Socorro. Serra Velha tem as piores estradas do interior e a rede elétrica é precária
As fortes chuvas ocorridas há uma semana em Montenegro (dias 11 e 12) pioraram aquilo que já era ruim na localidade de Serra Velha. As estradas estão quase intransitáveis, tomadas por erosões e pedras de todos os tamanhos. Os moradores revelam que há bastante tempo pedem providências da Prefeitura Municipal, sem receber a atenção merecida. Da mesma forma, não têm respaldo para reivindicar o aumento da potência da rede elétrica.
A reportagem esteve na comunidade na sexta-feira passada, após uma quinta-feira de nova intempérie. Além de pontos com barro e crateras cheias de água, as estradas estão estreitas devido ao avanço da vegetação. Alguns metros após a bifurcação na “faixinha” do Itacolomi, a situação se agrava à medida que se avança em direção ao interior. Volmir Ângelo de Moraes, o seu “Vormo”, avisa que, se der mais uma chuva, não passa nem automóvel.
O agricultor de 55 anos acredita que não adianta apenas patrolar e revirar o solo. Volmir alerta que é preciso desobstruir as valetas laterais para permitir o escoamento da água, inclusive das vertentes que descem dos morros. Um dos pontos mais críticos fica há pouco mais de um quilômetro de sua casa, em direção a Brochier, divisa com Batinga. A estrada no chamado “morro da Serra Velha” está intransitável, com pedregulhos no lugar de terra.
A esposa de Vormo, Idenilda da Silva Moraes, 53, aponta outro problema, que é a rede elétrica monofásica. Segundo ela, qualquer vento faz os galhos baterem nos fios, derrubando o abastecimento. Isso ocorre ao menos uma vez por semana. “O que tá faltando na Serra Velha é limpar em baixo da rede”, declarou. Segundo os moradores, a responsabilidade pela poda tem sido um jogo de empurra entre Prefeitura e concessionária RGE Sul.
Rede elétrica fraca impede empreendedorismo
Simone da Silva Moraes, 27, também reclama das quedas constantes na luz. Ela lembra porém que, em alguns casos, foram moradores que plantaram sob a rede que cruza pelas propriedades. Vormo então pondera que basta estabelecer uma multa ao infrator e obrigar a remoção da vegetação. “Mas aqui nós estamos abandonados mesmo”, desabafou. Simone acrescenta que a potência daquela rede não é suficiente sequer para o consumo doméstico. Tanto que, se ligar chuveiro e microondas juntos, acontece queda de força.
O esposo dela, Wagner da Silva, faz outro alerta, e esse diz respeito à economia montenegrina. Ao menos três aviários foram fechados na comunidade devido à rede monofásica, que não permite ligar equipamentos. E Simone revela que o próprio esposo tinha interesse em investir na criação de frangos, mas desistiu devido à falta de estrutura. A comunidade vive da agricultura familiar e do plantio e corte de lenha.
Outros empreendimentos nem podem sonhar em levar o progresso para Serra Velha.
O último problema relatado pelos moradores diz respeito à coleta de lixo. Programada para ocorrer a cada 15 dias, segundo Simone, neste ano foi r0ealizada apenas duas ou três vezes. Na última vez, após mais de um mês sem ver o caminhão passar, o recolhimento ocorreu somente após Simone postar na rede social fotos da lixeiras transbordando.
Prefeitura dá sua versão
O secretário municipal de Viação e Serviços Urbanos (SMVSU), Ricardo Endres, informou que, se o tempo colaborar, em 15 dias a equipe de estradas do interior irá trabalhar na Serra Velha. “É preciso levar em conta as condições do tempo, já que as chuvas têm sido frequentes na região”, observou.
Endres revelou ainda que a Secretaria está com 70% de seu maquinário auxiliando a terraplanagem do terreno de uma nova empresa que está se instalando em Montenegro. Essa terraplanagem deve terminar em cinco dias úteis, dependendo também do clima.
Quanto à ampliação da rede elétrica, a Prefeitura informou que não tem notícias. A reportagem fez contato com a assessoria da RGS Sul, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.