Crime passional. Sem confessar o homicídio de Charles Artur Machado, Eli Camargo da Silva foi presa em flagrante por conta das inúmeras evidências
A briga entre um casal acabou de forma trágica na noite dessa quinta-feira, dia 12, no bairro São Pedro, Grande Timbaúva, em Montenegro. Eli Camargo da Silva, de 41 anos, matou o companheiro Charles Artur dos Santos Machado, de 42, com uma facada no pescoço. O homicídio ocorreu na casa da família na rua Catarina de Andrade, número 351. No momento do crime, dois filhos da vítima, enteados de Eli, estavam na residência. Anderson Tiago Meuer Machado, de 23 anos, e Charles Iago Meurer Machado, de 21, estavam em um dos quartos da casa com a porta fechada quando ouviram uma discussão entre o casal. “Ela gritou te peguei e ouvimos um urro, um barulho de dor”, contou Anderson à reportagem do Jornal Ibiá. Ao chegar na sala, os irmãos encontraram o pai caído de bruços e muito ensanguentado, a madrasta não estava mais lá.Desesperados, os dois prestaram socorro. Enquanto Charles tentava estancar o ferimento com um pano, Anderson ligava para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Mas, quando os socorristas chegaram, Charles Artur já estava sem vida. “Como ele foi degolado não podemos fazer nada, ele morreu nos nossos braços”, lamenta Anderson. Há quatro anos, os dois já haviam perdido a mãe, vítima de meningite.A acusada não confessou o homicídio, mesmo assim, foi presa em flagrante por conta de várias evidências. À Polícia, ela alegou apenas que o companheiro, naquela noite, havia expulsado-a de casa com tapas dizendo que passaria a viver com uma amante. “Tem vizinhos que viram ela sair da casa com uma faca na mão, embora ela não assuma isso”, comenta o delegado plantonista Marcos Eduardo Pepe. Uma das hipóteses é a motivação por ciúme, já que no telefone da vítima havia mensagens trocadas com uma mulher.De acordo com o irmão da vítima Jeferson Apolinário dos Santos Machado, Charles Artur teria lhe confidenciado a vontade de se separar de Eli. Segundo o relato, ela teria dito para ele: “Se tu se separar de mim eu vou te matar”.Jeferson, que mora na casa ao lado de onde ocorreu o assassinato, também diz desconhecer histórico de briga entre o irmão e a cunhada. Já a Polícia informou que o casal estava junto há cerca de dez anos, com algumas separações no período. “Meu irmão era uma cara de bom coração, gostava de cavalo, era um gauchão. Ele nunca fez mal para ninguém e tomou uma facada à traição no pescoço, é uma coisa que não tem explicação”, ressalta.
Autora foi presa na RSC 287
Eli foi presa pela Brigada Militar, já na madrugada dessa sexta-feira, no quilômetro 8 da RSC 287, quando tentava pegar carona. A prisão foi efetuada por soldados do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 5° Batalhão de Polícia Militar (BPM), acionados por meio de informação passada pelo 190.
A faca não estava com ela. Os policiais encontraram apenas, na casa, a bainha do objeto, na qual cabe cerca de 30 centímetros de lâmina. Embora a prisão em flagrante, a 1ª Delegacia de Polícia vai investigar o caso com a finalidade de apurar todas as circunstâncias do ocorrido.
O flagrante foi lavrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e Eli foi levada para a Penitenciária Modulada de Montenegro, na localidade de Pesqueiro.
Vítima era tradicionalista
Tudo parecia normal na noite de sexta-feira na casa dos Machado. O pai e os dois filhos conversaram, brincaram e jantaram. A madrasta, autora do crime, também estava presente. Ela encerrou a vida de Charles Artur dos Santos Machado em sua melhor fase, segundo seu filho Anderson.
Tradicionalista, ele mantinha com o irmão Jeferson a cabanha Os dois Machados. Há dois meses Charles Artur havia conseguido fazer uma cirurgia bariátrica, após cinco anos tentando realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Meu pai estava muito feliz, com a autoestima elevada, disse que iria poder voltar a andar a cavalo”, lembra Anderson.
O filho mais velho da vítima, embora tenha certa desconfiança da eficácia do Poder Judiciário brasileiro, conta com um retorno do Estado. “Espero que ela pague, que seja feita Justiça. Se não for aqui, da Justiça de Deus ela não escapa”, acredita.