Venda de drogas via aplicativo é investigada em Montenegro

OPERAÇÃO “To Go” contra o tráfico prendeu sete na região metropolitana de Porto Alegre

Montenegro faz parte das cinco cidades da região metropolitana de Porto Alegre abrangidas pela Operação “To Go” contra o tráfico de drogas, que na manhã dessa quinta-feira, 3, cumpriu 29 ordens judiciais, entre elas mandados de busca e apreensão, ordens de prisão preventiva e sequestro de veículos. Sete pessoas foram presas na ação da Polícia Civil, coordenada pela Delegacia de Polícia de Esteio.

A ação, que contou com 125 policiais civis e apoio da Susepe, combate o sistema de vendas de drogas via aplicativo cumpriu mandados em Canoas, Esteio, Charqueadas e Sapucaia do Sul. A polícia não informou quais bairros de Montenegro foram alvo da operação, tampouco divulgou as cidades onde ocorreram as prisões.

A investigação do esquema de tele-entregas de entorpecentes iniciou em março deste ano. Conforme a polícia, com a chegada da pandemia, os criminosos aumentaram as vendas por tele-entrega e houve queda nas atividades em pontos fixos de tráfico de drogas. A migração e a rede de tele entrega de drogas era alimentada e controlada por uma organização criminosa, com atuação, principalmente, nas cidades de Esteio, Sapucaia do Sul e Canoas. A quadrilha coordenava a venda de drogas como maconha, crack e cocaína.

Os criminosos souberam aproveitar o momento da pandemia e a necessidade de não realizar aglomeração. E para não chamar a atenção da polícia, passaram a investir no novo formato de venda.

Foram adquiridos novos veículos, recrutados novos traficantes, principalmente motoristas e motoboys, tornando assim a venda de drogas por tele-entregas a principal atividade da organização.

App foi ferramenta para venda de drogas
A troca de mensagens via WhatsApp facilitava a vida de quem vendia e de quem comprava as drogas. A investigação apurou que a plataforma possibilitou a organização ter 3000 contatos de usuários. A forma de pagamento dos entorpecentes também era facilitada, pois podia ser feito com cartão de crédito. Para o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM) – Regional de Canoas –, delegado Mario Souza, é nítida a capacidade de adaptação do narcotráfico.

A Polícia Civil, ao analisar anotações do caderno da organização verificou que as vendas se intensificaram a partir de março, sendo que em abril a quadrilha chegou a vender, apenas com um de seus distribuidores, R$ 23 mil em 10 dias.

No mesmo período, outro centro de distribuição vendia, em média, mais de R$ 2 mil em drogas diariamente. Dessa forma, a organização vendia mais de R$ 100 mil em drogas por mês, apenas através de dois distribuidores.

Para a delegada Luciane Bertoletti, coordenadora da operação, o grupo é suspeito de ser responsável por, pelo menos, um terço das tele-entregas de drogas na região metropolitana.

Armas adquiridas com dinheiro do tráfico
A expansão das vendas no período da pandemia favoreceu tanto a organização criminosa que novos investimentos foram feitos, como a aquisição de armas de fogo e munições. A Polícia Civil descobriu que a organização tem contato com um atirador, conhecido na região metropolitana, o homem seria o responsável por conseguir o armamento.

Mercado do tráfico fortalece ações criminosas violentas

A organização também cresceu no recrutamento de novos membros, se aproveitando da transferência de um dos principais líderes de uma facção para um presídio federal, em outra unidade da federação. Tal transferência abriu um espaço para novos líderes atuarem.

O recrutamento dos novos membros – “pequenos” traficantes – ocorre de modo planejado, como se fossem ofertas de emprego, prometendo comissões de venda em torno de 20%, além do direito de uso livre de veículos da organização.

Os entregadores de drogas atuam de forma dissimulada, fingindo serem apenas motoristas de aplicativos ou empregados de empresas prestadoras de serviços, por vezes até utilizando uniformes de empresas para disfarçar a atividade criminosa.

Os líderes da organização preferem que os entregadores utilizem veículos antigos e simples, para não atrair a atenção das forças policiais, da vizinhança e até de traficantes rivais.

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