KADU RECLAMA. EGR deixou o projeto na Prefeitura quinta-feira, em uma caixa de papelão envolta em dois sacos de lixo
Depois de várias reuniões e de muita insistência, a Administração Municipal recebeu, nesta quinta-feira à tarde, o projeto elaborado pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para a construção de rótulas no trecho urbano da RSC-287. O que deveria ser motivo de comemoração, no entanto, produziu surpresa e uma boa dose de indignação pela forma como aconteceu a entrega. Os nove volumes, que somam mais de 500 páginas, foram deixados no Palácio Rio Branco dentro de uma caixa de papelão, envolta em dois sacos pretos de lixo.
“É, no mínimo, um desrespeito com a cidade e sua população”, ataca o prefeito Kadu Müller. Ele lembra que Montenegro possui a 19ª economia do Estado e grande parte das riquezas produzidas na região é escoada através da rodovia. Pelos cerca de 7,6 quilômetros que vão do entroncamento com a BR-470 (Posto Shell) até o cruzamento com a ERS-411 (Frigonal) circulam, em média, 2.200 veículos por hora. O levantamento foi realizado pelo grupamento rodoviário da Brigada Militar. Além disso, pelo menos 20 mil pessoas são obrigadas a fazer a travessia da estrada com frequência – quando não todos os dias – colocando suas vidas em risco. “Os números mostram a importância dessas obras e deveriam motivar a EGR e o Estado a tratarem o assunto com maior seriedade e empenho”, acrescenta o chefe do Executivo.
A revolta do prefeito vem temperada por outra informação. Embora a responsabilidade pelas melhorias, orçadas em cerca de R$ 20 milhões, seja do Estado, o governo já anunciou que não tem o dinheiro. O projeto somente sairá do papel se a Prefeitura conseguir o recurso, o que representa um duplo problema.
“Primeiro, o Município também não tem as verbas”, explica Kadu. Até porque a Prefeitura já vem assumindo demandas que competem ao Piratini em áreas como Saúde, Educação e Segurança. E, em segundo lugar, como 2020 é ano de eleições, por força de lei, se tivesse os valores, todo o processo de licitação e as obras teriam de ocorrer ainda no primeiro semestre. “Seria praticamente impossível”, observa o prefeito. Assim, a comunidade terá de conviver com os problemas, no mínimo, até 2021.
A única alternativa, segundo o Executivo, é iniciar a busca de recursos federais, por meio de emendas ao Orçamento da União. Porém, como o valor é alto, será necessário convencer todos os deputados federais gaúchos para a elaboração de uma emenda de bancada. Não é uma tarefa fácil, já que cada parlamentar possui seus redutos eleitorais, para os quais tenta canalizar os recursos de que dispõe.
Quando soube que a EGR não ia assumir as obras, o prefeito chegou a pensar na busca de financiamento para construir as rótulas, pelo menos, nos pontos mais críticos, como os cruzamentos da rodovia com a Ramiro Barcelos e a Coronel Antônio Inácio, na altura do Ipiranga e da Renauto. “O Município tem capacidade de endividamento para uns R$ 3 milhões, mas só a rótula da Ramiro, pelo projeto, vai custar R$ 4,2 milhões”, lamenta Kadu.
EGR explica
A Assessoria de Comunicação da EGR declarou que não houve nenhuma intenção de desrespeitar o prefeito ou a comunidade montenegrina e que a forma de entrega dos documentos teve o objetivo de preservar sua segurança e integridade.
Com relação ao custeio das obras na RSC-287, reforça que a relação com o Município sempre foi transparente e, desde o início, todos sabiam que a empresa não tinha orçamento para a execução das intervenções propostas no projeto.