Jiu jitsu. Luciano Pinto perdeu sua irmã na última sexta e voltou a treinar ontem. Ele luta em Florianópolis no sábado
Nunca é fácil perder uma pessoa próxima, principalmente nos primeiros dias. Infelizmente, o professor e lutador da Academia JA Jiu Jitsu, Luciano Pinto, 38 anos, tem passado por momentos complicados, após a perda da sua irmã, Dineia, na última sexta-feira. Faixa preta da modalidade, o atleta busca superar a dor no tatame, e tem contado com o apoio diário dos seus alunos para levantar a cabeça.
Tem sido uma semana bastante difícil para Luciano e seus familiares. No último final de semana, ele lutaria no Brasil Open de Jiu Jitsu Esportivo, em Florianópolis. Com o falecimento de sua irmã mais velha, teve que cancelar a viagem. “Eu estava olhando minha chave de lutas do Brasil Open quando meu pai ligou para dar a notícia. Foi um final de semana muito complicado. Foi uma infelicidade. Não é fácil, mas temos que lidar com tudo na vida”, comenta.
Desde o momento em que soube do ocorrido, o professor tem recebido apoio de todas as formas dos seus alunos, o que considera fundamental para erguer a cabeça e seguir a rotina. “O apoio da galera da academia tem sido muito importante. A JA é muito mais do que uma família. A gurizada esteve o tempo inteiro do meu lado. Isso foi muito bom. Agora é recuperar as energias, tentar se readaptar a rotina e descansar o corpo, pois fiquei 48 horas sem dormir e comer praticamente”, ressalta Luciano.
A irmã do atleta deixou uma filha de 13 anos, que por sinal, é aluna de Luciano na JA Jiu Jitsu. “Minha relação com minha irmã era ótima, fiz de tudo por ela em vida. Ela estava sempre sorrindo, nunca reclamou de nada. A filha dela treina jiu jitsu conosco. Minha irmã não lutava, mas estava sempre na academia conosco, tomava chimarrão e brincava com o pessoal. Ela se dava bem com todos. Foi até em um campeonato comigo”, relembra o professor.
Nesta quarta-feira, Luciano treinou pela primeira vez após o ocorrido. Amanhã, ele viaja com sua esposa e sua filha de apenas dois meses e meio para Florianópolis, onde luta sábado pelo Regional Jiu Jitsu Championship. “Não havia treinado até ontem. Estava louco para treinar, suar. Jiu jitsu é muita troca de energia. No começo da semana eu não conseguia, mas agora estou motivado novamente. Quero vencer para minha irmã, para minha filha, para minha família. Vou fazer o que gosto”, ressalta.
O lutador chegou a pensar em não lutar neste final de semana para ficar perto do seu pai e de sua sobrinha, mas quer vencer a competição para homenageá-los. “Virei um pai para minha sobrinha e para meu próprio pai. Tenho que estar mais presente que antes na vida de ambos. Antes de todas as lutas lembro da minha mãe, que perdi há dez anos. Agora, lembrarei sempre da minha irmã também. Vou lutar por elas. Já ganhei e já perdi esse torneio, mas o deste ano terá um gostinho especial”, completa.