Desenvolvimento. Com verbas, municípios poderão asfaltar diversos trechos, com o de Uricana, que hoje tem duas frentes de trabalho em atividade
A localidade de Uricana é dividida entre os municípios de São José do Sul e Maratá e logo será o elo que unirá as duas cidades por uma rodovia completamente asfaltada. Fazendo parte da Transcitrus, trechos da estrada que ainda são de chão batido já estão sendo substituídos nos dois municípios pela base que dará sustento à pavimentação. Após a conclusão dessas obras, poucos metros ficarão sem a benfeitoria. A boa notícia fica por conta do empenho de verbas por parte do Ministério do Turismo para obras nesse e em outros trechos da rodovia, que liga, pelo interior, oito municípios do Vale do Caí ao Vale do Taquari.
Para Maratá, onde o prefeito Fernando Schrammel já garantiu que o valor empenhado será investido na comunidade de Uricana, foram R$ 975 mil. São José do Sul teve empenhados dois projetos de R$ 500 mil cada, totalizando R$ 1 milhão, que deverão ser usados no asfaltamento em direção a Harmonia. Já para Brochier, o empenho foi de R$ 740 mil para obras entre Linha Pinheiro Machado e Novo Paris. O empenho para Montenegro foi de R$ 1,5 milhão.
A obra que acontece hoje em São José do Sul é orçada em R$ 1.099.010,52, sendo que R$ 742.946,09 são do Estado e R$ 356.064,43 são contrapartida do Município. Ela irá cobrir 1.160 metros de estrada e iniciou em outubro e, segundo a empresa responsável, a Pelotense, seguirá até março de 2018. No trecho de Maratá, estão sendo pavimentados 700 metros, numa obra orçada em R$ 975.336,74 e executada desde setembro pela Construtora Giovanella. A verba é oriunda do Ministério do Turismo.
Para Fernando Schrammel, a ligação asfáltica entre os dois municípios irá aproximá-los. “Vai ser uma obra muito importante para Maratá. Há tempos trabalhamos para desenvolver uma rota turística nesse trecho”, destaca o prefeito. Conforme o chefe do Executivo marataense, a conclusão da rodovia no trecho também irá auxiliar no escoamento da produção, além de dar uma nova opção de rota para cidades de maior porte. Ele observa, porém, que após a conclusão do trecho em obras e com o empenho feito pelo Ministério do Turismo, ainda faltarão cerca de 500 metros para a ligação totalmente pavimentada entre os dois municípios.
Em breve, uma nova frente de trabalho na Transcitrus também deve iniciar em Brochier. Conforme o secretário de Administração e Fazenda, Evandro Carlos Pereira, o Município aguarda apenas a liberação de início da obra por parte da Caixa Econômica Federal para iniciar a pavimentação de um trecho entre Linha Pinheiro Machado e a divisa com Maratá. Para esta obra, o Ministério do Turismo liberou R$ 972.470,97. “A obra já está licitada e a empresa contratada”, reforça o secretário.
Asfaltamento é muito esperado por moradores de Uricana
Morando desde a década de 1980 no trecho de Uricana que pertence a São José do Sul, Delci Inês Nonnemacher, 59 anos, diz que o asfaltamento é esperado há muitos anos. “Era bom ver eles trabalhando”, conta, lembrando de quando podia observar as máquinas no trecho em frente à sua casa. Agora a expectativa é ver a movimentação novamente, desta vez passando a manta asfáltica. “Se ficar pronto, ficaremos muito satisfeitos. Esperamos tanto tempo, esperar mais um pouco não faz mal”, fala ao comentar que o boato na comunidade é que os trabalhadores irão receber alguns dias de folga neste final de ano.
Para a agricultora, a principal vantagem da vinda do asfalto será o fim da poeira dentro de casa. “Isso traz qualidade de vida”, observa.
Quem já sente essa melhora na qualidade de vida é Asta Terezinha Lunkes Ritter, 67, que mora na parte de Maratá da localidade. “A poeira era um tristeza, aqui é um trajeto com muito movimento”, destaca. Hoje ela comemora o fato de poder sair de carro de casa e ir até o centro do município sem ficar com ele totalmente sujo. Faz cerca de dois anos que a pavimentação da Transcitrus foi realizada na frente de sua residência.
Com exceção de alguns anos em que viveu em Porto Alegre, Asta passou toda sua vida em Uricana. Ela lembra que a estrada não passava de um trilho e recorda quando sua mãe pisou num prego e pegou tétano. Para transportá-la até o hospital de Brochier, foi necessário primeiro vencer a estrada de chão batido com uma carreta de bois, onde sua mãe foi deitada atrás. Hoje, com a via pavimentada, a agricultora já observa as melhoras e destaca um fator importante desse sinal de desenvolvimento: a chegada do asfalto ajuda a fazer com que o jovem fique no interior.
Morador de Uricana desde que nasceu, o agricultor aposentado Rudi José Spohr, 61 anos, destaca outro benefício da chegada do asfalto. “A luz eles vão fazer trifásica. É bem melhor”, conta. Recordando que a pavimentação do trecho é um sonho antigo da comunidade, Rudi observa que a nova ponte – feita com três galerias de concreto – nem está concluída e já está melhor que a antiga. Porém, para o agricultor, nem tudo será vantagem. “Movimento sempre tem na estrada e será melhor para o pessoal que trafega, só que é perigoso. O pessoal vem ligeiro”, alerta, com medo dos acidentes.
Benefício para escoar a produção e atrair novos clientes
Não só quem mora na região vê vantagem na chegada do asfalto. A pavimentação também é vista com bons olhos por empresários e produtores da região, uma vez que facilita o transporte do material produzido e oferece mais uma rota para isso. E é justamente nessa tecla que bate o citricultor Sirineu Francisco Zweibrücker, 47 anos. Ele mora na parte de São José do Sul de Uricana. “Quando ocorrer a ligação, serão mais chances de negócio”, observa o produtor, que também trabalha com silvicultura e produção de carvão.
Morando às margens da rodovia, Sirineu observa que todos são beneficiados pela chegada do asfalto. Inclusive, ele já vê uma diferença no movimento na região. A maioria dos motoristas que precisava ir de São José do Sul a Maratá – ou fazer o caminho contrário – preferia fazer o trajeto por Santos Reis, em Montenegro, mas isso já está mudando.
A gerente da Kazan Fábrica de Bolsas, Adriane Marmitt, 47 anos, também entende que a ligação asfáltica trará benefícios para todos. Entre as principais vantagens, ela coloca a possibilidade de atrair novas empresas para a área industrial de Maratá, onde está instalada a empresa na qual ela trabalha, e também facilitar o acesso dos consumidores. “As empresas também estão esperando o asfalto”, comenta, ressaltando que ele irá melhorar a logística da própria Kazan.