Bagunça. Consumo de bebidas em torno do posto gera reclamações por causa do barulho e do lixo deixado no local
Esse é o cenário quase todas as manhãs: vidro quebrado, garrafas pet e sacos plásticos espalhados por um dos pontos mais movimentados da rua Buarque de Macedo, no Centro. A indignação dos moradores e funcionários de estabelecimentos próximos é que os jovens, na grande maioria das vezes, compram bebidas alcoólicas no posto Central Park e, como há uma regra interna que proíbe o consume no estabelecimento, vão para a rua beber. Se o barulho provocado pela presença da gurizada já é um problema, a situação fica ainda pior no dia seguinte, quando as pessoas que circulam por lá se deparam com a bagunça nas calçadas e com o lixo espalhado.
Sérgio Domingues, proprietário do Central Park, acredita que não há nada a ser feito e diz que não tem responsabilidade sobre o problema. Ele só vende o produto, que pode ser consumido em qualquer lugar. “O problema é que as pessoas generalizam dizendo que a culpa é nossa porque nós que vendemos as bebidas, mas é um comércio como os outros. Nós, inclusive, fechamos as laterais do nosso espaço depois das 22h e acionamos a Polícia caso a baderna seja muito grande”, ressalta. Para ele, a rua é pública e o pessoal pode fazer a sua festa, desde que de forma civilizada, sem algazarra.
José Carlos Wollmann, proprietário do restaurante Eskina Grill, que fica próximo ao posto de combustíveis e de sua loja de conveniências, acredita que é uma questão cultural. “Há uns anos, se os pais descobrissem que os filhos faziam esse tipo de coisa até altas horas e incomodavam os moradores, era uma vez só, porque não deixavam barato”, recorda.
Para José Carlos, se a gurizada ficasse com sua cervejinha e levasse o lixo embora, tudo bem. “O maior problema é a droga e a prostituição que acontecem por aqui. Até usar portas de residências como mictórios os caras usam”, aponta. A Brigada Militar foi acionada diversas vezes para ajudar a controlar a situação e compareceu ao local, segundo o proprietário, mas não tem efetivo para acabar com essa bagunça diária. “Não faz sentido exigir que eles estejam sempre presentes, diante das infrações bem mais graves que eles precisam combater”, pondera. Wollmann cercou o seu estabelecimento com grades no começo deste mês porque não aguentava mais a situação.
O fotógrafo Douglas da Silva Costa, 37 anos, recorda que, no começo, essa prática era saudável. “As pessoas sentavam em frente ao meu estúdio com as cadeiras de praia, acompanhadas de um chimarrão e pipoca. Eu, inclusive, liberava a internet para que elas pudessem usá-la”, lembra. “Mas parece que tudo em Montenegro tem de decair. Muitos não sabem aproveitar o espaço da melhor e mais civilizada forma”, lamenta.
Na opinião do fotógrafo, o Parque Centenário, por muitos anos, foi o melhor lugar para esses jovens se divertirem. “Mas isso também acabou e agora eles migraram para a frente dos comércios”, sublinha Douglas. “Não vejo problema em sair, conversar, mas é extremamente desnecessário ficar com o som no último volume até às 4h e deixar rastros do que fez na noite passada, como fumar maconha. Já cansei de encontrar”, complementa, indignado.
O proprietário da Vidraçaria Progresso, Luiz Carlos Accadrolli, de 59 anos, explica que o som alto não o atrapalha porque não mora por perto, mas a sujeira que tem de limpar quase todas as manhãs em frente à porta é grande. “Acho que, no mínimo, deveria haver um limite. Sei que é difícil para a Brigada ficar ‘martelando’ sempre no mesmo caso, mas também é uma dificuldade tremenda para nós, que temos de ajeitar tudo”, acrescenta.
Para o aposentado Primo Ferla, de 79 anos, morador da rua Jorge Guilherme Moojen, vizinha da Buarque de Macedo, os carros que circulam na madrugada com som alto realmente são insuportáveis. “Aqui na rua até não tem tanto lixo, mas a música vai das 22h às 4h”, afirma.
O que diz a Brigada Militar
O capitão Luís Henrique Suzin, comandante da 1ª companhia do 5º Batalhão de Polícia Militar, explica que não há lei que proíba o cidadão de estar na rua. “Não tem nenhuma regra que diga que, a partir das 22h, não deve haver circulação de carros com som alto. O ideal é que haja uma conversa civilizada entre as partes e, se o jovem não conseguir se ajustar para não interromper a comodidade dos moradores do local, a Brigada pode ser acionada”, destaca.
Segundo o oficial, o que acontece, muitas vezes, é que um maior de idade compra bebida alcoólica e entregar para um menor. Se a Brigada estiver presente nessa situação, o indivíduo que ainda não tem 18 anos e está consumindo álcool será conduzido à delegacia mais próxima para que, assim, tenha um acompanhamento pelo Conselho Tutelar.
A melhor solução, conforme o capitão, é se divertir de uma forma civilizada em festas de clubes, que já têm seguranças particulares e uma organização avançada. “A gurizada migra de um local para outro. Parque Centenário, Beira do Rio, Buarque de Macedo. O recomendado é que tenha um diálogo antes de a Brigada ser procurada”, conclui.