Oficina de Abayomis reverencia a cultura africana

Bonecas. Atividade, alusiva ao Dia da Consciência Negra, foi realizada na sede Associação Floresta Montenegrina

Símbolo de resistência e tradição, as bonecas negras feitas com tecido, as Abayomi, foram tema de oficina ontem à tarde, na Associação Floresta Montenegrina. A ação, que faz alusão ao Dia da Consciência Negra, foi realizada pela oficineira Solange Teresinha de Souza Pereira. As bonecas não levam nenhum tipo de costura, apenas amarras e são parte da história dos negros.

“Elas eram confeccionadas nos navios negreiros, que vinham da África. Era um cenário de degradação, fome, e as mães, com pena dos filhos, com aquela dor no peito, rasgavam tecidos das roupas e com amarras confeccionavam as bonecas”, afirma.

A oficineira Solange Teresinha de Souza Pereira segura suas bonecas. Ao lado, irmã Ruth Regina de Souza

A proposta, que é ministrada inclusive em escolas da região, de acordo com Solange, tem o propósito de contar a história africana, reforçando a valorização da cultura negra. “E é importante para a criança conhecer bem a cultura afro e não ficar com aquela diferença. E essa reflexão se faz desde muito pequeno. Em uma das escolas, a professora pediu que eles recortassem esqueletos e depois perguntou: qual é o branco e qual é o negro, para que eles analisassem que não há diferença. Somos todos humanos”, explica.

E para confeccionar as Abayomi basta criatividade, retalhos de tecido preto e coloridos e tesoura. Não é preciso agulhas, apenas amarras. Olhos atentos às explicações e mãos que trabalhavam em conformidade. As participantes confeccionaram, com liberdade para ousar, seus próprios brinquedos. “Abay significa “algo” e omi, “precioso”. Abayomi. A boneca é símbolo da esperança, do amor, e presenteamos pessoas que gostamos muito, que sentimos admiração”, explica Solange.

De acordo com Letícia Santos, presidente da Associação Floresta Montenegrina, no espaço também ocorreram palestras sobre o Dia da Consciência Negra. “E o trabalho da entidade é mesmo esse, de apoio à comunidade negra, de valorização. Desfazer essa visão do negro atrelada à escravidão. Temos uma grande história e contribuição sociocultural que até pouco tempo se desconhecia completamente. E promovemos isso através da história e cultura”, pontua.

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