Facilidade para a concessão acaba em contratos impensados
Destaque na página policial do Jornal Ibiá na semana passada, o crédito consignado tem seus prós e contras, que precisam ser devidamente pesados. Mas como ele acaba sendo atrativo justamente para quem está com o orçamento apertado, muitos acabam “trocando os pés pelas mãos” ao contratá-los sem analisar bem a adesão. E, além disso, a facilidade do contrato acaba sendo um prato cheio para os golpes.
Foi o que mostrou nossa reportagem da última quarta feira. No Procon municipal, 20 reclamações foram registradas no ano passado envolvendo financeiras e más práticas em relação aos consignados.
Nos casos principais, idosos, cegos, analfabetos e pessoas com renda já comprometidas atraídas pelas ofertas que, no fim das contas, não eram bem o que pareciam. Então vamos para alguns esclarecimentos.
O consignado pode, sim, ser útil
Não é que o crédito consignado seja um vilão. Na verdade, ele pode até ser útil, se contratado com responsabilidade para uma situação emergencial. É um empréstimo com taxas de juros relativamente menores do que os demais do mercado e indicado em emergências como a compra de um medicamento caro ou um conserto de vazamento em casa, por exemplo. Ou seja, imprevistos que não estavam no orçamento.
O atrativo principal da modalidade é que as parcelas, na hora do pagamento, vêm descontadas diretamente do salário ou da aposentadoria da pessoa. Sendo assim, os bancos já têm uma garantia de recebimento, então costumam liberar o valor sem grandes burocracias e de forma bem rápida.
Pode ser uma boa opção, também, para quem tem dívida no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito, que possuem taxas bem mais altas. Aí é inteligente contratar o consignado, que cobra menos por mês, e quitar os débitos que cobram mais.
Quanto a quantias, segundo o Banco Central, o valor das parcelas do consignado não pode comprometer mais do que 35% do salário ou do benefício da aposentadoria ou pensão do contratante. Então, podem ser feitos quantos contratos a pessoa quiser, desde que eles, somados, não passem deste limite.
E para pagar, as instituições financeiras costumam oferecer bons prazos. Em alguns casos, são até 120 meses para quitar a dívida.
Mas é preciso pensar bem primeiro
Com parcelas descontadas diretamente em folha, o crédito consignado não leva em conta nem se a pessoa está com o nome sujo na praça. É mais um atrativo da modalidade, mas também um indicador de alerta: se a pessoa já tem dívidas, é preciso pensar bem antes de comprometer seu salário com o pagamento mensal do consignado. Afinal, ele é útil, mas pode levar ao superendividamento.
O primeiro passo, então, é ver se a parcela contratada vai caber no bolso. É uma conta básica para confirmar se o salário paga todas as contas fixas do mês, mais a nova contratada pelo consignado. E não se pode esquecer que o consignado costuma ser uma dívida de longo prazo, período para o qual o salário seguirá comprometido.
Para quem trabalha em empresa privada, ainda há o risco do desemprego. Como a pessoa não receberá mais salário para o desconto das parcelas, é de praxe que a credora refaça a negociação, já que acaba sendo perdida a garantia do pagamento mensal. Acaba que o empréstimo consignado se torna um empréstimo pessoal comum, aí com outras condições que nem sempre são as mais atrativas.
Fica a dica!
Está com as contas apertadas? Reveja seus gastos, veja o que pode ser cortado, reorganize seu padrão de vida de acordo com o seu orçamento… Depois você pensa em empréstimo.