“Não quis esperar pelo isolamento”, afirma Kadu

Ao deixar a chefia de Gabinete, o vice-prefeito se queixa da influência de um “grupo próximo do prefeito” nas decisões

Falta de confiança e respeito são os motivos principais que levaram o vice-prefeito Carlos Eduardo Müller, o “Kadu”, a deixar o cargo de chefe de Gabinete, que vinha acumulando desde 1º de janeiro. Durante entrevista coletiva na manhã de ontem, ele deixou claro seu descontentamento com a existência de um grupo “próximo ao prefeito” com grande influência nas decisões tomadas em reuniões, para as quais ele não é chamado. “Não quis esperar pelo isolamento, não esperei ter uma mesa pequena ou não ter cadeira para sentar”, afirmou.

A declaração reforça os motivos da sua decisão, assim como a razão para a escolha da sala de reuniões da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo, para a coletiva. “Aqui eu me sinto mais à vontade”, disse ele, momentos antes de iniciar a entrevista, que se prolongou por cerca de 40 minutos.

Em vários momentos, ele mencionou a existência de um grupo de pessoas no governo com grande influência nas decisões tomadas no Palácio Rio Branco. Kadu não quis mencionar nomes, dizendo apenas que são pessoas que integram a Administração Municipal e estão muito próximas ao prefeito Luiz Américo Alves Aldana.

O conflito com esse grupo é o principal motivo do seu afastamento. Kadu falou ao lado do ex-secretário municipal de Obras Públicas, Edar Borges Machado, e lembrou que ambos foram nomeados, por meio de portaria, para realizarem a transição de governo, mas não conseguiram trabalhar.

Kadu disse que marcou uma reunião para tratarem do assunto, na Estação da Cultura, por ser mais tranquilo, mas decidiram mudar para a Prefeitura devido ao calor. Enquanto isso, afirma ele, havia pessoas os procurando por acharem que eles estavam articulando para “derrubar” o prefeito. “Isso é falta de confiança”, acrescenta. Mais recentemente, teria ocorrido situação semelhante porque Kadu se reunia com vereadores fora da Prefeitura e do horário de expediente. “Era para tratar de assuntos de interesse da comunidade e diziam que era para articulação”, afirma o vice-prefeito.

Ao expor sua decisão de deixar o cargo de chefe de Gabinete ao prefeito, Kadu afirma que não apresentou proposta para continuar, nem pediu a retirada de ninguém do grupo mencionado. “Não fui fazer uma troca, fui comunicar a decisão”, declara. O vice-prefeito acrescenta que sempre teve uma “relação respeitosa” com Aldana, mas, ao ser questionado sobre se há confiança mútua, ele respondeu que tem dúvida, “de ambos lados”.

Prefeito: “a vida continua”
Através de um vídeo produzido pela sua Assessoria de Comunicação, o prefeito Luiz Américo Aldana elogiou a integridade e a inteligência de Carlos Eduardo Müller e frisou que ele permanece no governo, como seu vice-prefeito. Ponderou que a saída da chefia de Gabinete é uma decisão pessoal de Kadu. “A vida continua”, disse.

Aldana observou que a sinceridade é uma característica de Kadu e que as divergências são normais na política. Segundo ele, há críticas positivas que “te levam a melhorar” e mencionou que irá apurar. “Penso que as pessoas devam ser sinceras como ele foi”, resume.

Partido segue no governo
Carlos Eduardo Müller permanece como vice-prefeito e poderá, eventualmente, representar Luiz Américo Aldana em alguma ocasião. Kadu acrescenta que o seu partido, o Solidariedade, continua fazendo parte do governo municipal, mas disse que houve exonerações de filiados sem consultá-lo previamente.

Na ocasião, Kadu disse que foi questionado, por whatsapp, se queria saber os nomes que haviam sido exonerados. “Se não me consultaram antes, agora não interessa saber”, respondeu. O vice-prefeito afirma que o partido chegou a ter mais de 20 filiados na Prefeitura, mas hoje são oito, dos quais apenas dois estão à frente de secretarias municipais, na Saúde (Ana Maria Rodrigues) e na de Viação e Serviços Urbanos (Ricardo Endres).

Ele afirma que, se o prefeito Aldana entender que, dentro do partido, há pessoas capacitadas para assumir cargos, o Solidariedade está à disposição. Edar Borges afirmou ainda que metade dos votos conquistados pela majoritária, na eleição de outubro de 2016, são do Solidariedade, por conta da indicação do candidato a vice.

Borges deixou o cargo na Smop a pedido do prefeito
O coronel da reserva da Brigada Militar, Edar Borges Machado, afirmou ontem que deixou a Secretaria Municipal de Obras Públicas, na semana passada, a pedido do prefeito Luiz Américo Alves Aldana. Na ocasião, ele alegou motivos pessoais para pedir a exoneração, mas ontem, durante a coletiva, disse que falou isso para “não criar dificuldades” ao chefe do Executivo.

Borges contou que foi procurado por Aldana, que lhe pediu para deixar o cargo, que essa forma seria melhor, considerando os aspectos políticos e a amizade de ambos. O ex-secretário aceitou, mas afirma que desconhece as razões que levaram o prefeito a querer sua exoneração. Ontem, ele criticou o governo municipal, falando da falta de organização e de consideração na exoneração de pessoas em cargos sem consultar seus superiores.

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