Mortes em acidentes subiram 600% na região

Por que aumentaram tanto os acidentes de trânsito neste começo de ano?

Nas redes sociais, uma das perguntas mais frequentes nos últimos dias é por que estão acontecendo tantos acidentes de trânsito. As colisões ocorrem tanto em rodovias como nas ruas do perímetro urbano de Montenegro e região, e têm causado mortes, além de pessoas feridas e danos materiais.

No último final de semana, dois jovens, de 19 e 20 anos, que conduziam motos, morreram em Montenegro (beira do Rio) e divisa com Pareci Novo (ERS-124). E na segunda-feira, uma motorista faleceu na colisão de seu carro com um caminhão em Capela de Santana (ERS 240). Desde o mês passado, em três acidentes fatais, motoristas envolvidos fugiram sem prestar socorro.

Mais fiscalização
A reportagem buscou contato com comandantes da Brigada Militar (BM) e da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), além de delegado de Polícia, para descobrir o que estaria causando a elevação do número de acidentes, se houve também aumento nas infrações de trânsito e como está a fiscalização. Além disso, como estão as investigações para identificar e indiciar os motoristas envolvidos nos casos de fuga e omissão de socorro, e quais penalidades devem responder.

Atual comandante do Comando Rodoviário Estadual e que também esteve no comando da Brigada Militar em Montenegro e no Vale do Caí, o tenente-coronel Rogério Pereira Martins diz que está sendo intensificada a fiscalização nas rodovias da região, visando coibir infrações. Ele cita que estão sendo realizadas operações de controle de velocidade, ultrapassagens indevidas e embriaguez ao volante, especialmente em finais de semana e quando ocorrem eventos, através de reforço no efetivo de serviço. Diz ainda que houve aumento nos acidentes fatais na ERS-124, com três óbitos neste ano.

Já o comandante regional da Brigada Militar no Vale do Caí, tenente-coronel Paulo Rogério dos Santos Alberti, destaca que a imprudência, negligência e a imperícia são os fatores que mais contribuem para os acidentes. “Sempre podemos aumentar a fiscalização. É uma questão de prioridade”, considera. Lembra, por exemplo, o aproveitamento de alunos-soldados, em estágio, no trabalho de fiscalização.

Neste mês de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado, o tenente-coronel Alberti diz que houve um acréscimo nos acidentes fatais, aumentando de 1 para 3 na área do 5º BPM, com sede em Montenegro. Cita ainda que no primeiro quadrimestre de 2022, na área do CRPO Vale do Caí, ocorreram duas mortes em acidentes, e neste ano foram 12. “É um aumento grande, de 600%, o que realmente causa preocupação”, alerta, sobre os números dos quatro primeiros meses deste ano. Além disso, chama à atenção que dos 12 acidentes fatais de 2023, em 8 tiveram motos envolvidas.

Quanto às ocorrências apenas com danos materiais, que não tiveram pessoas feridas, o número diminuiu na região, de 76 em abril de 2022, para 49 neste ano, o que significa uma redução de 35%. Diminuiu também o número de acidentes com lesões, de 29 para 17 no mesmo período, caindo em 93%.

Com relação às multas aplicadas na região, foram 1.114 autuações de trânsito nos primeiros meses do ano passado e 979 neste ano. Destas, 17 por embriaguez ao volante e 48 recusaram em fazer o teste em 2022, enquanto no primeiro quadrimestre deste ano foram 16 e 39 recusas.  

O delegado regional de Polícia, Marcelo Farias Pereira, reforça que a questão dos acidentes tem preocupado bastante. “Os inquéritos estão sendo priorizados”, diz, sobre as investigações. Salienta que os motoristas que fugiram dos locais dos acidentes deverão ser responsabilizados. E com relação às causas da maioria dos acidentes, cita principalmente o excesso de velocidade, uso de celular na direção e desatenção.

Fuga e omissão de socorro
Entre março e abril aconteceram três acidentes fatais que motoristas envolvidos fugiram do local sem prestar socorro para as vítimas. Um deles foi na madrugada de 18 de março, quando Marcelo dos Santos de Vargas, o “Alemão”, de 26 anos, voltava de bicicleta para casa e foi atingido por um veículo na altura do quilômetro 5 da RSC-287, junto ao cruzamento com a Rua Juvenal Alves de Oliveira, no acesso à Vila Esperança (bairro Senai). O motorista de uma camionete GM S10 fugiu. Marcelo morreu na hora e o condutor do veículo ainda não foi identificado.

No último sábado, dia 22, familiares e amigos da vítima voltaram a realizar manifestação no local do acidente, pedindo por justiça. A Polícia analisou imagens de câmeras e busca informações, mas ainda não se tem a identidade e a camionete também não foi localizada. Quem tiver alguma informação, mesmo de maneira anônima, pode ligar para os telefones 197 ou 3632 1111.
Cinco dias depois da morte de Marcelo, em 23 de março, outro atropelamento com fuga e omissão de socorro aconteceu na Estrada Getúlio Vargas, da localidade de Alfama. Pedro Oliveira da Silva, conhecido como “Pedro Bonofre”, de 81 anos, faleceu quando caminhava perto de sua casa. O automóvel Citroen C3, de cor prata, foi encontrado abandonado três dias depois, em meio ao mato da Estrada Antônio Ignácio de Oliveira Filho, do bairro Zootecnia, com o para-brisa trincado e o capô amassado. Conforme a polícia, o motorista foi identificado e o inquérito encaminhado à Justiça.

O terceiro caso ocorreu na tarde do último domingo, no KM 15 da ERS-124, junto à ponte sobre o arroio Maratá, na divisa entre Montenegro e Pareci Novo. Um casal que estava de moto pela rodovia foi atingido por um automóvel Gol, com placas de Montenegro, que teria saído de uma estrada de chão. O condutor da moto, Estevão Werle, de 19 anos, morador do Pareci, morreu no local. A namorada, de 18 anos, que estava na carona, foi removida ao Hospital de Novo Hamburgo, onde mora. Conforme a PRE, o Gol parou cerca de 120 metros adiante da colisão e o motorista deixou o local. De acordo com a Polícia, ele se apresentou ontem, sexta-feira, na Delegacia de Polícia de Pareci Novo, quando depôs.

Nos três casos, os motoristas devem responder processo por homicídio de trânsito, com os agravantes de fuga do local do acidente e omissão de socorro.

Mortes nas rodovias e zona urbana
Em alguns trechos de rodovias de Montenegro, os acidentes diminuíram. É o caso da RSC-287, entre os bairros Santo Antônio e Panorama. Desde a inauguração das rótulas e vias laterais, no início deste ano, praticamente cessaram os acidentes num dos pontos mais críticos da rodovia, em que as colisões eram praticamente diárias e deixaram várias pessoas feridas, além de causar mortes. Ainda falta iluminação e passarelas, principalmente no trecho da Panorama, mas a obra já surtiu bom efeito.
A maior preocupação tem sido no trecho entre os bairros Cinco de Maio e Senai. Além da morte de Marcelo de Vargas, outro acidente que resultou em falecimento no trecho aconteceu em 24 de março. Nilde Gomes dos Santos Pletsch, de 57 anos, faleceu após ser atropelada por uma moto. E na última quarta-feira uma colisão entre dois automóveis, no acesso a um posto de combustíveis, deixou uma motorista ferida.

Já na ERS-240, em Capela de Santana, perto das pontes da divisa com Montenegro, na manhã da última segunda-feira, 24, a motorista de um automóvel Ford Fiesta, Dulce Liesenfeld Winter, de 86 anos, morreu na colisão contra a traseira de um caminhão. Moradora de Portão, a idosa era natural de Pareci Novo, onde foi sepultada.

No perímetro urbano de Montenegro também tem ocorrido graves acidentes, inclusive com mortes. Um dos mais graves aconteceu em 1º de abril, um sábado, na Avenida Júlio Renner, a Via II do bairro Timbaúva, na esquina com as ruas Amauri Daudt Lampert (rua do Fórum) e Barcelona. Um casal, que estava num automóvel Citroen Aircross, morreu no local e uma passageira ficou ferida, assim como o condutor do outro carro, um Volkswagen Polo. As vítimas fatais, Antônio Israel Machado Borges, de 75 anos, e Jochebed de Alencar Borges, de 73 anos, que tinham vindo visitar um filho, residiam em Porto Alegre. E no início da noite de sábado passado, dia 22, um jovem de 20 anos, Yuri Fernandes Dietzmann, morreu na colisão de sua moto com um poste. O acidente foi na Rua Coronel Álvaro de Moraes, da beira do rio.

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