén, lugar conhecido como a capital nacional do trekking. “Contemplamos o famoso Monte Fitz Roy”, destaca o padre.
“Caminhar é uma atividade sagrada”
Caminhar é encarado pelo padre João Vitor Freitas como um ato de verdadeira espiritualidade. “Aprendo muito a cada passo. Quando caminho, lembro que Jesus caminhava para pregar, ensinar e curar. Lembro que somos povo de Deus que caminha, lembro que sou peregrino neste mundo, que aqui só estou de passagem e só levarei deste mundo o amor que conseguir compartilhar a exemplo de Cristo”, comenta.
Para João Vitor, a prática do trekking é viver em alguns dias a imagem do caminho de uma vida toda. “Passamos por dificuldade, superação, cansaço, descanso, desejo de desistir, força para continuar, saudade, presença, pessoas que se conhecem pelo caminho e que se vão, pessoas que caminham junto, solidão, encontros, alegria, e por fim a meta alcançada”, conclui o padre.
O próximo trekking ainda está sendo estudado pelo padre, mas entre as possibilidades está fazer a travessia da praia do Cassino, considerada a maior do mundo. “Serão 7 dias de caminhada entre o centro da praia do Cassino até o Chuí, em 230km”, aponta. João Vitor lembra que tudo deve ser muito bem estudado e preparado antes de encarar o desafio. “Sempre vamos com todos os equipamentos e suprimentos necessários. Não se arrisque sem a devida preparação e conhecimento”, alerta.