A maior operação desse tipo da Polícia Federal, a Carne Fraca foi deflagrada simultaneamente em seis estados e no Distrito Federal. A lista de frigoríficos investigados inclui JBS e BRF, duas das cinco maiores exportadoras do país, reconhecidas como as maiores empresas de carne do mundo. Além delas, aparecem outros frigoríficos grandes e pequenos, como Big Frango e Peccin. Este último é acusado de vender carne adulterada.
De acordo com a PF, foram mobilizados mais de 1.100 policiais no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal.
A investigação revelou que as companhias usavam em suas operações carnes podres com ácido ascórbico para disfarçar o gosto, frango com papelão, pedaços de cabeça e carnes estragadas como recheio de salsichas e linguiças, além de reembalar produtos vencidos.
Executivos da JBS e BRF foram presos. Também foram detidos fiscais do Ministério da Agricultura. A investigação aponta que os frigoríficos tinham influência para escolher os servidores que iriam efetuar as fiscalizações na empresa, por meio de pagamento de propina.
Foram cumpridos 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.
Consumidores devem ficar muito atentos
Na hora de comprar o produto, a Vigilância Sanitária aponta que a principal dica é atentar para a aparência da carne: a textura deve ser lisa e a cor, avermelhada no caso de carne bovina. Se tiver qualquer ponto esverdeado, não compre.
Segundo a nutricionista Silvana Schons, também é importante verificar o odor do produto. Mercadorias estragadas costumam ter mau cheiro. Uma das obrigações dos estabelecimentos é apresentar ao consumidor as informações de rastreabilidade e, nas embalagens, indicar a identificação do produto: origem, data da manipulação, pesagem correta, prazo de validade. Cheque todas essas informações.
Na hora da compra, priorize alimentos in natura ou minimamente processados e não embalados. Evite alimentos ultraprocessados. A utilização de carne estragada, papelão e pedaços de cabeça de porco em salsicha e linguiça, como identificados pela operação, ficam mascaradas por conta do nível de processamento do produto e a inclusão de conservantes e aromatizantes. E, se adquirir carne moída, peça para ver o processo.
Três unidades da JBS foram alvo da operação
Houve ação da Polícia Federal em duas unidades da JBS no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR), houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da JBS, cedido ao Ministério da Agricultura.
Em nota, a empresa afirmou que atua em conformidade com as normas regulatórias para produção e comercialização de alimentos no país. Confira a nota na íntegra:
“Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.
A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.
A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.
A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.
A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização – e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”.
BFR afirma que está colaborando com investigações
A BRF diz estar colaborando com as investigações da Polícia Federal. Ela afirma não compactuar com práticas ilícitas e que seus produtos e a comercialização deles seguem “rigorosos processos e controles”. Confira a nota oficial:
“A BRF comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”.
Empresas alvo de busca e apreensão na operação Carne Fraca:
Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.
BRF – Brasil Foods S.A.
Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial
E.H. Constantino
Frango a Gosto
Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
Frigomax- Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.
Frigorífico 3D
Frigorífico Argus Ltda.
Frigorífico Larissa Ltda.
Frigorífico Oregon S.A.
Frigorífico Rainha da Paz
Frigorífico Souza Ramos Ltda.
JBS S/A
Mastercarnes
Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.
Peccin Agroindustrial Ltda./Italli Alimentos
Primor Beef – JJZ Alimentos S.A.
Seara Alimentos Ltda.
Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística
Breyer e Cia Ltda.
Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP