O que aconteceu com a pele do goleiro Alisson?

Além de goleiro titular da Seleção Brasileira de Futebol, ele é candidato a galã da Copa do Mundo 2018. O craque Alisson Becker, natural de Novo Hamburgo que se destacou no Internacional e atualmente atua na Roma, da Itália, chamou a atenção nos dias que antecederam a abertura da Copa. E não pelo que todos esperavam. É que ao participar de uma entrevista coletiva, ele tinha a pele avermelhada e muito diferente da que normalmente exibe. Muita gente se perguntou o que aconteceu com Alisson. Pedimos o auxílio da dermatologista Daiana Decusati para esclarecer essa dúvida.

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Foto: direita reprodução internet +reprodução/finklerCBF

A especialista destaca que, apenas vendo imagens, sem examinar o jogador, não é possível dar um diagnóstico preciso, mas, é bem possível que se trate de rosácea. E essa é uma doença dermatológica muito frequente em Montenegro por se tratar de algo que acomete mais as pessoas de pele clara – a descendência alemã colabora – e, portanto, merece uma atenção especial. Rosácea é uma doença crônica, que não tem cura, mas pode ser controlada. Ela ainda não foi completamente compreendida através de pesquisas médicas. Fatores como exposição solar, mudanças de temperatura, alimentos picantes, abuso de álcool e estresse agravam os sintomas. As vítimas dessa enfermidade, em geral, apresentam pele sensível.

Normalmente, cerca de 10% da população é afetada pela rosácea. “Acredito que em Montenegro essa porcentagem seja maior, devido ao grande número de pessoas com pele clara, que são os mais acometidos”, destaca Daiana. As mulheres são três vezes mais atingidas que os homens, sendo que a faixa etária dos 30 aos 60 anos é a mais afetada.

A doença se caracteriza por uma vermelhidão na face, que pode até ter certa ardência, telangectasias (vasinhos de sangue) e surtos de inflamação com aparecimento de pápulas e pústulas (que parecem espinhas). “Pode comprometer muito a aparência, causando impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes”, relata Daiana. Por ser uma doença muito prevalente, com graus leves até muito graves, que pode atingir os olhos, não ter cura e, muitas vezes, ser confundida com a acne e assim receber tratamento equivocado, é necessária uma avaliação com o dermatologista para manejar o tratamento. “O tratamento dependerá de cada caso, mas o uso de protetor solar é mandatório em todos os casos”, diz Daiana Decusati. Pode ser tratado, também, com cremes, remédios orais, cirurgias e laser, dependendo do grau de acometimento.

Rosácea tem três graus mais frequentes de acometimento
Rosácea vascular: rosto fica vermelho com facilidade, oferecendo um ar de quem passou blush ou que está “com vergonha”. Com o tempo esse vermelhidão vai aumentando e também apresentam “vasos” próximos as asas do nariz e bochechas.

Rosácea papulopustose: além das características do grau anterior, os pacientes apresentam muitas pápulas e pústulas, que podem ser confundidas com acne.
Rinofima: vermelhidão, aumento de tamanho, dilatação das aberturas foliculares, e aparecimento de tecido fibroso no nariz. Há um aumento das glândulas sebáceas. Esse tipo é mais frequente nos homens.

Acne é diferente de Rosácea e recebe outro tratamento

Daiana Decusati, dermatologista Foto: divulgação

Algumas pessoas viram as fotos de Alisson e acreditaram que o goleiro estaria sofrendo de uma crise de acne. Somente a dermatologista que atender o jogador poderá oferecer um diagnóstico exato. Certo é que, caso seja acne, o tratamento será diferente do de rosácea. Em entrevista recente ao Ibiá Saúde, Daiana Decusati explicou que a acne é um problema sério que afeta, principalmente, os adolescentes, mas que, em alguns casos, se estende ou surge em outros momentos da vida.

A acne é uma doença crônica. Ela costuma atingir mais os adolescentes e jovens, na faixa entre as idades de 12 e 24 anos. Entre os homens, 90% são afetados. Já entre o grupo feminino, a acne atinge 79%. Aproximadamente 3% dos homens e 12% das mulheres continuam a ter a chamada “acne persistente” até a idade de 44 anos. Além da face, regiões como colo ou as costas são as mais afetadas. Daiana explica que os eventos que levam ao desenvolvimento são multifatoriais. “Pode ser apenas pelo uso de algum cosmético oleoso até doenças genéticas”, destaca ela.

Antes de iniciar o tratamento contra acne, será necessário descobrir sua causa para então direcioná-lo. Os tratamentos mais comuns fazem uso de sabonetes específicos, protetor solar, cremes com ácidos, antibióticos tópicos ou orais e, em casos mais graves, o medicamento Isotretinoína. Se o problema for hormonal, uma opção de tratamento são as pílulas anticoncepcionais. E há pílulas específicas para essa função. “Não é qualquer pílula que melhora o quadro. De fato, algumas podem piorar o problema”, salienta Daiana. Devido a inúmeras causas de acne é importante que o paciente consulte com seu médico dermatologista para diagnosticar qual a causa e assim fazer o tratamento correto. O ideal é iniciar o tratamento o mais rápido possível para evitar cicatrizes.

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