Municípios já podem participar do programa Aqui tem respeito pelas Mulheres

AÇÃO busca estabelecimentos parceiros para combater a violência contra elas

A luta pelo fim da violência e do desrespeito pelas mulheres conta com um novo aliado. O programa “Aqui tem respeito pelas mulheres” já pode ser adotado por estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e casas noturnas, entre outros, interessados em contribuir para a redução da violência, do assédio e o abuso contra o público feminino. A adesão ao programa pode ocorrer de forma individual ou coletiva e conta com capacitação para proprietários e funcionários desses espaços.

O programa começou na Região Metropolitana de Porto Alegre, no ano passado, porque ela registra um histórico maior de assédio e uso do golpe “Boa Noite Cinderela”, para dopar as mulheres. São Leopoldo foi o primeiro município do Estado a aderir e agora outras cidades também podem manifestar interesse.

Conforme o coordenar do Comitê Gaúcho Eles Por Elas, Edegar Pretto, o alto número de casos de violência contra as mulheres e feminicídios tornam esse tema cada vez mais urgente. No Rio Grande do Sul, 97 mulheres foram assassinadas em 2021, vítimas de feminicídio. Os dados da Secretaria de Segurança Pública também mostram que 2.081 foram estupradas e 17.920 sofreram lesão corporal. Para Pretto, não haverá sociedade justa enquanto houver banalização de qualquer tipo de violência contra as mulheres.
“Queremos através do programa tornar territórios livres de assédio, de qualquer violência e de desrespeito contra as mulheres”, declarou Pretto em entrevista ao programa Estúdio Ibiá, na Rádio Ibiá Web, nessa quarta-feira, 26.

O programa capacita proprietários e funcionários do negócio para que possam lidar com as situações de forma discreta e efetiva. São aulas de sensibilização, promovidas no formato on-line por profissionais da Unilasalle, que orientam sobre como identificar a possível violência e prestar o atendimento correto à mulher que estiver em risco. Com isso, poderão retirar o assediador do ambiente ou até mesmo chamar a Brigada Militar. Os estabelecimentos que aderirem ao programa também recebem uma certificação de que são locais seguros e que respeitam as mulheres, e serão avaliados constantemente.

Edegar Pretto é coordenador do Comitê Gaúcho Eles Por Elas. Foto: divulgação Assembleia Legislativa Gaúcha

Drink do socorro
Nos banheiros femininos dos estabelecimentos cadastrados são afixadas “senhas” para que as vítimas possam de forma discreta pedir socorro aos atendentes. “A mulher que estiver em risco pode pedir o chamado drink do socorro (cada estabelecimento dá um nome a ele), os garçons estarão preparados para identificar que aquele é o sinal de que há importunação e saberão tomar providências”, explica o deputado estadual Edegar Pretto pelo PT.

“A mulher que está sendo vítima de uma violência não pode ser vítima da sociedade, ela tem que continuar tranquila. Quem têm que ser afastado são os homens machistas, homens que ainda não compreenderam que quando a mulher diz não, é não”, defende Edegar. O programa é direcionado a estabelecimentos comerciais, mas pode ser adaptado para qualquer ambiente, como por exemplo, em transportes por aplicativo e até coletivos. “Queremos que isso desencadeie em uma rede de compromisso”, afirma Pretto.

As prefeituras que quiserem aderir ao programa deverão entrar em contato pelo email:  [email protected]. Contudo, a adesão não depende das administrações municipais. Os empresários podem solicitar o cadastro de forma individual. “O formato a gente pode adequar em conjunto com a prefeitura de cada município e o dono do estabelecimento, o importante é evitarmos que mais mulheres continuem sendo ameaçadas dentro de ambientes que devem ser seguros”, acrescenta Edegar.

A vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulhere, de Montenegro, Carliane Pinheiro, a Kaká, relata que o programa estará em pauta na próxima reunião do Comdim. Para ela, o engajamento social é fundamental para alcançar a mudança que se quer. “Todas as políticas públicas, envolvendo os setores e redes de proteção, são de extrema importância. É importante que os municípios se sensibilizem para a adesão a esse programa”, observa Kaká.

Programa já é realidade em São Leopoldo
A prefeitura de São Leopoldo, que foi a primeira a aderir ao programa, já está executando as ações em diversos estabelecimentos com o início da capacitação para funcionários e donos de bares e restaurantes. “Eu sei que muitas pessoas evitam sair de casa porque não têm segurança. Com isso a gente também fortalece o comércio local, divulgando isso e dizendo: aqui tu podes frequentar porque nós estamos te protegendo, cuidando para que não aconteçam situações indesejadas”, diz o prefeito da cidade, Ary Vanazzi (PT), sobre a iniciativa.

Saiba mais sobre a luta pelo fim da violência contra mulheres
Em 2011, Edegar Pretto criou a Frente Parlamentar dos Homens pelo fim da violência contra as Mulheres, e começou a encabeçar uma mobilização estadual para tratar do tema. De lá para cá, foram realizadas ações e campanhas contra o machismo para conscientizar o público masculino. Em 2015, o parlamentar assinou adesão ao Movimento Mundial Eles Por Elas, da ONU Mulheres, e em 2017 lançou e passou a coordenar o Comitê Gaúcho Eles Por Elas, chancelado pela ONU no Brasil. Uma das principais campanhas do Comitê é a da Máscara Roxa, lançada em 2020 durante a pandemia para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica em todo o estado.

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