Dados Lançados apontou que esquema tinha até mesmo “drive-thru”. Houve prisão de dois suspeitos
Uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro foi desarticulada pela Polícia Civil em Montenegro e região na última sexta-feira, dia 15. A chamada Operação Dados Lançados resultou na prisão preventiva de dois suspeitos, sendo um deles considerado o líder da organização, além da recaptura de um foragido do sistema prisional e a prisão em flagrante de dois indivíduos por posse ilegal de arma de fogo. Um dos presos por posse ilegal de arma de fogo foi liberado ainda na sexta-feira ao pagar fiança. Os nomes dos presos não foram divulgados pelas autoridades, bem como os dos locais onde foram cumpridos os mandados. Isso ocorre para não atrapalhar o futuro das investigações, que continuam.
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, além dos dois mandados de prisão preventiva. As buscas foram realizadas em Montenegro, São José do Sul e Pareci Novo. Entre os alvos estavam seis residências, três estabelecimentos comerciais – sendo um deles em São José do Sul – e também dois postos de combustíveis. Durante a operação, foram apreendidos três veículos – um deles uma caminhonete de luxo Ranger Rover Evoque –, farta prova documental, computadores, celulares, dinheiro, armas e drogas. No total, cerca de 55 agentes participaram da operação.
Titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Montenegro e responsável pela operação, o delegado Paulo Ricardo Costa destacou que uma das prisões está relacionada a um nome importante no tráfico de cocaína na cidade. “A nosso ver, de Polícia Judiciária, ele seria o ‘número um’ na questão de traficância de cocaína aqui em Montenegro e no Vale do Caí”, salientou. Conforme Paulo, a ação é o resultado de sete meses de minuciosa investigação. O titular da Delegacia Regional, delegado Marcelo Farias Pereira, detalhou que a investigação iniciou em julho de 2018 e teve como foco a repressão ao crime de exploração de casa de prostituição e tráfico de entorpecentes.
“No curso da investigação, foram colhidos indícios contundentes da prática delitiva pelos proprietários de uma casa de tolerância situada em bairro nobre do município”, afirmou Marcelo. A casa em questão, como apurou a reportagem, trata-se da boate Dado Sexy Club, localizada às margens da RCS-287, no bairro Centro. “Foi descortinado um esquema criminoso de distribuição de cocaína, com venda e consumo no interior do estabelecimento, contando, também, com serviços de tele-entrega de garotas de programa e entorpecentes”, ressaltou o delegado regional.
Responsável pela operação, Paulo disse haver ainda um sistema semelhante aos “drive-thru”, serviços de retirada rápida de lanches em lancherias. No caso, a retirada no estabelecimento investigado era de droga. O delegado comentou ainda que as entregas eram feitas de forma diluída, dando a falsa impressão, caso houvesse uma ação policial, de que a droga estaria ali em razão de os possíveis abordados serem usuários. “Mas, na verdade, o que nós comprovamos com sete meses de investigações é, justamente, de que ali havia uma ‘boca’ de tráfico em pleno funcionamento já há alguns anos”, explicou. Ele salientou que pessoas da alta sociedade montenegrina, conhecidas pelo seu poder aquisitivo, estariam envolvidas no esquema.
Lavagem de dinheiro segue em investigação
Na sala da Central de Polícia Civil de Montenegro onde os materiais colhidos pelas equipes que foram cumprir os mandados de busca e apreensão eram depositados chamava a atenção o grande número de pastas e CPUs. “Apreendemos uma grande quantidade de documentos, que serão agora analisados”, explicou o delegado regional Marcelo Pereira Farias. Segundo ele, a investigação teve participação do Núcleo de Lavagem de Dinheiro da 1ª Delegacia de Polícia Regional do Interior do Vale do Caí, com sede em Montenegro.
A Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro, de Porto Alegre, também irá auxiliar no seguimento da investigação. “O balanço é extremamente positivo. Como eu disse, vários documentos foram apreendidos. O pessoal aqui que tem nos assessorado, da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro, disse que o material comprova a nossa tese (de lavagem de dinheiro)”, ressaltou.