Quem assiste pela primeira vez uma aula de Pilates costuma se surpreender. É que com movimentos muito lentos e, aparentemente, simples, são obtidos resultados surpreendentes. O Pilates é um sistema de condicionamento físico que melhora a fluidez do movimento, o tônus muscular, a força e a flexibilidade de todo o corpo. Quem começa, não quer mais parar.
Foi assim com Ângela Maria Marques de Oliveira. Aos 46 anos, ela é uma praticante do Pilates que nem pensa em abandonar as aulas. Porque se lembra das dores que ficaram no passado. Há dois anos ela encara horas semanais de Pilates e vê os resultados irem se construindo aos poucos. “Foi uma recomendação médica. Tinha dores na coluna por problemas de hérnia de disco e outras complicações. Estava sempre com dor”, conta ela.
Mesmo que nem 100% confiante, ela iniciou as aulas. E foi surpreendida. Com exercícios de chão, com bola e equipamentos, ao final dos primeiros 30 dias já viu mudanças. “Eu achei que ia me ajudar e foi bastante rápido”, comemora. A aula, apesar de ser caracterizada pelos movimentos lentos, pode sim exigir muito do corpo. Não se trata, obviamente, de um exercício aeróbico, que leve à exaustão e tem como foco a queima calórica. Mas vai tonificando o corpo e trabalhando os músculos através da repetição de movimentos muito calculados.
No Pilates, força e flexibilidade caminham juntos. Dependendo do exercício, trabalha-se com mais ou menos intensidade. Assim como na musculação, há aumento de carga no Pilates. “É puxado, mas não é cansativo”, resume Ângela. Mas a quantidade de repetições e o ritmo de realização da série é muito diferente. No Pilates, é valorizada a concentração e a respiração envolvida em cada movimento. E não exatamente a força praticada.
Também por isso, é muito importante a presença de um profissional habilitado e que consiga dar atenção aos alunos. Existem aulas de Pilates oferecidas de forma individual e também em grupo. Mas são turmas pequenas e nas quais o profe
ssor sempre está por perto. Até porque o nível dos exercícios vai evoluindo conforme o aluno ganha flexibilidade e força.
E mesmo que essa prática seja importante para a qualidade de vida como um todo, infelizmente, é quando o corpo trava e as dores aparecem que ela é mais lembrada. E isso tem tudo a ver com o inverno, que faz muitas pessoas abandonarem suas atividades físicas, seja pelo frio ou a preguiça. Porém, quem realmente precisa dos benefícios dessa prática, não pode simplesmente deixar de ir às sessões. “Se eu ficar 15 dias sem ir, as dores já voltam.
Não posso abandonar”, conta Ângela. Ela não realiza outras atividades físicas que não o Pilates, por isso, tem nele seu principal auxílio para manter a saúde em dia.
Benefícios são adquiridos conforme o aluno evolui na prática
O Pilates tem a vantagem de ser facilmente adaptado para as capacidades e as limitações físicas de cada um. Por isso, ele é muito praticado por idosos ou pessoas que estão sedentárias por longo período. São exercícios que não oferecem necessariamente muito impacto, mas que evoluem aos poucos.
Os exercícios de baixo impacto e de poucas repetições proporcionam resultados eficazes e com menos desgaste das articulações e dos músculos. Realizados com precisão, os movimentos do método podem ser feitos por pessoas de todas as idades, inclusive as que sofrem de problemas ósseos e musculares ou até de dores crônicas.
Outra função dessa prática é a complementação de um tratamento ou treinamento físico. Pilates pode ser aliado num pós-tratamento de coluna, trabalhando o fortalecimento da musculatura estabilizadora da coluna. Ou complementando a grade de atividade física de um corredor, por exemplo. Um dos objetivos mais importantes do Pilates é o realinhamento postural. Os exercícios, somados ao ganho de força e flexibilidade adquiridas com a prática, implicam diretamente na aquisição de uma boa postura. E por isso também reduzem as dores. Além disso, a modalidade também serve para quem deseja um momento só seu, que deixe o estresse de lado.
Porque fazer Pilates?
Emagrecer é o menos adequado dos motivos, apesar de comumente levar interessados aos estúdios. Porém, ele tem tudo a ver com beleza e bem-estar. É que o Pilates melhora a postura e em muitos casos é ela a responsável por aquela gordura abdominal que teima em não sumir. Além disso, quase que sem perceber, o aluno trabalha sua percepção corporal. O Pilates deve ser praticado por todos os que buscam uma vida mais saudável.
A diferença entre ele e musculação está na forma como os músculos são exigidos. No Pilates, as resistências são feitas com molas ou o peso do próprio corpo.
Outra diferença é que na musculação os movimentos e os exercícios são mais rápidos que o do Pilates, que trabalha com poucas repetições e mais controle dos movimentos. Por isso se ganha tonificação muscular com o Pilates, mas sem grandes hipertrofias, como acontece na musculação.
Contraindicação não existe, apenas alguns cuidados
Por não oferecer grande impacto, via de regra, o Pilates pode ser praticado por todos. Em alguns casos, exercícios e cargas serão adaptados. É o caso, por exemplo, de gestantes. Para elas, existem aulas de Pilates diferenciadas, que podem fazer muito bem para a coluna tão exigida das gestantes. Trabalhos específicos, que visam tratamento de determinado problema, são especialmente acompanhados pelo médico.
Conheça alguns dos benefícios do Pilates
Alongar, tonificar e definir a musculatura;
Melhorar a postura;
Tonificar a musculatura profunda do abdômen;
Trabalhar a percepção do corpo e da mente;
Prevenir e recuperar lesões;
Reduzir o “stress” e aliviar as tensões;
Deixar a coluna mais forte e flexível;
Aumentar a coordenação e o equilíbrio;
Corrigir sobrecargas e alinhar os músculos;
Melhorar a mobilidade e a agilidade;
Complementar o treino esportivo.
A história do Pilates
O Pilates tem esse nome em homenagem a Joseph Hubertus Pilates, criador da técnica. Ele nasceu em 1880, na Alemanha. Na infância, sua saúde foi frágil, sofreu de asma, bronquite, raquitismo e febre reumática. Devido a isso, tornou-se autodidata em conhecimentos de anatomia, física, biologia, fisiologia e medicina tradicional chinesa. O método criado por ele recebeu influências da yoga, artes marciais e até mesmo de um estudo do movimento dos animais.
Em 1912, aos 32 anos de idade, Joseph Pilates ensinou seu corpo a executar movimentos de boxe no local onde trabalhava. Ele também atuou como instrutor de defesa pessoal da polícia civil inglesa e artista de circo.
Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial (1914), Pilates foi recluso no campo de concentração de Lancaster. Todos os componentes de sua trupe circense foram confinados em um campo de prisioneiros. Nesse período, ele atuou como enfermeiro e desenvolveu exercícios para manter a si e aos companheiros saudáveis. Usou as camas hospitalares e outros artefatos (cintos, lastros e molas) para fortalecer enfermos que ainda permaneciam deitados nas camas, onde iniciou o desenvolvimento dos primeiros protótipos dos aparelhos hoje conhecidos.
Finalizada a guerra, retornou à Alemanha, onde continuou a desenvolver seu método, em primeiro lugar chamou atenção dos membros do mundo da dança, Rudolf Von Laban, que incorporou princípios de Pilates à sua técnica corporal. Mas, ao ser convocado pelo governo Guilherme II (rei da Prússia) para treinar a força policial da cidade de Hamburgo, Pilates resolveu imigrar para os Estados Unidos.
Nos anos 60, estudiosos de Pilates abriram seus próprios estúdios, colaborando para a divulgação de seus benefícios. Joseph Pilates faleceu, em 1967, com 87 anos, em consequência de um incêndio na sua academia. Na tentativa de salvar seus equipamentos, inalou uma quantidade excessiva de gases tóxicos.
Fonte: Associação Brasileira de Pilates
