Muitas aventuras e descobertas rumo a Ushuaia

Ciclista Paulo Petry, que partiu no fim de dezembro rumo ao sul da Argentina, completa hoje 16 dias pedalando

Às 6h da manhã do dia 26 de dezembro, quando o sol mal tinha raiado, o servidor público Paulo Renato Petry, 51 anos, partia em sua bicicleta numa jornada de dois meses rumo a Ushuaia, na Argentina. O percurso, com um total de 5 mil quilômetros, é relatado diariamente através do blog do ciclista, viagemaushuaiadebicicleta.blogspot.com.br.

Com uma bagagem de 43 kg nas costas, que voltará ainda maior com todos os conhecimentos adquiridos durante a viagem, Paulo achou prudente pedalar pouco mais de 60 km no primeiro dia ‘para o corpo se acostumar ao esforço’, segundo seu relato, aumentado pouco a pouco o ritmo e o esforço.

Entre tempo chuvoso, encontro com pessoas conhecidas e mudança de estratégia incontáveis vezes, de acordo com o ciclista, para se adaptar às circunstâncias do caminho, ontem, 9, a aventura completou 15 dias. Já ocorreram alguns percalços, como problemas mecânicos na bike, mas muitas experiências e descobertas estão sendo acumuladas.

“Desde que saí de Montenegro rumo a Ushuaia, em cima da minha valente Monark, fui enfrentando todos os desafios que a cada dia a estrada me propôs”, relatou Paulo em seu 9° dia de viagem.

Aventuras e mais aventuras na estrada

Com sua valente Monark, o ciclista ficará dois meses longe de casa

Um cachorro que atravessa a faixa correndo e tenta mordê-lo e, ao ser repreendido, não entende uma palavra sequer em português. A descoberta de que o Uruguai, país vizinho, compra casa, carro e até eletrodoméstico em dólar. Uma estrada tão esburacada (rodovia no Uruguai), que dificulta ainda mais cada pedalada e uma raposa (ou guará, segundo Paulo) que sai do meio de arbustos, curiosa com o peregrino que cruza a estrada. “Viajar de bicicleta é assim. Dureza, esforço, calor, mas também conhecer gente, ver lugares diferentes e animais que habitualmente não cruzam pelo nosso caminho. E esse é o tempero que dá gosto a uma cicloviagem; não sei o que acontecerá amanhã, o ontem são apenas recordações registradas em fotos e vídeos. Na estrada, de bicicleta – como na vida -, preciso viver o hoje”, declara o aventureiro.

“Cada dia tem a sua estratégia”, diz Petry
Com um total de 1.101 km percorridos, 981 km sobre a bicicleta e 120 km na travessia fluvial Uruguai-Argentina, no Rio da Prata, a segunda-feira, 8, foi reservada para toda a burocracia que envolve entrar em outro país – pedalando. Também foi o primeiro dia em que uma câmara do pneu de sua bicicleta, o dianteiro, furou e precisou ir para conserto na oficina.

Pela manhã na Colônia do Sacramento, ainda no Uruguai, e às 16h na travessia fluvial até Buenos Aires, o dia também teve muitas aventuras e paisagens belas. “E, com meus binóculos, pude acompanhar toda a movimentação da baía, os grandes cargueiros, pequenos veleiros, os outros ferry-boats passando, me entretive. Na chegada em Buenos Aires, me impressionei com o verdadeiro cemitério de navios que há”, narra.

Finalmente na Argentina, a caminho do Hotel, Paulo vivenciou um grande susto. “Um taxista parou à minha frente e tive que sair da beira da calçada para ele passar. Um ônibus urbano, que vinha a certa distância, simplesmente manteve sua trajetória e me apertou entre ele e o táxi”, conta.

Na tarde de ontem, em breve conversa pelo whatsapp, Paulo relatou que estava pedalando na Route 3, rodovia que o leva de Buenos Aires em direção a Ushuaia nos próximos 3 mil quilômetros de chão. “Coloquei uma meta para essa semana, de chegar em Bahía Blanca, que fica bem ao Sul da Argentina, até talvez por domingo. Após isso, a próxima cidade de referência é Comodoro Rivadavia. Estou enfrentando bastante calor aqui, mas o terreno é plano, o que facilita a pedalada. O azar é que justamente hoje (9) furou um pneu, o oitavo da viagem. Cada dia é um dia, e cada um tem sua estratégia”, termina.

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