Público. Mais duas instituições estaduais de ensino em Montenegro assumem a sua postura de espaço de todos
A escola como patrimônio do cidadão e esse ocupando plenamente suas instalações visando o bem social. Resumidamente, essa é a ideia do governo estadual com o programa Escola Aberta para a Cidadania; que sábado, dia 20, terá o ingresso das instituições José Garibaldi e Guilherme Moojen. Aproveitando o espaço público, antes ocioso aos finais de semana, as próprias comunidades escolares promoverão ações culturais, esportivas, lazer e integração.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental José Garibaldi fica na remota localidade de Porto Garibaldi, distante 26 quilômetros do Centro de Montenegro, margeando a BR-386. A diretora Célia Aparecida Homem Pereira recorda que a instituição já tinha atividade semelhante promovida pelo Governo Federal. No entanto ela foi suspensa, deixando um vácuo ao longo de todo o ano de 2017 e criando em alunos e familiares o anseio pelo retorno das ações.
E o retorno não poderia ser melhor, pois o Escola Aberta do Estado acontece nos sábados e domingos, enquanto o federal era apenas nos sábados. A José Garibaldi, na verdade, já é um destaque ao promover inúmeras atividades integrativas e lúdicas, como a horta, a fabricação de pães e as equipes de futebol de quadra, masculino e feminino. Essa tradição permitiu que a responsabilidade dos finais de semana fosse dividida com a comunidade.
Tanto que os alunos Ketlin Villa Galeano, 15 anos, 9º ano; e Rian Michel Costa Pires, 17, 8ª ano; ministrarão, respectivamente, oficinas de dança gaúcha e de música e dança pop. “Vivemos de olho nas habilidades de cada um”, afirma a diretora, ao lembrar que os voluntários sempre se destacaram por seus talentos. Também os pais estarão na escola. A moradora Juliana Cipriano, por exemplo, será monitora da oficina de artesanato, que inicia voltada às decorações de Natal.
A pracinha de brinquedos, o pátio e a quadra esportiva também estarão abertas à recreação; a não ser enquanto a voluntária Camila Ferreira estiver treinando os times de futebol. “Será bom para eles, que poderão treinar mais”, afirma Célia, referindo-se aos meninos que participam de competição em Nova Santa Rita. Todos entenderam muito bem o objetivo do Escola Aberta, que no caso de Porto Garibaldi suprirá a total ausência de um espaço de laser.
Inclusive a presidente do Círculo de Pais e Mestres, Elisângela da Roza Oliveira, apontou que os cerca de 350 moradores da vila não contam sequer com uma praça. Logo, a escola aberta aos finais de semana servirá como local de encontro, roda de chimarrão e espaço para as crianças correrem livremente. “E se tem atividade aqui eles (os jovens) querem participar”, define Elisângela.
Moojen terá variedade de oficinas
A questão de espaço de convivência comunitário também é a tônica na Escola Estadual de Ensino Fundamental Doutor Jorge Guilherme Moojen. A diretora Simone Nunes assinalou que os bairros Zootecnia e Aeroclube são caracterizados por serem longe do Centro e não disporem de outra estrutura pública. Tanto que há dois anos ela encaminhou o pedido de ingresso no Escola Aberta, atendido apenas neste mês.
“As pessoas não tinham no final de semana sequer um banco embaixo de uma árvore para sentar”, comentou. O Círculo de Pais e Mestres foi consultado, e a diretora defendeu sua visão de que uma escola é um espaço público que deve ser usado pela comunidade. Neste sábado, com representante da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), será feita a abertura oficial durante a Festa das Crianças da Moojen.
A escola precisa oferecer ao menos quatro oficinas, e para evitar que a rotina afaste os participantes a coordenação pretende variar os temas. Para isso os nomes delas são genéricos, abrindo um leque que permita mudar a atividade a cada dois meses. Simone citou a oficina arte e geração de renda; que permitirá ministrar teatro, artesanato e até culinária, seja de forma lúdica, mas também como opção de trabalho.
Neste sentido é que os familiares, ou vizinhos, são esperados nos finais de semana. Outra oficina que deve ser sucesso é a de agroecologia, da qual fará parte o projeto da estufa Geodésica. A cúpula em aço e plástico está sendo montada no pátio em parceria com a empresa de adubo orgânico BioC. “Falta cobrir o domo”, justifica a diretora, ao destacar que sua Escola é a primeira em Montenegro com uma estufa assim.
Agora o desafio da direção é chamar as famílias para se integrarem de fato, participando como expectador ou monitor de uma oficina nova. “Eu acredito no convívio familiar. Propomos que os pais venham tomar um chimarrão, assistir o filho jogando bola ou olhar um filme juntos”, incentiva. O reflexo futuro será cidadãos mais responsáveis – e com carinho – pela escola, ao identificar que aquele prédio é seu.
Escola Aberta para a Cidadania
O Programa Escola Aberta para a Cidadania possibilita a abertura da instituição de ensino à comunidade aos finais de semana, desenvolvendo oficinas planejadas de acordo com as peculiaridades e necessidades das escolas públicas estaduais. As ações têm o objetivo de priorizar o protagonismo juvenil; a integração da escola com as famílias dos alunos e a comunidade; reduzir a evasão escolar e dos índices de violência; e contribuir para o desenvolvimento de uma cultura para a paz.
Participação
Atualmente, a rede estadual conta com 83 Escolas Abertas para a Cidadania, mantidas com Recursos do Governo Estadual, mediante celebração de Termo de Colaboração com os Círculos de Pais e Metres (CPMs). Na região, participam o Colégio Estadual Ivo Bühler, em Montenegro; e Escola Estadual Manoel Fausto Pereira Fortes, em São Sebastião do Caí.
O Colégio Estadual Engenheiro Paulo Chaves, de Maratá, também adere neste sábado.
Horários do Escola Aberta
Sábado e domingo
Das 8h às 12h
Das 14h às 18h