Olimpíadas, investimento e metodologia: um papo com Gustavo Borges

NATAÇÃO. Medalhista olímpico esteve em Montenegro na quinta-feira

Um dos principais atletas da história da natação brasileira, o paulista Gustavo Borges, 46 anos, esteve em Montenegro na última quinta-feira. Medalhista olímpico, ele visitou a Escola de Natação e Hidroginástica Aguazul na parte da tarde e ministrou uma palestra no Clube do Comércio à noite. Em sua passagem pela cidade, Gustavo concedeu uma entrevista exclusiva ao Ibiá.

Sua trajetória nas piscinas serve de inspiração para muitos atletas. Em quatro Jogos Olímpicos, Gustavo Borges conquistou quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes). Além disso, o gigante de 2,03m também brilhou em Jogos Pan-Americanos, com 18 medalhas conquistadas, sendo oito de ouro. “A medalha olímpica de 1992 (prata) teve um impacto muito importante, pelo enredo. São 15, 20 minutos de história. Teve um significado gigantesco por ser no início da minha carreira, minha primeira Olimpíada”, destaca o ex-nadador.

Recentemente, o Brasil se destacou no Pan-Americano de Lima. Entretanto, a competição que deve servir de base para uma análise mais ampla, de acordo com Gustavo, é o Campeonato Mundial de Natação, disputado na Coreia do Sul, em julho deste ano. Projetando os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, o ex-atleta acredita que a natação brasileira tem boas chances de conquistar medalhas no Japão.

“Vejo as maiores possibilidades de medalha nos 50 metros livre, com o Bruno Fratus, e no revezamento 4×100 metros livre. A Ana Marcela, que faz um trabalho espetacular nas águas abertas, também acredito que vai brigar por medalha nos 10 mil metros”, analisa.

Medalhista olímpico (de pé) possui metodologia
focada na educação por meio da natação

Gustavo Borges não enxerga uma grande evolução do Brasil na modalidade em relação aos últimos anos, mas vê os nadadores do país em condições de competir de igual para igual com as principais forças do esporte. “O Pan gera muitas medalhas e dá uma impressão de que estamos muito fortes. Mas a base é o Mundial, esse é o campeonato mais importante. Estamos mantendo um ritmo bom, tivemos bons resultados esse ano, principalmente nas provas de nado livre. Quebramos algumas barreiras”, ressalta.

O medalhista olímpico considera que o país tem um número expressivo de praticantes na natação, que só não é maior devido a dois aspectos: investimento e interesse. “O Brasil tem uma procura muito grande em termos de natação infantil, muito por questão de segurança e aprendizado. A prática da modalidade demanda piscinas aquecidas, e isso é bem mais difícil do que um campo de futebol ou uma quadra. Há ainda o interesse da população. Temos um problema sério no Brasil, que é o quinto país mais sedentário do mundo. As pessoas não praticam atividades físicas”, pontua.
Quando parou de competir, Gustavo desenvolveu um método focado na educação por meio da natação, denominado “Metodologia Gustavo Borges”. O projeto conta com 150 mil alunos e atua em 226 cidades do Brasil. “Atendemos o gestor com ferramentas de gestão, com trabalhos focados para a unidade em questão (escola, clube, academia). Trabalhamos juntos com coordenadores e professores, capacitando e treinando com processos de trabalho que ajudam no ensino-aprendizagem”, explica.

“No cliente final, o desenvolvimento motor é garantido com a questão técnica, o cognitivo e comportamental com ferramentas de trabalho para a gente poder formar bons cidadãos”, acrescenta.

Promovida pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, a palestra do projeto Conexão de Ideias, ministrada por Gustavo Borges na última quinta-feira, teve como plano de fundo o esporte, mas também tratou sobre desenvolvimento pessoal, excelência, conquista e jornada de trabalho.

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