Conflito. Profissionais do transporte individual por aplicativo estão com medo em continuar prestando seus serviços
A chegada do serviço da Uber a Montenegro nos últimos dias, com a ampliação dos veículos em funcionamento, desencadeia os mesmos conflitos registrados em outras cidades do Estado, como, por exemplo, Porto Alegre e Caxias do Sul. Ameaças, disparos de armas de fogo e conflitos registrados em Boletins de Ocorrência na Polícia Civil começaram a se tornar rotina nos últimos dias. Com medo, quem trabalha com o serviço de transporte de passageiros pelo aplicativo não quer aparecer.
A certeza deles é que os responsáveis são taxistas, especialmente motoristas que trabalham num ponto que recebe muita gente de fora, já que as ameaças não são veladas e feitas por chamadas de corridas pedidas pelos próprios autores. Na sexta-feira à noite, um motorista da Uber por pouco não teve o carro atingido por uma garrafa de cerveja jogada por um taxista, que pediu uma corrida no local conhecido como Saco Triste, na Timbaúva.
“Quando vi, ao chegar ao destino, quem pediu era um motorista de táxi e tinha o carro parado ao lado. Não parei e acelerei. Por sorte, o vidro da frente não foi atingido”, coloca o motorista, de 42 anos, que desde então não trabalha mais na cidade. Agora ele só faz corridas em Novo Hamburgo, enquanto a poeira não baixa.
“Tenho medo, a gente não sabe o que eles aprontarão. Se acalmarem as coisas, volto a trabalhar aqui. Imagina tomar um prejuízo aqui, sem contar a minha vida”, reforça o condutor. Um dos efeitos práticos da briga de taxistas e a Uber é a redução da oferta do serviço. Um dos idealizadores da Uber na cidade garante que tirou das ruas os seis carros que havia colocado à disposição da comunidade, pelo temor de que algo pior ocorresse.
O profissional lembra que, a partir do momento em que os moradores começaram a tomar conhecimento de que a Uber estava funcionando na cidade, os pedidos de corrida por smartphones aumentaram em 100% , tendo como público preferencial os jovens. Agora teme por uma imagem negativa, tipo propaganda enganosa, já que há menos carros trabalhando para a multinacional norte-americana.
“Pararam na frente da minha casa e me ameaçaram, dizendo que era para parar. E deram três tiros pra cima”, recorda o proprietário dos veículos. Ele garante que defende a regulamentação do serviço em Montenegro. O profissional lamenta a situação, inclusive jamais imaginava que tal fato ocorreria por aqui, já que diz ser uma pessoa conhecida, tendo relação de amizade com muitos taxistas. Aliás, faz questão de inocentar a classe como um todo, dizendo que os problemas envolvem taxistas de apenas um ponto.