Lápis coloridos, livros de mandala e muita criatividade, essa é a rotina da dona Líria Maria Pohren Schmidt, na sua casa em Maratá, desde o último ano. A ideia veio através do filho mais velho, Jonas Rogério Schmidt, que apresentou a arte para a mãe. “Eu falei ‘como que eu vou fazer isso?’, daí ele disse ‘tenta, tudo se aprende’”,
“Eu nunca pensei que ia pintar, mas ele disse que sempre tem uma primeira vez”, explica a senhora, de 87 anos. Com um sorriso no rosto, ela exibe agora os três livros que já coloriu, sendo que um ainda está em andamento. O primeiro livro foi a Terapia para a Alma, seguido pelo Jardim Secreto e agora ela trabalha seus lápis coloridos no Jardim das Mandalas. O filho começou pintando um dos círculos da mandala, para ensinar a mãe, e ela continuou o trabalho.
Dona Líria relembra que na sua época não tinha lápis de cor, por isso a dificuldade em começar a pintar. Antiga funcionária no Colégio Estadual Engenheiro Paulo Chaves, no Centro da cidade, ela nunca tinha dedicado seu tempo para essas atividades. No último mês, Líria também começou a pintar panos de prato com canetas para tecido e já planeja fazer crochês para enfeitar as peças.
Antes, a avó de três netos só se dedicava ao crochê. “Eu estava sentada fazendo crochê e me senti mal, mas não sei o que foi. Daí meu filho achou que foi por isso (crochê)”, comenta. Foi assim que ela deu um tempo nas linhas e foi para os papéis. Os preferidos da avó são os “delicadinhos”, que são os cenários menores para pintar. Ela usa de inspiração os lugares que passa para colorir nos livros. “Eu vejo as coisas e penso: olha lá, vou pintar assim”, conta.
E a novidade até já se espalhou pela casa, sua irmã e a cuidadora já pintam livros também. Silvani Maria Schu, 53, a cuidadora, às vezes pinta junto com Líria quando as duas “não têm nada para fazer”.
O filho, Jonas Rogério Schmidt, químico, diz que o intuito foi criar uma ocupação para os pais. “A alternativa foi procurar coisas para em determinados tempos e situações ocupar o tempo. Para não ficar só na frente da televisão, ou sentado no sofá, tomando chimarrão, sem ter o que fazer. Porque isso é a pior coisa que tem quando você não tem uma ocupação”. Assim, surgiu a iniciativa dos livros para colorir, além disso, a assinatura do Jornal Ibiá também foi uma forma para ocupação. “Para criar o hábito da leitura e pegar algumas notícias”, explica. “Como meu pai tem Parkinson, é mais difícil para ele ficar um tempo no jornal, mas já minha mãe gosta de ler”.
Jonas explica que a mãe é muito ativa, então, adorou a ideia. “É um relaxamento, ela esquece do mundo”. Para inovar, vieram os panos de prato para pintar, além dos caças-palavras, que o pai, Pedro Lorivaldo Schmidt, gosta. O filho notou algumas diferenças após as pinturas começaram. Entre elas, o que mais melhorou foi a autoestima e a concentração de dona Líria. “Para a gente, às vezes, pode ser pouca coisa, mas para eles, é muito”, explica.