Queda na quantidade de vagas se deve à conjuntura econômica do país e às incertezas do campo político
A cada instante, pessoas de diferentes idades verificam, atentas, o mural de informações no prédio da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social/Sistema Nacional de Emprego (FGTAS/SINE), em Montenegro. No quadro, a lista com as oportunidades de emprego é o que importa para as dezenas de desempregados que buscam por um lugar no mercado. Porém, o cenário que encontram na agência é de redução na quantidade de ofertas, o que tem desanimado a população.
Conforme o levantamento feito pela entidade, no primeiro trimestre do ano passado, 2017, foram ofertadas 151 vagas. Já em 2018, durante o mesmo período, apenas 147, uma queda aproximada de 3 %. O agente administrativo do Sine, Nelson Luiz Timm, atribui a redução, embora pequena, ao contexto econômico e político do país, o que o leva a acreditar que a situação pode piorar.
“Todo o empresariado está retraído, seja no comércio ou indústria. Isso se deve ao fato de ser um ano eleitoral. Assim, ninguém sabe quem vai ser o presidente e as políticas adotadas. Outro aspecto é a Copa do Mundo, tudo fica parado. Tudo isso influencia muito nas projeções econômicas do país”, destaca Timm.
Esse cenário desfavorável na economia foi notado por Cícero Menegusso, 34, que passa pelo menos uma vez na semana para verificar as vagas de emprego no mural do Sine. Atualmente, ele trabalha na área industrial, mas busca uma oportunidade para atuar no setor de impressão, já que tem experiência no segmento. “Do ano passado para esse, caiu muito o número de ofertas de trabalho, mas eu acredito que a atuação do governo, pelo excesso de burocracia na contratação, tem contribuído ainda mais para esse contexto”, comenta Menegusso.
Além da economia parada, o agente administrativo do Sine, Nelson Timm, cita outro obstáculo ao preenchimento dessas vagas. “A falta de qualificação, infelizmente, reflete nesse quadro. O público que mais procura a agância é de pessoas de baixa renda e com pouca formação. A maioria com apenas o Ensino Fundamental e sem um curso básico de informática”, explica.
Nessa situação, está a jovem Jéssica Silva, 18, que tem apenas o Ensino Fundamental e ainda não teve chances de realizar um curso na área de informática. Há um ano, ela busca pelo primeiro emprego em qualquer setor, mas afirma que, para os jovens, as oportunidades são ainda mais escassas. “Embora eu não tenha experiência, estou disposta a trabalhar em qualquer área, não é falta de vontade”, relata a jovem, que não perde a esperança de conseguir aquilo que já virou um sonho.
Espera gera até situações de desespero
De acordo com o relato de alguns funcionários do FGTAS/SINE, a falta de emprego e a longa espera por uma oportunidade de trabalho tem gerado desespero por parte de alguns candidatos. Eles já presenciaram até ameaça de suicídio de pessoas que, diante do cenário de recessão, perdem as esperanças de terem uma vida mais digna.
Felizmente, essas situações pontuais nunca se confirmaram, mas deixam os funcionários preocupados. O agente administrativo do Sine, Nelson Luiz Timm, resalta que a agência de Montenegro tem feito de tudo para prestar o melhor atendimento possível à população, porém, para preenchimento das vagas, é necessária uma formação mínima. “Nós entendemos que muitas pessoas não têm condições ou acesso, mas ter o 2º grau e um curso básico de informática é necessário e primordial para conseguir um lugar no mercado”, comenta.