A ameaça pode estar escondida em materiais como latas de molho de tomate e até mesmo em espinhos de roseiras
O descarte inadequado de materiais é sinônimo de risco para os trabalhadores da coleta de lixo. Apesar disso não ser nenhuma novidade, ainda tem muita gente que não separa os objetos na hora do descarte. O problema, nesse caso, não fica restrito à questão ambiental, mas avança sobre os perigos aos quais estão sujeitos os garis que recolhem esses produtos.
Para o motorista Paulo Cézar Linberger, de 31 anos, a população precisa ter mais consideração com o trabalho dos coletores. Segundo ele, separar o lixo é uma forma de demonstrar respeito a esses trabalhadores.
Há sete anos, Paulo Cézar atua como condutor de um dos caminhões que realiza a coleta na região central de Montenegro. Antes disso, por dois anos, trabalhou como gari. Ao longo dessa trajetória, ele presenciou inúmeros casos de colegas feridos por objetos que foram largados no lixo comum, sem receber o mínimo cuidado quanto ao seu descarte. Ele próprio possui cicatrizes nas pernas causadas por cacos de vidro em contato com a pele.
Recentemente, um colega teve ferimentos graves no joelho, após ser atingido por restos de um espelho. O material estava solto em um contêiner, na rua Ramiro Barcelos. Paulo conta que o coletor precisou ficar afastado do trabalho por 30 dias e, mesmo recebendo todos os cuidados necessários, acabou ficando com sequelas. “Ele ainda sente muita dor. Qualquer toque no joelho dói muito”, detalha.
O motorista está cansado de ver os companheiros em apuros por conta da falta de consideração de algumas pessoas. “Eles acham que não somos seres humanos”, desabafa Paulo. Ações simples, como armazenar os cacos de vidro, latas e espetos em garrafas pet, caixinhas de leite ou embrulhá-los em jornal ou papelão, contribuem para a segurança dos coletores. Paulo Cézar espera que os cidadãos adquiriam consciência e passem a valorizar a atividade dos garis, trabalho esse que exige esforço e dedicação.
“Parte da população não sabe usar os contêineres”
Paulo Cézar chama a atenção ao fato de que a maioria dos contêineres de Montenegro é utilizada de forma inadequada. Restos de materiais de construção, móveis e até mesmo animais mortos são largados, como se fossem depósitos de entulhos. O descarte de podas de árvores e roseiras também coloca os coletores em risco, devido aos espinhos.
Materiais muitas vezes tidos como inofensivos, como é o caso do palito de dente, se pegos de mau jeito, podem gerar graves ferimentos. Paulo César deixa o apelo para que a comunidade passe a separar o lixo de forma que este não ofereça riscos aos coletores.