Onda de frio: pessoas em situação de rua podem se abrigar no Recreo

NA CASA de passagem é oferecido cama, cobertores, alimentação e banho quente

Devido a uma grande frente fria e massa de ar polar sobre o Rio Grande do Sul, desde a noite de terça-feira, 28, os municípios gaúchos têm registrado queda intensa nas temperaturas, e com isso populações mais vulneráveis tendem a correr mais riscos. Para reverter a situação, o Retiro Comunitário de Reabilitação Ocupacional (Recreo) está realizando o serviço de acolhimento especialmente voltado para às pessoas em situação de rua.

Localizado na rua Cap. Porfírio, 1575, próximo à Praça Rui Barbosa, no Centro de Montenegro, o Recreo está com um espaço reservado para as pessoas que estão em situação de rua e necessitam se proteger do frio. “A gente acolhe essas pessoas sempre, e agora com esse frio nós estamos fazendo essa campanha para quem estiver na rua”, diz Otávio Luiz dos Santos Furtado, presidente do Recreo.

A ação faz parte do programa “Casa de Passagem Casulo”, que busca a integração e transformação dessas pessoas, entretanto Otávio ressalta que o momento é crítico, e a preocupação é outra. “Eles podem pernoitar, tomar um banho, tomar o café da manhã e ir pra rua. Nesse momento não é a nossa intenção resgatá-los, a nossa intenção é abrigá-los do frio”, comenta.

Com a estimativa de que as temperaturas alcancem zero grau ou até menos, o Retiro está focado em prestar a primeira assistência para os que estão vulneráveis. “A gente está muito preocupado com isso e queremos facilitar o acesso, desburocratizar tudo. Precisou, é só chegar lá no Recreo”, fala o vice-presidente, Nelso Lopes de Sousa.

Entre segunda-feira, 26, e quinta-feira, 29, duas pessoas foram ao Recreo em busca de abrigo. Pedro (nome fictício) foi encaminhado ao local para se proteger do frio intenso e também se recuperar de uma agressão. “Os próprios companheiros que estavam comigo me agrediram”, conta.

Pedro chegou severamente machucado, mas já foi encaminhado ao serviço de saúde e está sendo cuidado pelo Recreo. Com problemas com a bebida, ele relata que já passou outras vezes pelo programa, mas que agora irá investir na mudança. “Agora eu vou ficar, fazer um tratamento e não vou sair daqui. Daqui vou pra fazenda”, fala.

Além disso, Pedro declara que o local é muito bom, especialmente nestes dias mais frios. “Na rua com esse frio dificulta mais as coisas. Tem que correr mais atrás das coisas, tem que correr atrás de alimento, de cobertor, uma casa para dormir”, explica.

Segundo o presidente do Recreo, os que precisarem do serviço podem chegar a qualquer momento que serão recebidos. Também é oferecido alimentação e banho quente. Mais informações sobre abrigamento também podem ser obtidas no CREAS, rua João Pessoa, 2204. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 16h30min. O telefone para contato é 3649-1480. Otávio ressalta que aqueles que verem pessoas em situação de rua os encaminhem ao Recreo para se abrigar do frio. Todos os cuidados de prevenção a Covid-19 estão sendo tomados.

Aqueles que
precisarem podem
se encaminhar ao local em qualquer hora do dia ou da noite

Plantão Social é realizado pela Prefeitura
A previsão de chegada da frente fria também colocou a Prefeitura de Montenegro em alerta. Com isso, a Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania retomaram o Plantão Social à noite. Pelo menos 25 famílias foram socorridas nas noites de terça e quarta-feira. Segundo a Assessoria de Comunicação, o Executivo não foi acionado para o encaminhamento de nenhuma pessoa em situação de rua.

O Plantão Social deve se estender até sexta-feira, quando a previsão é de que o frio comece a ceder. De acordo com o secretário Luís Fernando Ferreira, a cada noite há entre dez e 12 pessoas à disposição para atender a demandas urgentes por roupas, cobertores e alimentos. A população poderá acionar o serviço pelo telefone (51) 3632-9133.

Uma das primeiras providências adotadas nesta semana foi o “envelopamento” de três residências que se encontram em condições muito precárias. A ação consiste no fechamento de frestas nas paredes com lonas, para impedir que o vento e o frio atinjam os moradores. “Nossa maior preocupação é sempre com as crianças”, explica o secretário Luís Fernando Ferreira.

Durante as operações, foram entregues ainda 44 cobertores, cerca de 150 peças de roupas, seis cestas básicas do Banco de Alimentos, 48 litros de leite, seis colchões e seis travesseiros. Em virtude da grande procura, este ano motivada por um inverno especialmente rigoroso, a Secretaria já sente a falta de alguns itens para atender as comunidades carentes. As doações podem ser deixadas na sede, no prédio de tijolos situado na altura do Hospital Montenegro, na Apolinário de Moraes.

Luís Fernando explica que a demanda é maior por roupas masculinas, sobretudo calças e abrigos, e peças para o público adolescente, a partir dos 12 anos. Importante ressaltar que o vestuário deve estar limpo e em condições de uso. Já aqueles que puderem auxiliar com alimentos podem deixá-los também nos locais onde ocorre a vacinação contra a Covid-19, como a Estação da Cultura e os postos de saúde. Doações de camas também são bem-vindas.

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