Mundo se despede do papa emérito
A ligação do papa emérito Bento XVI se estende até Maratá, onde mora Claira Terezinha Ritter Kerber. Muito religiosa, a mulher de 71 anos trocou cartas com o falecido papa. Isso ocorreu em 2007, quando da visita de Ratzinger ao Brasil. A carta de Terezinha foi entregue por intermédio do falecido bispo Dom Cláudio Hummes, quem a moradora de Maratá conhecia desde pequena, uma vez que ambos nasceram e cresceram na mesma comunidade: Batinga, no interior de Brochier.
Na carta, Terezinha lembra que em 1980 já havia enviado, também com ajuda de Hummes, uma carta para João Paulo II. Na época, Karol Wojtyla estava no Brasil e, então com nove anos, o filho de Terezinha mostrou desejo de conhecer o papa. Sem condições financeiras de viajar até onde João Paulo II estaria, a agricultora encaminhou uma carta e, quatro meses depois, obteve retorno.
A carta enviada a Ratzinger conta essa história e destaca a coincidência de o neto de Terezinha estar com nove anos no momento da visita do papa. A fiel também pede uma resposta com bênção para sua família e toda a comunidade marataense. E a resposta veio pouco tempo depois em correspondência do Vaticano dizendo que Bento XVI apreciou a carta recebida e retribuiu os sentimentos de estima, bem como concedeu uma bênção apostólica.
“Recebi ela (a carta) pelos Correios, muito emocionada. Quando eu tive que ir lá assinar (porque a carta era registrada), logo pensei comigo que podia ser uma resposta”, conta Terezinha. A fiel diz que via em Bento XVI um papa humano e que se importava com tudo. “Continuo admirando ele. A gente vai sentir falta”, afirma ela.
Bento XVI foi responsável pela criação da Diocese de Montenegro
O papa emérito Bento XVI faleceu no último dia de 2022, aos 95 anos. Eleito o 265º Papa da Igreja Católica, exercendo o ministério petrino entre 2005 e 2013, Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, no território da diocese de Passau, na Alemanha, em 16 de abril de 1927. Foi ele quem assumiu o papado após o falecimento do papa João Paulo II.
A atuação de Ratzinger como papa foi marcada pela sua renúncia ao cargo – a primeira a ocorrer em quase 600 anos. Antes dele, apenas o papa Gregório XII havia renunciado ao cargo, em 1415. Bento XVI também deixou marcas na região do Vale do Caí. Foi no seu pontificado que a Diocese de Montenegro foi criada.
De acordo com o bispo da Diocese de Montenegro, Dom Carlos Romulo Gonçalves e Silva, isso faz com que a Diocese de Montenegro tenha uma comunhão especial com o ministério petrino de Bento XVI. A criação se deu em 2 de julho de 2008, através da Bula “Pastorali Nostra Navitate”, ou seja, Pela Nossa Atividade Pastoral.
“Na referida Bula lemos: ‘No uso pleno de nossa autoridade apostólica criamos e constituímos a nova Diocese com o nome de Diocese de Montenegro’. Na mesma oportunidade o papa Bento XVI, também com uma Bula Pontifícia, nomeava o nosso primeiro bispo diocesano, Dom Paulo Antônio de Conto”, conta Dom Carlos. “Estes acontecimentos fundacionais nos ligarão para sempre à figura deste amado papa”, reforça.
O velório de Bento XVI iniciou nesta segunda-feira, 2, e seguirá até quinta-feira, dia 5, quando ocorre seu funeral. A cerimônia de funeral será feita pelo papa Francisco, que o sucedeu.