Exemplo. Apesar das dificuldades, a alegria e a disposição de uma criança fazem parte da sua essência
Muitos acompanharam, através do Ibiá, a história da guerreira Natália Tavares. Desde o ano passado diversas matérias e campanhas foram realizadas em prol da menina de apenas 9 anos que tem uma doença neurológica rara, chamada Neurofibromatose (NF1), e já foi submetida a uma série de cirurgias. Mesmo com as idas e vindas aos hospitais, a pequena esbanja sorrisos e carisma, sendo até uma inspiração de vida. Nada mais justo do que nesse dia 12 de outubro, Dia das Crianças, mostrar um pouco do seu lado da história.
Após um ano de tratamento, a sua última intervenção foi realizada em julho, e foi um sucesso. Os prognósticos médicos que indicavam a amputação do membro esquerdo foram revertidos e agora a menina já consegue caminhar sozinha com ajuda de andador. No final do mês de agosto, a Nati, como é chamada mais carinhosamente, retornou à escola e foi até recebida com aplausos pelos colegas.
Natália é muito empenhada e adora estudar. Sua matéria favorita é artes, isso porque inclui a sua brincadeira preferida. “Eu gosto muito de desenhar, é uma das minhas brincadeiras preferidas, eu costumo desenhar nas horas vagas quando eu to entediada. Gosto também de mexer no tablet, assitir vídeo, de jogos, de tudo um pouco”, conta ela.
Como a maior parte das crianças da sua idade, Nati tem uma rotina diária. “Geralmente eu acordo um pouco mais tarde, levanto e vou ao banheiro, tomo meu café e brinco até a hora de almoçar e depois vou pra escola”, conta. Muitos dos seus colegas estudaram no ano anterior na mesma classe, e a menina fica muito feliz por eles terem a ajudado na volta da recuperação.
A rede de suporte
Os principais apoiadores da Nati são a sua família. O carinho transcende visivelmente entre todos. Os pais Daniela e Cláudio Tavares, e a irmã Franciele estão sempre dispostos a ajudar e apoiar a pequena. Segundo a mãe, Daniela, eles ficam um pouco ansiosos com medo de a menina cair, mas que ela se cuida muito bem. “A Nati é uma criança muito feliz, não tem dia ruim, tudo está bom pra ela. Ela se adapta ao tratamento, e ela mesma se cuida. Em resumo, ela é uma criança maravilhosa. Não tem palavras para descrever”, declara a mãe.
O pai, Cláudio Tavares, é um admirador da pequena e se orgulha da sua superação. “A Nati graças a Deus está se saindo muito bem. Ela conseguiu seguir todas as etapas do tratamento e agora está na etapa final. A gente espera que em novembro ela fique liberada para andar sem o auxílio do andador”, planeja.
Para ele, o papel da escola na recuperação é muito importante. “Ela está radiante. A escola está acolhendo muito bem. Ela tem monitora; tem aula de reforço; a Nati está aprendendo”, diz. Outro fator destacado por Cláudio foi a ajuda da comunidade. “Agradecemos muito o apoio e a ajuda de todos. Todos foram essenciais para que isso tudo se tornasse possível”, conclui.
“Meu sonho é tomar banho sozinha”
Mesmo com tantas adversidades Nati encara tudo com muita coragem, até faz brincadeiras. “O meu tratamento é todo em Curitiba, e nós temos que ir de avião. Uma vez a gente inventou de ir de carro, e meu Deus! Acho que naquela viagem a gente pagou os nossos pecados de tão demorado que foi”, brinca. Ela conta que não tem medo de andar de avião e adora sentar do lado da janela pra poder contemplar o céu.
Em uma parte do seu tratamento, Natália teve de passar dois meses internada no hospital, e fez muitas amizades. Em uma das suas cirurgias “sobrou” até para o anestesista que entrou na brincadeira. “Teve uma cirurgia em março que o anestesista me perguntou em que ano que eu tava, eu falei ‘em 2019 ué’”.
Certas atividades são triviais no nosso dia-a-dia, fazemos com uma pressa enorme e nem nos damos conta do quanto isso é importante pra nossa independência. Para Natália são essas ações que fazem parte dos seus sonhos para o futuro. “Está chegando perto de eu realizar o meu grande sonho, que é tomar banho sozinha, porque o meu banho hoje é dado pela minha mãe. Mas, quando eu tomar o meu primeiro banho sozinha, vai ser a minha realização”, diz.
Outro desejo seu é poder correr e brincar com as crianças na sua escola, e a garota já até planejou coisas bem distantes. “Eu já planejei até os nomes dos meus filhos. Quando eu tiver eu quero Rebeca se for menina, e se for menino Rebeco ou Jorge. E quando eu crescer eu quero ser três coisas: veterinária, modelo e vendedora do Boticário”, fala.
Mas sobre o seu presente, Nati conta com naturalidade que o sentimento que não falta em si é alegria. “Eu sou bem feliz, é raro quando eu estou triste. Eu supero rapidinho quando eu fico triste. Um sentimento que não falta em mim é alegria, e o apoio da família ajuda bastante. Mesmo tendo neurofibromatose, raramente eu me queixo de dor, e isso não me abala”, revela.