Mulheres que Brilham 2022

Na noite dessa quarta-feira, 25, ocorreu a premiação do Mulheres que Brilham. O Teatro Therezinha Petry Cardona foi tomado de emoção, alegria e gratidão das doze mulheres vencedoras do prêmio. Além de flores e um certificado, cada Mulher que Brilha ganhou de presente um quadro com sua imagem, feito pela Doc Photos, apoiadora e incentivadora do Prêmio. Este ano, as mulheres foram indicadas por setenta lideranças do município. As três mais sugeridas em cada segmento foram à votação popular. O questionário on-line ficou aberto por 14 dias, obtendo 10.232 votos, mais do que o dobro da última edição (4.897). O evento de premiação foi transmitido ao vivo, nas redes sociais do Ibiá.

Josi recebeu a homenagem de Sirlei Alves, do Jornal Ibiá

Josiane Appel: “Às vezes, tem que tirar força e coragem de onde não tem e se virar”
Vencedora da categoria Empreendedorismo, Josiane Appel teve sua trajetória traçada, desde muito cedo, dentro da farmácia que foi local de trabalho da sua mãe. Apesar de ter seguido a profissão, chegou um momento em que decidiu fazer algo diferente. Ela abriu uma franquia da Cacau Show, empreendimento que lhe rendeu a premiação e completa seu décimo aniversário este ano. Josiane conta que o início foi muito desafiador. “Eu sabia que era um produto bom, mas não tinha uma noção tão próxima. Então, ficava com medo se iria dar certo ou não”.

A empresária também recorda que trabalhar com chocolates é muito delicado. Por isso, com o tempo e grande vontade de empreender, se adaptou às adversidades. Da venda de remédios, passou para os chocolates. “Na farmácia, vendemos saúde para as pessoas, o bem-estar, mas o chocolate também é um bem-estar emocional, que traz felicidade”. Ela admite que conciliar a vida pessoal com os negócios é “puxado”, mas a vontade de fazer dar certo é essencial, “Às vezes tem que tirar força e coragem de onde não tem e se virar”, ressalta. “Se tu tem vontade de fazer alguma coisa, tem que correr atrás e nunca deixar que digam que tu não és capaz. Foi isso que eu fiz: queria uma coisa nova e fui atrás dos meus objetivos.”

Prefeito Gustavo Zanatta entregou a distinção à Dra. Dagmar

Dra. Dagmar Kranz: “Ter empatia com as pessoas é fundamental”
Foi no ensino médio que a vencedora da categoria Saúde, Dagmar Kranz, descobriu o desejo de ser médica. Já há 16 anos no serviço público, a Mulher que Brilha relembra que a trajetória não foi fácil, principalmente por ter vindo de família humilde. Com muito empenho, ganhou bolsa de estudos e conseguiu cursar medicina em Porto Alegre. Antes de entrar na faculdade, Dagmar já havia escolhido o ramo da homeopatia, sobretudo por ser uma adoradora das plantas e itens naturais. “Na homeopatia, tratamos o doente, e não a doença”, pontua. Dagmar também cursou medicina quântica.

Ela relembra que concilar a rotina médica com a vida pessoal não é tarefa fácil. “Acordo bem cedo, vou dormir muito tarde, mas se dá um jeito com boa vontade. A gente peleia”, destaca. Para ela, o carinho e acolhimento com seus pacientes é fundamental para todo o processo de tratamento. “Eu gosto muito do que eu faço e faço com o coração. Não consigo me ver fazendo de outra forma. Eu me dedico e não me importo de passar do meu horário para atender mais alguém”, afirma. “Para as outras mulheres, eu diria para serem autênticas, tratarem os outros como gosta de ser tratada e fazer as coisas com dedicação, empenho e se valendo dos valores que recebe de berço.”

Maria Luiza, do Ibiá, entregou o certificado à Aline Paim

Aline Paim: “Temos várias formas de ajudar a mulher que passa por violência”
Há mais de 15 anos atuando em Montenegro, a soldado Aline Paim foi a grande vencedora da categoria Segurança. Ainda com seus 18 anos de idade, Aline foi a Porto Alegre, onde, por coincidência, estava aberto um concurso para Brigada Militar. Ao se inscrever, passou e iniciou o curso na Academia de Polícia da capital. Em Novo Hamburgo, Aline se formou em Direito e após alguns anos de amadurecimento, veio para Montenegro. Na cidade, a soldado tem um trabalho árduo no 5º Batalhão da Polícia Militar. Ela exerce função de chefe da Sessão de Justiça, realiza policiamento ostensivo e tem destaque como coordenadora da Patrulha Maria da Penha.

Aline salienta que o trabalho da Patrulha registra atendimento de mais de 500 mulheres que passaram por violência doméstica e dá ênfase para as prisões preventivas que ocorrem, a fim de garantir a segurança das acompanhadas. A soldado deixa um recado às mulheres que possam estar passando por algum tipo de abuso. “Denuncie. A partir da denúncia, a gente consegue ajudar. A maioria das nossas perdas por feminicídios são de mulheres que nunca tiveram um histórico de registro de ocorrência, mas que familiares sabiam da violência. Hoje temos várias formas de ajudar a mulher que passa por violência, mas ela precisa denunciar”.

Neiva foi homenageada por Caroline Kothe, da Unisc Montenegro

Neiva Susete da Rocha: “Nosso trabalho é garantir o direito do outro”
Após a maioridade, Neiva Susete da Rocha descobriu seu encanto pela Assistência Social, categoria em que foi premiada no Mulheres que Brilham. Ao trabalhar de auxiliar administrativa na Secretaria de Saúde de Montenegro, Neiva passou a acompanhar algumas ações sociais e largou a Pedagogia para mudar de área. Há 32 anos, ela segue na profissão que escolheu. Em Harmonia, ficou apenas três meses, mas que lhe renderam muitos cursos e conhecimentos, até a volta para Montenegro, onde segue junto à Secretaria de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania até os dias atuais.

Neiva destaca que suas maiores lutas foram para garantir os direitos do cidadão. “Nossa luta é diária. Nós não somos assistencialistas, nós somos profissionais. Nosso trabalho é garantir o direito do outro, não fazer. É fazer com que ele seja protagonista da sua história”, destaca. Especializada em terapia de família, Neiva relembra que lidar emocionalmente com os problemas trazidos até ela é uma missão. “Eu entro na história e saio para olhar de fora, se não, eu não consigo ajudar”, diz. Neiva também ajudou a implantar o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) em Montenegro.

Zanza recebeu o certificado do prefeito Gustavo Zanatta

Rosângela Santos: “A música está no meu DNA”
Desde muito cedo, Rosângela Santos, a Zanza, é amante da cultura, categoria em que foi vencedora. Seu primeiro contato com as artes, mais precisamente com a música, sua paixão, foi por volta dos oito anos de idade, quando os irmãos tocavam trompete. Aos 11 anos, a menina ganhou uma bolsa de estudos para flauta doce, em Montenegro. Após, passou a aprender violino. Ela também realizou o curso técnico em música na Fundarte. Anos depois, ingressou na instituição como professora de violino, profissão que segue até os dias atuais. “Não teria feito nada diferente. A música está no meu DNA”, destaca. “Estou dando aula para quem quiser. Nunca é tarde para começar”, diz.

Durante 30 anos, Rosângela tocou na Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, em Porto Alegre. Zanza não apenas rodou o Rio Grande do Sul tocando em orquestras, mas também lecionando música. “Talentos todos temos, a gente só precisa que esta capacidade seja estimulada. Precisa de muita dedicação e várias horas diárias de estudo para que tu te torne um bom músico, e não apenas o talento”, pontua. “O trabalho que tu fazes com amor, dedicação e competência dá frutos.” Rosângela ainda quer pôr em prática um projeto social com a Cufa para oferecer música às famílias atendidas pela Central ainda em junho.

Camila Carolina foi homenageada por Cláudio Ritter, da Doc Photos

Camila de Oliveira: “Cada vez que eu recebo uma crítica é uma mola propulsora”
Com incentivo do pai desde muito nova, Camila Carolina de Oliveira é destaque na categoria Política. A vereadora relembra que, ainda criança, tinha espírito de liderança. Na escola, abordava política em todos os seus trabalhos. Com o pai candidato, ela relembra que mesmo criança, fazia o papel de cabo eleitoral. Também foi por conta de uma doença do pai que Camila entrou na área da Enfermagem. Em uma das palestras da faculdade, a política foi pauta, o que a tocou, fazendo com que se filiasse ao PDT. Em 2016, receosa, se candidatou a vereadora. Faltando apenas 45 dias para a eleição, Camila iniciou sua campanha, que resultou quase 300 votos, sendo a mulher mais votada do partido. “Eu pensei que isso tinha sido um sinal e resolvi continuar”, relembra.

Assim, a campanha não cessou até 2020. “Eu comecei a entender que se eu quisesse realmente entrar no mundo político, eu precisava estar inserida, para poder aparecer e as pessoas saberem o que eu tinha condições de representá-las”, afirma. Na última eleição, Camila fez 647 votos e se elegeu. “Sabemos da carência de mulheres nos segmentos. Elas ainda são perseguidas e discriminadas. Eu mesma, por ter posições firmes, sofro muita perseguição, mas isso não impede que a gente siga sendo firme. Cada vez que eu recebo uma crítica é uma mola propulsora que me leva além”, afirma.

Elizabete recebeu a distinção do empresário Cláudio Ritter, da Doc

Elisabete Gonçalves: “Eu encho a boca para falar que eu sou funcionária pública”
A professora Elisabete Gonçalves relembra que estudou por um grande incentivo dos pais. Ela foi a vencedora na categoria Educação. A educadora conta que optou pelo magistério para dar continuidade aos mestres que sempre admirou. “Nesta arte, ao mesmo tempo que a gente ensina, aprende”, destaca. Elisabete passou 32 anos consecutivos em sala de aula, lecionando em diversas escolas da rede Estadual de Montenegro e também Brochier. “Os alunos agradecem de eu ter sido professora deles e isso é uma coisa muito boa, o maior prêmio que a gente pode receber é este agrado, este carinho”, destaca.

A professora relembra que trabalhou com o Município por contrato, mas que uma das suas maiores dificuldades foi a distância entre o local de trabalho e a instituição. A pé, chegou a caminhar 16 quilômetros para exercer sua função. Elisabete foi a primeira diretora do Colégio Estadual Ivo Buhler, o CIEP, e faz 18 anos que atua como supervisora da rede Municipal. “Eu encho a boca para falar que eu sou funcionária pública. Eu fico muito orgulhosa disso”, salienta. Muito ativa nas causas sociais, Elisabete teve grande engajamento na educação, sempre ligada a pautas indígenas e raciais. “Me emociona muito essa parte das causas sociais. Eu sou uma lutadora e isso, para mim, é uma coisa boa”, diz.

Fernanda Vodzik recebeu a distinção da representante da Unisc, Caroline Kothe

Fernanda Vodzik: “Quero empoderar as mulheres com meu trabalho”
Detentora de diversos títulos de Muay Thai, Fernanda Vodzik foi a vencedora na categoria Esporte. O destaque vai para o Mundial, conquistado em 2017. Fernanda relembra que achava o esporte muito violento, mas curiosa, começou a treinar e se apaixonou. “A atividade física que tu escolher não pode ser um sacrifício. Tem que ser teu momento de lazer. Se meu dia foi cansativo, eu preciso dar um soco ou um chute para relaxar e colocar para fora”, ressalta.

Fernanda foi modelo dos 15 aos 24 anos. De Porto Alegre, a Mulher que Brilha seguiu viajando pelo mundo a trabalho, em países como Itália, Espanha e Estados Unidos. Foi com a descoberta de um câncer de mama que Fernanda se deu conta de que precisaria aproveitar mais sua família e amigos.

Ela destaca que dá aula apenas para mulheres e que o Muai Thay movimenta todo o corpo e auxilia na defesa pessoal. Portanto, o foco não é a competição. “Eu procuro fazer com que as mulheres recuperem a auto-confiança e auto-estima e saibam que elas podem muito mais do que imaginam. Quero conseguir empoderar as mulheres com meu trabalho” Atualmente, cursa Educação Física e Nutrição. “Eu só quero fazer diferença na vida das pessoas. Nunca espero retorno. Eu faço o que faço porque é gratificante para mim”, acrescenta.

Mirene Machado, do Centro Veterinário, homenageou Letícia

Letícia Santos: “Eu cresci em uma atmosfera de empoderamento”
Uma das coisas que Letícia Santos trouxe de família foi a luta pelas causas da cidade, o que a fez ser a vencedora da categoria Liderança Comunitária. Desde muito nova, tinha o desejo de se tornar psicóloga, sonho hoje realizado. “Me disseram que mulheres negras não eram psicólogas”, relembra. A Mulher que Brilha chegou a ser professora por um período. Filha de Roberto Santos, um grande ativista social pela causa dos negros em Montenegro, Letícia tem na veia a luta contra o preconceito racial. “Ele sempre nos incentivou, confiou na gente e dizia que a gente podia. Eu cresci em uma atmosfera de empoderamento”, destaca.

Por isso, há quatro anos é presidente da Associação Cultural Beneficente Floresta Montenegrina. “Ser mulher negra em liderança social exige um pouco mais de garra”, diz. Um dos maiores objetivos de Letícia é documentar a história da cultura afro em Montenegro e no Vale do Caí. Ela também tem destaque no grupo de empreendedoras negras. “É difícil. Tem vezes que dá vontade de sair correndo, mas desistir não. De fugir, mas para voltar. Se eu posso contribuir, eu vou, com qualquer causa. Eu sou daquelas que dá uma moeda, que é só o que eu tenho”, salienta.

Elisandra recebeu a distinção de Caroline Kothe, da Unisc

Elisandra Kehl: “A mulher do campo tem que ter ideia da força que tem”
Com a rotina de vendedora em lojas de Montenegro, Elisandra Kehl nunca havia trabalhado na roça e sequer se imaginou fazendo isso. Seu marido, Everton, sempre trabalhou com citrus, já que é neto do descobridor da bergamota montenegrina. A caminhada rural de Elisandra iniciou quando largou o emprego em vendas para tentar algo novo. Em uma propriedade de 7,5 hectares, a maioria da sua produção é de bergamota montenegrina, mas conta também com Ponkan e Caí. Ainda, mais quatro hectares do vizinho foram arrendados. Ela conta que o marido a ajuda, mas ela quem está à frente da produção, principalmente na colheita. “Eu sou minha própria patroa”, destaca. Ela relembra que os primeiros meses após mudar completamente os rumos de sua vida foram difíceis para adaptação. “Ao invés de comprar um creme que eu gostava, eu tinha que comprar um defensivo agrícola”, ressalta.

Elisandra participa da Associação da Citricultura do Vale do Rio Caí (Acvarc) há três anos, atualmente presidente no segundo mandato. “Não é um desafio simples, porque eu estou à frente de uma coisa que sempre foi ditada por homens. Todos os citricultores que eu conheço são homens. As mulheres muitas vezes não têm voz ativa para falar. Ter essa representatividade em meio às mulheres rurais tem sido emocionante”, acrescenta.

Maria Luiza homenageou Vi Fischer

Vi Fischer: “As pessoas nos procuram para realizar o sonho delas”
Folheando revistas, Vi Fischer começou a se interessar pela decoração, ramo que era pouco explorado na cidade na época. Foi quando decidiu decorar seu próprio casamento. “Depois disso, surgiu aquela paixão, vontade de fazer festas, tirar cursos, procurar sempre mais ideias”, destaca. Sua trajetória de 22 anos na área a levou a ser vencedora na categoria Empresarial. Inicialmente, utilizava o nome Festerê Decorações, após, passando para Vi Eventos. Vi diz que, em seu trabalho, preza muito pelo novo. “Aquela pessoa te procurou para realizar sonho dela, que não é para ser copiado, e sim criado” destaca. “A gente faz sempre com muito carinho. Cada cliente tem uma cara, um jeito, então a festa tem que ser feita para ele”, acrescenta.

Ela conta que durante todos estes anos, a maior dificuldade foi durante a pandemia. Mas, considera a realização do Showroom de Natal, que funciona desde 2020, uma volta por cima. “Eu não parei, porque também trabalho com o Natal, mas tive que fechar minha loja e mandar meus funcionários embora”. A empresária conta que, com a retomada dos eventos, realiza festas todo fim de semana, às vezes, mais de uma. Para as mulheres, Vi deixa um recado. “As mulheres podem tudo, se elas quiserem. O sonho é para ser vivido e realizado. A gente tem que correr atrás”.

Julia Willers, voluntária da Amoga, recebeu a distinção em nome de Luiza

Luiza Kimura: “A questão do abandono é educação e conscientização do povo”
Atual presidente da Amoga, Luiza Kimura relembra que, desde muito nova, ela e os irmãos levavam os gatos que encontravam na rua para casa, o que aflorou seu amor pelos animais. Engajada na causa animal em Montenegro há cerca de 30 anos, ela é a vencedora da categoria Voluntariado. O primeiro recolhimento de Luiza foi de um cachorrinho, em Canoas. A partir daí, nunca mais parou de exercer o trabalho voluntário. Atualmente, ela tem, em casa, 38 cachorros e cinco gatos, muitos disponíveis para adoção, tarefa que não é fácil de conseguir, pois têm algumas particularidades. “Eu tento recuperar os animais, colocar para adoção, mas tem aqueles que ficam muito debilitados e ninguém quer. Por isso eu tenho tantos animais em casa, alguns cegos, sem uma ou duas patas. Tem de todo jeito”, afirma.

Luiza mora em um sítio, justamente para ter mais espaço para os animais resgatados. Sempre disposta a socorrer os animais de rua, ela diz que a missão é desafiadora. “Às vezes eu surto e fico muito nervosa, porque sinto que não estou conseguindo fazer tudo que precisa”, salienta. Para a Mulher que Brilha, “a questão do abandono é educação e conscientização do povo” , juntamente da castração, pauta pela qual ela batalha. A maior busca é por uma política pública constante para destinação de verbas à causa animal.

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