Mortes de grávidas e puérperas por Covid-19 dobram em 2021 no País

Uma em cada cinco internadas com coronavírus não tiveram acesso a UTIs

O número de mortes de gestantes e mães de recém nascido por Covid-19 mais do que dobrou este ano em relação à média de 2020. Em 2020, foram registradas 453 mortes (10,5 óbitos na média semanal). Em 2021, até 7 de abril, foram 289 mortes (22,2 óbitos na média semanal). Os dados são do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19).
O levantamento aponta que a principal causa é a falta de acesso das mulheres aos tratamentos adequados para o coronavírus. Ainda segundo o Observatório, uma em cada cinco gestantes e puérperas internadas com coronavírus não tiveram acesso a unidades de terapia intensiva (UTIs) e cerca de 34% não foram intubadas.

A média semanal de mortes entre o grupo também é maior em comparação a população em geral. Enquanto a população em geral houve um aumento de 61,6% na taxa de morte semanal em 2021 na comparação com 2020, entre as gestantes e puérperas o aumento foi de 145,4%.

A professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e uma das criadoras do observatório, a médica Rossana Francisco avalia que o País precisa de políticas públicas direcionadas para a população de gestantes e puérperas para conseguir reduzir sua mortalidade. “Quando olhamos a situação da gestante e da puérpera, já temos uma rede de saúde que não é muito organizada para atenção a casos graves para este público, tanto que [o Brasil] tem uma razão de morte materna de 55 [mortes por 100 mil nascidos vivos], deixando claro que realmente temos uma dificuldade na atenção para a saúde da mulher, especialmente gestante e puérpera”, disse a médica.

A falta de acesso aos tratamentos da doença, como internação em unidades de terapia intensiva (UTIs) e intubação, foram apontados como alguns dos gargalos no atendimento a esse grupo. Os dados do observatório mostram que uma em cada cinco gestantes e puérperas mortas por covid-19 (23,2%) não chegaram a ser admitidas em UTIs e, em um terço das mortes (33,6%), elas não foram intubadas. Segundo a médica, para diminuir as mortes é preciso haver ações com o objetivo tanto de prevenção da Covid-19 neste grupo específico como para melhorar a rede de atendimento.

Nova recomendação do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde passou a recomendar que mulheres grávidas que tenham comorbidades (doenças prévias) recebam a vacinação da Covid-19. A recomendação conta em novas orientações da pasta publicadas no dia 15 de março.

Na nova diretriz estão listadas as doenças: diabetes, hipertensão arterial crônica, obesidade (IMC maior ou igual a 30), doença cardiovascular, asma brônquica, imunossuprimidas, transplantadas, doenças renais crônicas e doenças autoimunes.
Além disso, é importante que essas mulheres – assim como toda a população – façam isolamento social, usem máscara e álcool gel. Através desses cuidados de prevenção as chances de se infectar com o vírus é muito mais baixa, segundo o Ministério da Saúde.

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